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Ricardo Rabelo

Ricardo Rabelo é economista e militante pelo socialismo. Graduado em Ciência Econômicas pela UFMG (1975), também possui especialização em Informática na Educação pela PUC – MINAS (1996). Além disso, possui mestrado em sociologia pela FAFICH UFMG (1983) e doutorado em Comunicação pela UFRJ (2002). Entre 1986 e 2019, foi professor titular de Economia da PUC – MINAS. Foi membro de Corpo Editorial da Revista Economia & Gestão PUC – MINAS.

Coluna

Iraque: um país destruído e explorado pelos EUA

A invasão do Iraque foi mais do que apenas uma guerra. Foi o destruição sistemática e planejada do que é considerado a primeira civilização da história

Os Estados Unidos  invadiram e destruíram o Iraque com base uma mentira de que o país teria armas de destruição em massa. Essa mentira, junto com tantas outras, era a base necessária para uma guerra que nunca teve como objetivo destruir o terrorismo. Seu único e exclusivo objetivo era expandir o poder imperialista  dos EUA em escala mundial.

Os relatos e fotos que comprovam que foram os Estados Unidos que implantaram o terrorda tortura indiscriminada e sádica contra o povo iraquiano. Quando os Estados Unidos assumiram o controle do controle dessa prisão, substituiu o retrato de Saddam Hussein que lá havia por uma grande placa de ferro que  trazia os dizeres: “Os Estados Unidos são amigos de todos os iraquianos”. Esse é o grande exemplo de amizade os Estados Unidos cultivam mundialmente. Eles inventaram uma nova forma de expansão de seu imperialismo : o imperialismo prisional: uma extensão do estado prisional dos EUA além de suas fronteiras a serviço da dominação e da hegemonia.

O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) decidiu rejeitar. em julho passado, o recurso da família de José Couso, o cinegrafista morto no Iraque em 2003 sob fogo dos EUA, contra o arquivamento da investigação judicial na Espanha. Quando hoje  se denuncia a morte de jornalistas por Israel em Gaza esse caso mostra que a modalidade criminal foi iniciada pelos Estados Unidos, e  o caso de Julien Assange não prosseguiu, depois de dez anos de prisão ilegal, por força da mobilização da opinião publica mundial. O imperialismo  investe recursos e violência para não deixar que a face horrenda de seus crimes não seja mostrada amplamente.

A invasão do Iraque foi mais do que apenas uma guerra. Foi o destruição sistemática e planejada do que é considerado a primeira civilização da história. Em 9 de abril, Bagdá caiu. Uma semana depois,  haviam desaparecido de 170.000 efeitos de origem suméria, acadiana, assíria e babilônica apenas do Museu Nacional do Iraque. Em 1º de maio, 40 dias depois, o legado de a imensa herança mesopotâmica por mais de 5.000 anos antes da nossa era desapareceu, foi roubada, destruída, queimada.

Os Estados Unidos haviam realizado a ameaça sinistra e miserável de Donald Rumsfeld, Secretário de Defesa dos EUA George W. Bush, “Vamos devolver o Iraque à Idade Média.”

Uma reportagem recente do jornal The Cradle, conhecido dos brasileiros por publicar as colunas do jornalista Pepe Escobar, colocou a nu como os Estados Unidos, até hoje, se apropria  das riquezas do Iraque com base na invasão de 2003.

O jornal relata que, em julho passado, o Banco Central Iraquiano interrompeu todas as transações estrangeiras em Yuan Chinês, sucumbindo à intensa  pressão  do Federal Reserve dos EUA para fazê-lo. O fechamento ocorreu após um breve período durante o qual Bagdá permitiu  que comerciantes negociassem em Yuan, uma iniciativa destinada a mitigar as restrições excessivas dos EUA ao acesso do Iraque a dólares americanos. O comércio em yuan não envolvia as transações em petróleo porque os EUA é que ficam com toda receita de exportação obtida pela venda do petróleo iraquiano no mercado mundial.
Assim como as prisões e a destruição de toda cultura milenar do Iraque, os Estados Unidos  apelam até hoje para a falsa “guerra ao terror” para se apropriar do petróleo iraquiano. Segundo   The Cradle  “desde a assinatura da Ordem Executiva 13303 pelo presidente George W. Bush em 22 de maio de 2003, todas as receitas das vendas de petróleo do Iraque  foram canalizadas diretamente para uma conta no Federal Reserve Bank de Nova York. A ordem executiva tem o irônico título de “Proteção do Fundo de Desenvolvimento do Iraque e Outras Propriedades nas Quais o Iraque Tem Interesse”. Ela é renovada periodicamente por todos os presidentes norte americanos, inclusive Donald Trump e Joe Biden. Na verdade a ação dos EUA foi totalmente respaldada pela ONU, cujo Conselho de Segurança  emitiu a resolução 1483 em 22 de maio de 2003 para estabelecer a Autoridade Provisória da Coalizão (CPA) liderada pelos EUA como administradora do Iraque e responsável por  gerenciar as receitas do petróleo iraquiano. Embora a decisão da ONU  recomendasse que os recursos deveriam ser mantidos pelo Banco Central do Iraque, os EUA  como líder da “Autoridade Provisória da Coalizão”  gentilmente cedeu os recursos para serem depositados numa conta do  Federal Reserve Bank de Nova York.

