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Guerra em Gaza

Os palestinos não precisam de paz, precisam do fim de ‘Israel’

Militante israelense defende que os acordos de cessar-fogo dos sionistas são todos uma fraude, a única solução real e a criação do Estado democrático da Palestina

Desde o início da Guerra na Faixa de Gaza há constantes debates de cessar-fogo. O Hamas participa em nome da resistência palestina, o Estado de “Israel” manda representantes. A mediação é feita pelos EUA, pelo Catar e pelo Egito. Mas é algo estranho que se discuta cessar-fogo em uma guerra tão desproporcional, na qual um lado (apoiado pelos EUA) está invadido um território, que é na prática um campo de concentração, e massacrando a população desarmada. O israelense antissionista, Miko Peled, escreveu um artigo sobre esse tema.

Seu texto diz: “a história dos acordos de cessar-fogo assinados entre Israel e seus vizinhos começa em fevereiro de 1949, quando o recém-estabelecido Estado de Israel assinou acordos de armistício com Egito, Jordânia – também Estados recém-criados –, Líbano e Síria. Todos os acordos dizem mais ou menos a mesma coisa, sendo as principais diferenças as fronteiras conforme determinadas entre a Palestina e os diversos outros países. Todos os acordos afirmam que seu propósito é: ‘Promover o retorno da paz permanente na Palestina.’ Esses acordos foram negociados na presença de diferentes partes internacionais e com base em várias resoluções relevantes das Nações Unidas. Nenhum representante palestino foi parte de nenhum dos acordos, e nenhum acordo foi assinado com qualquer partido palestino.”

Aqui já fica claro que, de principio, os acordos de cessar-fogo sempre foram golpes contra os palestinos. “Israel” faz a guerra, quando ela acaba e frustra seus objetivos políticos, faz o “acordo de cessar-fogo”. É uma contradição. O que acontece é, na verdade, a dominação de um território, não há nenhum cessar-fogo, é a “paz” imposta por meio das armas. A maioria dos chamados acordos aconteceu nesses termos.

O artigo continua: “embora os palestinos tenham sido vítimas da agressão sionista, eles não estavam presentes. Na verdade, pode-se dizer que esses acordos entre ‘Israel’ e os países árabes vizinhos da Palestina foram uma parte essencial do plano para legitimar os novos proprietários da Palestina, que agora eram reconhecidos de fato pelos países árabes”. Aqui fica claro o objetivo do “cessar-fogo” não é parar a guerra, mas sim garantir o objetivo político de “Israel”.

Peled prossegue: “os acordos afirmam muito claramente que nenhum lado deve atacar o outro e que tipo de forças cada lado estava autorizado a manter perto das fronteiras. No entanto, como sabemos muito bem, Israel violou esses acordos; suas forças entraram nos territórios dos outros signatários e, no final, Israel tomou terras quando e onde achou adequado.”. O caso de 1967, quando “Israel” invadiu Gaza e a Cisjordânia é o modelo ideal do sionismo. Manter a falsa paz até acumular forças, tomar terrar e depois chamar novamente o “cessar-fogo”.

E segue: “hoje, cerca de setenta e cinco anos após esses e muitos outros acordos serem assinados e depois violados por ‘Israel’, ouvimos sobre mais acordos de cessar-fogo. A alegação feita por aqueles que pedem mais um acordo de cessar-fogo é que isso pode trazer algum alívio para o povo de Gaza, que são vítimas de genocídio. No entanto, após uma história de oito décadas, é hora de parar de acomodar ‘Israel’ e defender acordos de curto prazo que proporcionam pouco alívio e põem fim ao assassinato de palestinos por ‘Israel’”.

Peled conclui que para uma paz real é preciso uma solução real, e não algo que se provou uma farsa por quase 80 anos. Ele afirma: “um fim assim só pode ser alcançado com uma solução política permanente. Não é mais um acordo com ‘Israel’, mas um que cria uma nova realidade política onde os palestinos são livres e independentes e podem determinar seu próprio destino em sua pátria, a Palestina. Um problema que alguns veem com esta proposição é que ela significa o desmantelamento do Estado de Israel. Bem, é hora de nos acostumarmos com isso”.

O israelense então defende o fim do Estado de “Israel”: “por quase oito décadas, os governos israelenses, eleitos pelo povo israelense, mostraram que há três características do Estado sionista que tornam sua existência futura impossível. Essas três são o fato de ser um regime de apartheid, de estar envolvido na limpeza étnica da Palestina e de estar comprometido com genocídio do povo palestino”.

E ainda: “durante o genocídio de judeus e outras pessoas pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, negociações para um cessar-fogo teriam sido extremamente inapropriadas e inaceitáveis. Hoje, na Palestina, após setenta e cinco anos de flagrantes violações das leis internacionais e humanitárias e violações de acordos assinados, é hora de uma solução política que garanta os direitos do povo palestino a sua segurança e garanta plena igualdade a todas as pessoas que residem dentro das fronteiras da Palestina histórica. Isso só pode ser alcançado uma vez que o regime de apartheid conhecido como Estado de ‘Israel’ seja desmantelado e uma Palestina livre e democrática seja estabelecida em seu lugar”.

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