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HISTÓRIA DA PALESTINA

Como o movimento sionista se aliou aos antissemitas dos EUA

O destino natural dos judeus europeus era imigrar para os EUA, a política de bloquear essa imigração foi crucial para a criação do Estado de “Israel”

Durante a Segunda Guerra Mundial, os judeus da Europa passaram provavelmente por seu período de maior perseguição na história. Esse antissemitismo, que hoje deixou de existir, na década de 1940 era tema de um amplo debate. O interessante é que os sionistas se beneficiam do antissemitismo, ele era o argumento para a colonização da Palestina. O jornal The New International escreveu, em 1946, um texto que aborda essa questão: Os judeus na Europa e a imigração para a Palestina.

O texto destaca: “os judeus da Europa enfrentam um mundo de muros. É essa condição que também os faz voltar seus olhos para a Palestina. Não que o muro ao redor da Palestina seja menos formidável. Mas atrás do muro palestino, a mais poderosa minoria judaica de qualquer país do mundo estende uma mão de boas-vindas e socorro. (Em contraste, uma pesquisa de opinião pública revela que apenas cinco por cento da população dos Estados Unidos favorece a liberalização das leis de imigração.) Os judeus da Europa sentem que se precisam derrubar os muros de uma nação para entrar, preferem fazê-lo com ajuda de dentro”.

Aqui, aparece o ponto principal. Em todos os países imperialistas, reinava o antissemitismo, estimulado pela própria burguesia imperialista. Essa mesma burguesia estimulava a imigração para a Palestina para fortalecer o movimento sionista. No fim, o principal não é que a minoria judaica da Palestina facilitava a imigração, mas sim que o imperialismo permitia esse deslocamento de população, pois era de seu interesse.

O texto então aborda o ponto que era consenso na esquerda da época: o sionismo não é a solução. “A luta pelo direito dos judeus de ir para a Palestina não pode ser considerada como um substituto para a necessidade de lutar contra todas as restrições reacionárias à imigração onde quer que ocorram. A luta para abrir as portas de seus próprios países para os refugiados é uma obrigação que os trabalhadores de cada nação devem colocar na vanguarda de suas demandas em nome da comunidade judaica europeia. No entanto, a necessidade de abrir as grandes nações subpopuladas do mundo não pode, por sua vez, se tornar um substituto para a necessidade de adotar uma posição firme em apoio à luta imediata e urgente em torno do direito de entrar na Palestina”.

O argumento é democrático, deixar os judeus migrarem tanto para a Palestina quanto para os demais países do mundo. A questão é que se houvesse uma liberdade geral de migração para a população de judeus, uma pequena minoria iria para a Palestina. O grande problema não foi nem a imigração em si, mas o projeto colonial sionista. Caso houvesse migração, como houve séculos antes, quando os judeus foram expulsos de vários países da Europa, os países árabes poderiam absorver essa população.

O texto segue: “neste sentido, uma responsabilidade especial recai sobre os socialistas revolucionários dos Estados Unidos. Nenhum outro país está em uma situação tão favorável para admitir grandes números de imigrantes e proporcionar-lhes um alto padrão de vida quanto os Estados Unidos. Tanto a riqueza da economia americana quanto a vastidão de seus territórios tornam possível admitir um milhão de imigrantes sem o menor impacto em suas instituições econômicas ou políticas. No entanto, é precisamente nos Estados Unidos que a maior hipocrisia foi demonstrada na questão judaica. Aqui, como em todas as questões políticas americanas, a questão judaica foi no passado reduzida ao seu nível mais baixo e mais vulgar – uma busca pelo voto judaico nas campanhas eleitorais. Começando com a resolução de 1922 do Congresso em favor de um “lar nacional” judaico na Palestina, e continuando com repetidas declarações deste tipo pelo Congresso e pelas legislaturas estaduais (especialmente aquelas com grandes eleitorados judeus), os políticos se envolveram em um gesto barato para com o povo judeu – um gesto sobre o qual não foram sérios e sobre o qual nada foi feito. Desde a guerra recente, até mesmo os gestos tornaram-se mais raros como resultado do interesse norte-americano no petróleo da Arábia Saudita e, consequentemente, da crescente preocupação das autoridades militares e do Departamento de Estado em não antagonizar a opinião árabe”.

E segue: “a hipocrisia das autoridades americanas foi dramaticamente exposta em um discurso recente por Bartley C. Crum, membro do Comitê Anglo-Americano de Investigação, quando ele disse: ‘quando subimos no Queen Elizabeth, os arquivos secretos do Departamento de Estado nos foram revelados. Descobrimos que para cada promessa feita por nossos presidentes desde 1920, para cada resolução praticamente unânime aprovada pelo Congresso, e para as plataformas de 1944 de ambos os partidos republicano e democrata, nosso Departamento de Estado aconselhou aos árabes que nada seria feito.’”

Ou seja, os norte-americanos não atuavam em nenhum dos dois campos. Nem no principal, abrir as portas para os imigrantes, como eles haviam feito por décadas. E nem auxiliar com a Palestina, supostamente. Nessa segunda, apesar dos motivos errados, foi um mérito do país. Já a primeira questão foi crucial para a criação do Estado de “Israel”. Centenas de milhares de judeus poderiam ter imigrado para os EUA caso as portas estivessem abertas, sempre foi um destino mais popular que a Palestina.

Ao fechar as portas para os imigrantes judeus, os países imperialistas criaram as condições necessárias para a criação do Estado de “Israel”. Os sionistas eram muito conscientes disso e por isso sempre se aliaram aos antissemitas da Europa.

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