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Luta pela terra

MST publica nota em resposta aos ataques de Zema contra ocupação

MST denunciou que a polícia a serviço do governador de Minas Gerais está ameaçando um de seus acampamentos em Lagoa Santa

Na última semana, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) denunciou que a polícia a serviço de Romeu Zema, governador de Minas Gerais, está ameaçando um de seus acampamentos em Lagoa Santa.

Nessa segunda-feira (11), o movimento publicou uma nota oficial esclarecendo o ocorrido e denunciando a ação truculenta de Zema. Confira:

Nota diante dos ataques do Governador Zema às Mulheres Sem Terra de Minas Gerais

O governador Romeu Zema (Novo) utilizou suas redes sociais neste domingo (10) para atacar as famílias sem terra e mentir para a população.

No vídeo, o desgovernador de Minas afirma que está enfrentando “invasões de terras produtivas” no estado. Com isso, Zema debocha do sistema de Justiça mineiro que já indeferiu o pedido liminar de reintegração dos supostos proprietários, já que esses não conseguiram demonstrar que têm a posse da terra. Além disso, a decisão do judiciário afirma que os supostos herdeiros não conseguiram comprovar a produtividade da fazenda, que está abandonada há quase uma década.

Romeu Zema recomenda que os agronegociantes amigos seus, a quem chama de “produtores rurais”, deveriam registrar sua produção para comprovar que suas terras são produtivas. Não sabemos se por ignorância ou por maldade, o governador ignora que não é necessário registro de vídeo e foto quando existem instrumentos para comprovar a produtividade de um terreno, o que não é o caso. Nenhum desses instrumentos foi juntado pelos autores do pedido de reintegração, pois não existem.

Zema diz ainda que caso ocorra alguma ocupação de terra no estado, sua posição será pelo cumprimento das decisões judiciais, o que é obviamente uma mentira flagrante, visto o cerco da Polícia Militar de MG contra as pessoas acampadas, impedindo o direito de ir e vir, dificultando a entrada de suprimentos, equipe médica, e apoiadores. Vale dizer que já foram emitidos ofícios por parte da Defensoria Pública do estado, solicitando o fim imediato do cerco ilegal da PM. Em seguida, o próprio governador afirma que dará apoio incondicional aos proprietários, ignorando o direito constitucional dos movimentos sociais de lutar por seus direitos.

O governador bolsonarista afirma que Minas Gerais tem os menores índices de desemprego do país, um verdadeiro negacionismo social, já que ignora o fato de que no estado, 28,3% da população, quase 6 milhões de pessoas, convivem com a preocupação da falta de alimentos em um futuro próximo e 3,4 milhões, 16% da população, não têm acesso a quantidades suficientes de comida.

O MST afirma que não ocupa terras produtivas, e que a ocupação de terras é um direito legítimo consagrado na Constituição Federal. Com isso, Zema revela total desprezo à democracia, às leis, ao sistema judiciário e, principalmente, ao povo de Minas.

O ódio que já ceifou tantas vidas no campo, como aconteceu em Felisburgo há 10 anos, onde cinco pessoas foram assassinadas, é o mesmo ódio que motivou o ataque sofrido pelas famílias no meio da pandemia no Quilombo Campo Grande, sob ordens de Zema e do qual o governador deveria se envergonhar. Ele reforça o ódio contra os trabalhadores rurais sem terra com um vídeo na internet que mais parece um chamado à violência contra as mulheres acampadas em Lagoa Santa.

Governador Zema, respeite a Justiça. Ou o senhor será co-responsabilizado por qualquer violência que ocorra contra nossas famílias.

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