À medida que a Revolução Palestina avança, e o governo de Benjamin Netaniahu se mostra incapaz de derrotar as organizações da resistência, principalmente o Hamas, setores ainda mais fascistas da política israelense se fortalecem, em especial entre as forças de ocupação e os colonos.
Se houve uma época em que as principais organizações da extrema-direita israelense eram representantes do revisionismo sionista, atualmente, a maioria é adepta de diversas correntes do sionismo religioso, ideologia ainda mais fascista que a ideologia que guiava o Likud e o Betar.
Uma dessas organizações é o Chabade.
Na realidade, o Chabade é um movimento que pertence à dinastia Hassídica do Judaísmo Ortodoxo, sendo um dos principais e maiores desses movimentos, sendo igualmente uma das maiores organizações religiosas judaicas do mundo.
Suas origens remontam ao século XVIII (1775), tendo sido estabelecido no antigo Império Russo, na já extinta cidade de Liozno, província de Pskov (atual Liozna, Bielorrússia). Seu fundador foi o Shneur Zalman, de Liadi, um lituano-polaco. Ou seja, outro grande movimento da extrema direita israelense que teve origem europeia, e não semita.
Houve uma época em que a maioria dos judeus adeptos ao movimento Chabade eram antissionistas. Possivelmente pelo caráter relativamente secular do sionismo quando de seu surgimento. Contudo, da mesma forma que o sionismo nunca foi integralmente secular, mesmo na época do Mandato Britânico da Palestina, já no ano de 1929, época da Grande Revolta Palestina, havia judeus do Chabade que atuavam como espiões da Haganá, a principal milícia fascista dos sionistas.
Assim, tendo em vista a justa luta dos palestinos contra o domínio imperialista dos britânicos, e colonização sionista que eles impulsionavam, foi natural que os judeus do Chabade eventualmente se tornassem sionistas, da mesma forma que se desenvolveu o sionismo religioso.
Para além da luta política, o terreno para o antagonismo contra os palestinos também era fértil em sua doutrina religiosa. Segundo seu livro sagrado, o Tanya, há dois tipos de almas no mundo: a dos judeus e a dos gentios. Em outras palavras, é uma doutrina religiosa que prega o supremacismo judeu.
Um dos principais líderes do Chabade, atualmente, é o rabino israelense-americano Yitzchak Ginsburgh, e vem sendo assim desde o ano de 1996. Ele foi presidente de várias “instituições educacionais” em assentamentos ilegais de colonos na Cisjordânia, inclusive a escola Od Yosef Chai, localizada no assentamento de Yitzhar. Não coincidentemente, vários dos membros do grupo “Juventude das Colinas” estudaram nessa escola. Em outras palavras, Ginsburgh é um dos líderes ideológicos desse grupo.
Conforme matéria já publicada nesse Diário, a “Juventude” é uma milícia fascista de colonos israelenses adeptos do sionismo religioso, uma das várias que estão na vanguarda dos ataques fascistas contra os palestinos da Cisjordânia. Releia a matéria:
Atualmente, quem preside a Od Yosef Chai é Yitzhak Shapira. Em 2009, ele publicou o livro Torá do Rei. Segundo noticiado no jornal sionista Haaretz, no livro, Shapira defende que é “permitido aos judeus matar não-judeus, incluindo crianças, sob certas circunstâncias”. Ainda, “sugere que pode haver uma razão para matar bebês do lado inimigo, mesmo que eles não tenham violado nenhuma lei, devido ao perigo potencial futuro que podem representar com base na suposição de que crescerão ser maus como seus pais“.
Em seu livro, avalizado por Yitzchak Ginsburgh, o “autor também propõe que o assassinato indireto de crianças poderia ser justificado como um meio de exercer pressão sobre os líderes inimigos ou se as crianças estiverem obstruindo uma operação de resgate e a sua presença contribuir para o assassinato”.
Conforme noticiado recentemente pela emissora Press TV, “em dezembro do ano passado, na cidade de Beit Hanun, no norte de Gaza, um posto religioso judaico foi estabelecido num edifício parcialmente destruído. Foi descrita como a ‘primeira Casa Chabade’ no território palestino sitiado e devastado pela guerra”.
Já neste ano, em janeiro, o texto sagrado, Tanya, segundo o qual as almas dos judeus são superiores às dos gentios, foi impresso e distribuído às forças de ocupação em Gaza.
Por sua vez, na Cisjordânia, a ofensiva fascista dos colonos é cada vez mais intensa, seja destruindo as propriedades rurais dos palestinos, seja agredindo-os, ou mesmo assassinando-os. Nos territórios ocupados (leia-se, “Israel”), eles atuam barrando a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
O avanço de movimentos e organizações do sionismo religioso, tais como o Chabade, não é coincidência. Para além de ser uma consequência do acirramento da luta de classes na Palestina, vale ressaltar que o próprio primeiro-ministro Benjamin Netaniahu é próximo do movimento. E vem sendo assim há décadas. No ano de 1988, reuniu-se com o rabino Menachem Mendel Schneerson, também conhecido como o Rebbe, o principal líder do movimento Chabade-Lubavitch à época.
Mais recentemente, em 2014, mesmo ano em que Netaniahu desatou a Operação Margem Protetora para tentar destruir o Hamas, ele enviou saudações oficiais à Conferência Internacional de Chabad Lubavitch Shluchim.
Não é coincidência, então, que o genocídio contra o povo palestino é intensificado diariamente, com novos ataques criminosos todos os dias. De forma que somente a luta armada, liderada pelo Hamas, poderá libertar os palestinos da ditadura do sionismo, venha ela da extrema direita, da direita, ou da “esquerda” sionista.