O Comitê de Política Monetária (COPOM) elevou a taxa Selic em 1% – o que significa uma taxa anual de 13,25% ao ano -, na reunião do último dia 29.
Foi a primeira reunião após posse de Gabriel Galípolo na presidência do Banco Central (BC) – e como consequência, do COPOM -, indicado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Como Lula também trocou outros membros do COPOM, foi a primeira reunião em que os indicados pelo atual governo eram maioria. Muitos disseram, meses atrás, que seria o momento da mudança nos rumos da política monetária.
Nada mudou, no entanto.
Foi a 15ª revisão consecutiva para cima da taxa de juros do Brasil, uma das maiores do Mundo em termos reais, ou seja, nos percentuais acima da inflação.
Em termos nominais é a segunda maior em quase 20 anos, sendo um pouco menor do que a taxa dos meses finais do famigerado governo Bolsonaro. Naquele período a inflação se aproximava da casa dos 6% ao ano e a taxa de 13,65%, representava um ganho real (acima da inflação) de 7,65% para os banqueiros. Agora, com a inflação em menos de 5%, a taxa estabelecida representa um ganho real de 8,25%.
E não é tudo. Para março, os “analistas” já projetam um novo aumento de 1%, chegando a 14,25% ao ano. E os banqueiros já celebram que a taxa pode passar de 15% a.a., neste ano.
Conforme o próprio BC, cada acréscimo de 1% na taxa Selic representa um “doação” de mais R$56 bilhões para os bancos a título de pagamento de juros, serviços e amortização da dívida pública.
Em “economês” os “analistas” defensores dos interesses dos bancos, representantes do governo e até a maioria da esquerda apresentam como pretexto, a necessidade de conter a inflação reduzindo o consumo, por meio do aumento da taxa de juros. Em um País no qual até mesmo o consumo de produtos de primeira necessidade é baixíssimo, os arautos dos banqueiros sanguessugas querem que o povo consuma ainda menos e que haja mais desemprego, mais miséria, etc. para, supostamente, preservar a estabilidade da moeda.
Eles também culpam o aumento da dívida pública e atacam o governo alegando que ele tem adotado medidas fiscais ineficientes. Escondem que a dívida não para de crescer, justamente por conta dessa política de altas taxas de juros que fizeram a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG), chegar a 77,7% do Produto Interno Bruto (PIB), com estimativas de chegar a 100% até 2033.
Ocultam também que o governo está cortando na carne do povo, reduzindo até mesmo o aumento do miserável salário mínimo brasileiro, um dos mais baixos do mundo.
Quanto mais o governo recua. Mais os banqueiros exigem. Como diz o ditado: você oferece a mão e já querem o braço.
O caráter parasitário dos bancos assola todo o mundo e o próprio presidente dos EUA, Donald Trump, defendeu a redução da taxa de juros (cuja alta afeta setores importantes da economia do país) e foi duramente atacado pela venal imprensa imperialista e pró-imperialista.
Não basta mudar os nomes, tampouco a aparência ou a propaganda. É preciso uma mudança profunda. Pôr fim ao roubo de quase 50% do orçamento público federal e dos recursos das famílias pelos bancos.
Suspender o pagamento da dívida pública fraudulenta e realizar sua auditoria, pelas organizações do povo trabalhador. Estatizar os bancos sob o controle dos trabalhadores e oferecer crédito barato para os trabalhadores, pequenos produtores e comerciantes, etc. para impulsionar o desenvolvimento e parar a sangria do país pelos abutres do mercado financeiro.