A pesquisa Quaest divulgada na última segunda-feira (27) revela um dado alarmante para o governo Lula: a avaliação negativa subiu para 37%, ultrapassando pela primeira vez a positiva, que caiu para 31%. O quadro é ainda mais grave no Nordeste, onde a aprovação despencou de 48% para 37%. O descontentamento também cresce entre mulheres, trabalhadores de renda média e pessoas com ensino médio completo.
Essa crise não é fruto das chamadas “fake news” ou de um problema de comunicação, como tentam argumentar setores do governo. O problema é a política econômica direitista adotada pelo ministro Fernando Haddad.
Sob a direção de Haddad, o governo tem mantido uma política de arrocho fiscal, cortes no orçamento e submissão ao “mercado”, um receituário típico do PSDB – e digno do “mais tucano dos petistas”.
A preocupação central do governo tem sido o arcabouço fiscal e, nesse sentido, a satisfação dos banqueiros, enquanto os trabalhadores enfrentam o aumento do preço dos alimentos e a estagnação dos salários. O resultado é um rápido desgaste da popularidade de Lula, que, se continuar nesse caminho, pode perder 2026 e sequer conseguir terminar seu mandato sem grandes turbulências.
A burguesia enxerga esse impasse e faz pressão para que Lula mantenha a política de Haddad. O Estadão, por meio de editorial intitulado Lula impopular é um perigo, mostra essa pressão. O jornal da burguesia tradicional critica a perda de apoio no Nordeste e alerta que Lula pode recorrer a “atalhos populistas” para tentar recuperar popularidade:
“Sempre que precisou escolher entre a responsabilidade e a popularidade, Lula nunca titubeou. Donde se conclui que os números revelados pela Quaest certamente servirão de pretexto para ampliar o arsenal de estultices produzidas pelo governo, desde “intervenção” nos preços até guerra de araque contra as big techs. Serão dois longos anos pela frente.”
Essa é a preocupação da classe dominante: evitar que Lula mude o rumo e retome uma política de mobilização popular.
A solução para a crise do governo não passa somente por uma melhor “comunicação” ou por “ajustes” pontuais. O problema é a linha política do governo, especialmente no que diz respeito à economia, atendendo mais aos interesses da Faria Lima do que aos da classe trabalhadora. Se o governo não romper com essa política e não mobilizar os trabalhadores, será inevitavelmente engolido pela extrema direita.
É preciso tomar medidas concretas: aumento salarial, revogação das reformas neoliberais do golpe e investimento pesado em programas sociais. Somente com uma guinada à esquerda e com a mobilização das massas o governo Lula pode evitar sua própria ruína.