Editorial

O Brasil precisa de uma imprensa revolucionária de grande alcance

O instrumento mais importante da luta revolucionária é o trabalho de agitação e propaganda, do qual um jornal é sempre o centro

A imprensa, em todo o mundo, está em um momento de transição, graças à revolução da Internet. Alguns jornais fecharam, outros diminuíram sua tiragem.

No Brasil, esse efeito é particularmente sentido. As bancas de jornal estão fechando, o que poderia causar a impressão de que se trata de a um fenômeno mundial, mas não é fato. Trata-se de um fenômeno tipicamente brasileiro, porque o nível de leitura de jornais no Brasil sempre foi muito baixo. Outros países, no entanto, mantêm a imprensa impressa, que se posiciona ao lado dessa nova modalidade, que é o jornalismo digital.

Esse problema, no entanto, afetou profundamente a esquerda brasileira como um todo. A esquerda nacional sempre teve muita dificuldade de levar adiante um empreendimento de imprensa, particularmente a esquerda pequeno-burguesa. Isto fica claro no caso do Partido dos Trabalhadores (PT), que já tem quase 50 anos de idade e nunca teve um jornal impresso, nem mesmo quando o acesso à Internet era uma raridade.

Essa situação contrasta com a tradição de partidos ligados ao movimento operário. Afinal, não se pode depender da imprensa capitalista, que é uma arma contra os trabalhadores. No entanto, o PT sempre alimentou a ilusão de que a imprensa capitalista também serviria aos seus objetivos. No golpe de 2016, que o PT ficou completamente desamparado quando a imprensa se cartelizou para derrubar o governo democraticamente eleito de Dilma Rousseff.

Dentro da chamada extrema esquerda, à exceção do Partido da Causa Operária (PCO), a situação é muito parecida. Alguns grupos mantém um jornalismo impresso, mas são poucos. De modo geral, a internet acabou por liquidar o que sempre foi uma atividade muito pouco expressiva da esquerda.

A comunicação é um empreendimento de grandes proporções. No entanto, é preciso superar essas dificuldades. O instrumento mais importante da luta revolucionária é o trabalho de agitação e propaganda, do qual um jornal é sempre o centro. Sem uma imprensa forte, de longo alcance, não é possível preparar os trabalhadores para a batalha contra seus inimigos.

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