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Guerra em Gaza

Uma esquerda à direita do próprio governo Joe Biden

O jornal The Militant tem a capacidade de afirmar que Biden está contra os judeus e que a imprensa burguesa acoberta o Hamas

No mundo inteiro, a esquerda pequeno-burguesa tem dificuldade de defender a Palestina. Capitulam diante do sionismo e do imperialismo e não conseguem se colocar ao lado do Hamas. Mas um grupo destoa até mesmo dessa esquerda, assume a postura do sionismo e se coloca à direita do próprio governo Biden. Pode parecer impressionante, mas foi isso que fez o SWP em seu jornal The Militant. O artigo em questão é Um caminho a seguir para unir trabalhadores em Israel, Irã e Palestina.

O texto já começa com uma política ultrarreacionária: “apenas a derrota inequívoca do Hamas e o desmantelamento de suas estruturas militares e de liderança podem criar condições para que judeus, árabes e outros trabalhadores possam se unir para defender seus interesses contra os governantes capitalistas em Israel, nos territórios palestinos e, de forma mais ampla, na região, e, assim, forjar um caminho revolucionário adiante”.

Qual o motivo dessa colocação? O Hamas tem como objetivo o extermínio do povo de “Israel”? O Hamas é incapaz de viver ao lado de judeus? O jornal simplesmente expressa a posição totalmente farsesca da imprensa sionista de que o partido mais popular da Palestina seria um grupo de selvagens. Uma organização de esquerda deveria saber que o Hamas defende o fim da ocupação sionista da Palestina e a criação de um Estado único e democrático. Não defendem nem mesmo a expulsão de todos os europeus da Palestina.

Ele, então, cria uma tese absurda de que o Irã não quer libertar o Oriente Médio do imperialismo, mas sim criar um regime ditatorial: “o objetivo do Hamas e de Teerã nunca foi avançar os direitos dos trabalhadores palestinos. Seu objetivo é estender a influência reacionária do regime clerical burguês de Teerã por todo o Oriente Médio, de mãos dadas com a destruição de Israel”.

Isso é uma farsa completa. O Irã quer avançar os direitos dos trabalhadores palestinos, pois eles defendem o direito mais importante dos palestinos nesse momento, o direito à autodeterminação. Sem isso, os palestinos não têm mais nada. Nesse sentido, o Irã é o mais poderoso aliado da classe operária palestina.

Logo depois, o artigo simplesmente repete a propaganda sionista: “o Hamas lançou a guerra em 7 de outubro, matando 1.200 pessoas em Israel — 75% delas civis — sequestrando cerca de 250 reféns e estuprando e mutilando mulheres. Ainda mantém cerca de 120 reféns, embora autoridades israelenses acreditem que menos de 80 ainda estejam vivos”.

Neste ponto, já se questiona se é valido um debate, pois a organização, na prática, é sionista. O artigo repete a farsa dos estupros, que nunca foi comprovada, e, na prática, chama o Hamas de terrorista.

Ele segue com esse argumento: “o ataque de 7 de outubro não foi uma guerra de libertação nacional palestina. Foi o maior pogrom anti-judeu desde o Holocausto. As esquadras da morte do Hamas também mataram 24 árabes israelenses e mais de 50 trabalhadores migrantes da Tailândia, Nepal, Filipinas, Sri Lanka e outros lugares, pelo “crime” de trabalharem com judeus”.

Se não estava claro aqui, já fica escancarado que foi um sionista que escreveu o texto. Fala de Holocausto, de esquadrão da morte etc. – e isso em junho de 2024!

Após uma série de calúnias contra o Hamas, o Hesbolá, o Irã e o Iêmen, o artigo chega no ápice do surrealismo. Pelo fato de serem sionistas, eles têm a mesma posição de Biden, então precisam inventar que, na verdade, estão se opondo à política do governo dos EUA. É um malabarismo e tanto: “enquanto isso, o governo de Joseph Biden está aumentando sua pressão sobre Israel para encerrar a guerra, que vê como um obstáculo para seus próprios interesses imperialistas. A única preocupação de Washington é defender os interesses econômicos e políticos dos governantes dos EUA, não a vida dos judeus. Isso inclui buscar um acordo com o regime no Irã”.

O artigo é tão direitista que consegue limpar a barra do próprio Biden. É ele o responsável pelo genocídio na Faixa de Gaza, ele quem sustenta “Israel” desde o início da guerra. Mas, para o The Militant, Biden está contra a guerra e pressiona “Israel” que, por alguma espécie de magia, conseguiria se sustentar sem o apoio do imperialismo. E não é só isso! Biden estaria fazendo um acordo com o Irã contra “Israel”. Aqui uma coisa fica clara: para se defender o sionismo em junho de 2024, só é possível sendo louco.

Então, o artigo faz a sua crítica de “Israel”. Afinal, se não fizesse nem isso, ele seria basicamente o jornal do próprio Netaniahu. “O governo em Israel é um governo capitalista que avança os interesses dos ricos do país contra os trabalhadores. Isso inclui medidas direcionadas aos palestinos que minam um caminho para unir os trabalhadores, qualquer que seja sua religião ou nacionalidade”.

É uma definição um tanto rasa. O problema aqui é ignorar que “Israel” é um entreposto do imperialismo, principalmente dos EUA, no Oriente Médio. Uma organização dos EUA que não afirma isso só pode ser muito direitista.

Para esconder isso, o jornal tenta afirmar que defende os trabalhadores: “após 7 de outubro, o governo israelense cortou as permissões de trabalho de 200.000 palestinos da Cisjordânia. Cerca de 18.000 já foram autorizados a retornar ao trabalho dentro de Israel e 8.000 em assentamentos na Cisjordânia. Mas mais de 170.000 ainda estão sem trabalho e enfrentam tempos cada vez mais difíceis. A Histadrut, a maior federação sindical de Israel, e a Koach LaOvdim, outra federação sindical, pediram ao governo que permita seu retorno aos empregos em Israel”.

Mas depois de tantos absurdos, essa encenação não tem valor nenhum. Enquanto caem bombas na Faixa de Gaza que matam e ferem mais de 100 crianças todos os dias, a conversa sobre sindicatos na Cisjordânia é irrelevante. A questão palestina é simples: “Israel” é uma ocupação que está realizando um genocídio contra os palestinos. Mas o texto nem mesmo defende abertamente o cessar-fogo.

Todo o artigo é tão absurdo que se questiona se o The Militant já não é uma fachada do Mossad. Em oito meses de genocídio, é possível que este seja o artigo mais sionista de toda a esquerda internacional.

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