O jornal mostra ainda que os EUA submetem o Iraque a uma total humilhação pois até hoje, o Ministério das Finanças do Iraque teve que enviar solicitações de fundos ao Tesouro dos EUA, que então aprova ou nega essas solicitações com base em seus próprios critérios. E os EUA impedem que o governo iraquiano realize o sonho de todo iraquiano, que é ver as forças militares dos EUA estacionadas no país irem embora definitivamente.

Em janeiro de 2020,  de acordo com The Cradle,  depois que o Parlamento iraquiano votou pela expulsão das tropas dos EUA após o assassinato do general iraniano da Força Quds, Qasem Soleimani, e do vice comandante das Unidades de Mobilização Popular (PMU) do Iraque, Abu Mahdi al-Muhandis, o governo Trump  ameaçou  congelar o acesso do Iraque às suas receitas de petróleo. Apesar de ter receitas de petróleo se acumulando no Federal Reserve Bank de Nova York – estimadas hoje em cerca de US$ 120 bilhões – o Iraque está sobrecarregado com uma dívida crescente que corresponde a esse valor. A incapacidade do país de controlar seus próprios fundos impediu a reconstrução e o desenvolvimento de longo prazo, forçando-o a depender de empréstimos internacionais. Ironicamente, o Iraque também se tornou um dos maiores detentores de títulos do Tesouro dos EUA, com investimentos totalizando  US$ 41 bilhões  em 2023.

Em 2010, a Resolução 1956 do Conselho de Segurança da ONU  exigiu o fechamento da conta no FED  e a transferência de todos os rendimentos para o governo iraquiano. Apesar dessas diretrizes legais claras, a conta continua sob controle dos EUA no Federal Reserve Bank de Nova York, desafiando a resolução do Conselho de Segurança da ONU. Pior ainda, o domínio duradouro dos EUA sobre os recursos financeiros do Iraque exacerbou profundamente a  corrupção  e a disfunção que assolam o país.

A resistência iraquiana

O atual presidente do Iraque, eleito em outubro de 2022, Abdul Latif Rashid não tem agido no sentido da independência do Iraque , sendo muito submisso aos EUA. Dessa forma, que assumiu a liderança contra o invasor estrangeiro foi a Resistência Iraquiana. Ela declarou que “o inimigo ocupante não abandona sua mesquinhez e traição, e não entende outra linguagem além da das armas”. Esta declaração coincidiu com ataques dos EUA a locais na Síria e no Iraque, alguns dos quais resultaram na morte de líderes e membros da resistência.

Nos anos anteriores, a resistência mostrou que não sofreu com a escassez de recursos humanos desde 2007, durante a escalada contra as forças de ocupação dos EUA, até 2014 durante a guerra contra o Daesh. A  escalada no Iraque e na região foi inevitável, devido  à disposição dos americanos de incentivar o genocídio em Gaza.

Além disso, as operações iraquianas contra a presença dos EUA não começaram em 7 de outubro, mas foram expandidas e aumentadas desde aquela data. O objetivo é a retirada das forças norte-americanas da Síria e do Iraque nesta fase, uma oportunidade histórica de acordo com a estratégia do líder da Revolução e da República Islâmica do Irã, o aiatolá Sayyed Ali Khamenei, para expulsar os americanos da Ásia Ocidental.  Os alvos da resistência iraquiana não se limitam às bases de ocupação dos EUA na Síria e no Iraque, mas transcenderam fronteiras, alcançando redutos de ocupação israelenses na Palestina ocupada.

Esses combatentes têm as capacidades militares acumuladas durante a guerra contra o Daesh, juntamente com a força de sua posição legítima e ética em apoio ao povo oprimido em Gaza. “As operações de resistência atendem às demandas populares pela retirada das forças dos EUA das bases ilegais no Iraque e na Síria e o fim da missão da ‘coalizão internacional’ em ambos os países”, concluiu.

O envolvimento do Iraque neste conflito não é isolado. Facções iraquianas têm rotineiramente alvejado bases militares dos EUA no Iraque e na Síria – vistas como forças estrangeiras ilegais subjugando a soberania do Iraque – contribuindo para uma escalada mais ampla que atraiu atores de toda a Ásia Ocidental. Essas tropas prometeram continuar sua campanha contra alvos americanos e israelenses, alinhando suas ações com o Eixo de Resistência da região.

A Resistência iraquiana em ação

A Resistência Islâmica no Iraque anunciou que atacou na manhã de sábado , 28 de setembro, um alvo vital em Tel Aviv (Yafa ocupada) usando drones. Em um comunicado, a Resistência iraquiana indicou que a última operação foi “na continuação de nosso caminho de resistência à ocupação, em apoio ao nosso povo na Palestina e no Líbano e em resposta aos massacres cometidos pela entidade usurpadora contra civis, incluindo crianças, mulheres e idosos”.

Um vídeo divulgado pela mídia militar do grupo mostrou que a operação foi dedicada ao comandante do Hezbollah, Ibrahim Aqil (Hajj Abdul-Qader), que foi martirizado na semana passada em uma agressão israelense que teve como alvo o subúrbio sul da capital libanesa, Beirute.

A Resistência Islâmica no Iraque realizou uma operação por drones na manhã de domingo, 29 de Setembro,  contra um alvo vital da ocupação israelense em Umm al-Rashrash  (Eilat) , enquanto as sirenes soaram no assentamento e em suas adjacências. A operação foi “em apoio ao nosso povo na Palestina e no Líbano e em resposta aos massacres”. A Resistência Islâmica no Iraque, em sua declaração, confirma que essas operações continuarão e se intensificarão à medida que a ocupação israelense continuar a expandir sua guerra genocida.

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