Driss Mrani

Fundador e presidente do Movimento Progressista Marroquino, que visa promover princípios progressistas no Marrocos derrubando a monarquia totalitária que serve ao imperialismo e, então, estabelecer uma república democrática na qual todos os segmentos do povo marroquino participem sem descriminação

Coluna

Os centros de detenção secretos em Marrocos

"Grupo de centros de detenção secretos eram usados ​​para deter e torturar opositores políticos e ativistas de direitos humanos"

Nas últimas décadas, especialmente durante o período conhecido como Anos de Chumbo (1956-1999), o Marrocos testemunhou a existência de um grupo de centros de detenção secretos que eram usados ​​para deter e torturar opositores políticos e ativistas de direitos humanos. Esses centros de detenção eram um símbolo de opressão e violações dos direitos humanos e, mais tarde, tornaram-se parte da memória coletiva dos marroquinos depois que alguns de seus detalhes foram revelados em relatórios oficiais e depoimentos de sobreviventes.

O contexto histórico do surgimento dos centros de detenção secretos

Depois que o Marrocos conquistou a independência formal da França em 1956, o país entrou em um período de intenso conflito político entre o regime dominante e a oposição, especialmente a de esquerda.
Nesse contexto, as autoridades recorreram a meios repressivos para enfrentar os opositores, incluindo prisões arbitrárias, tortura e desaparecimento forçado.

As prisões secretas mais importantes do Marrocos

Tazmamart

A prisão de Tazmamart é uma das prisões secretas mais famosas do Marrocos. Foi estabelecida após a tentativa de golpe de Skhirat em 1971. Esta prisão era um lugar para deter oficiais envolvidos na tentativa de golpe, onde alguns deles passaram mais de 18 anos em condições severas, dentro de celas estreitas e completamente isolados do mundo exterior. Não houve comunicação com as famílias e não houve julgamentos justos para os detidos.

Dar Al-Maqri e Dar Brisha:

Essas duas prisões estavam entre os centros secretos usados ​​para torturar presos políticos, especialmente nas décadas de 1960 e 1970. Eles eram famosos por suas duras condições de detenção, onde os detidos eram submetidos a várias formas de tortura psicológica e física.

Castelo de M’Gouna e Akdez:

Outros centros de detenção, como Kalaat M’Gouna e Akdez, tinham como objetivo deter opositores do regime, especialmente aqueles pertencentes a movimentos de esquerda ou ativistas de direitos humanos. Esses centros de detenção eram caracterizados por métodos brutais de tortura, como choque elétrico, isolamento completo e fome.

Revelando a verdade: justiça e reconciliação

Com a chegada do Rei Mohammed VI ao poder em 1999, ele começou a promover que o Marrocos entraria em uma nova fase de abertura, e a partir disso a Comissão de Equidade e Reconciliação foi criada em 2004 para investigar as violações ocorridas durante os Anos de Chumbo. A existência desses centros de detenção foi oficialmente reconhecida, algumas vítimas ou suas famílias foram indenizadas e alguns desses centros de detenção foram transformados em centros de memória histórica, como o centro de detenção de Akdez.

Lições aprendidas e memória coletiva

Reconhecer a existência desses campos e documentar os testemunhos de seus sobreviventes é um passo importante na história do Marrocos moderno. Apesar das feridas profundas, confrontar o passado com transparência contribui para construir um futuro mais respeitoso dos direitos humanos. No entanto, o regime de Mohammed VI ainda é acusado de envolvimento em casos de tortura, casos de fabricação de acusações contra opositores e casos de prisões forçadas.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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