'Israel'

A extrema direita israelense mais fascista que Netaniahu

É esse setor da política sionista que garante a continuidade do bombardeio genocida contra Gaza e os ataques criminosos contra a Cisjordânia

Há quatro meses, o governo israelense de Benajmin Netaniahu tenta destruir o Hamas e a resistência palestina. Contudo, não consegue, amargando grandes baixas nos quadros das forças de ocupação. Além disto, no decorrer desses quatro meses, toda a luta armada do povo palestino serviu para desmascarar a mentirosa propaganda sionista de mais de sete décadas, de que “Israel” seria um país democrático. Os trabalhadores de todo mundo cada vez mais se opõem à existência do Estado sionista. Contudo, Netaniahu continua em seu genocídio contra os palestinos, em especial os de Gaza. Sequer aceita um cessar-fogo.

Conforme explicado por Rui Costa Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), o primeiro-ministro israelense está sendo pressionado pela extrema direita do regime político sionista. Apesar de Netaniahu ele mesmo ser um fascista, há ainda outros políticos israelenses mais fascistas que ele.

Nesse sentido, vale aqui citar informações do historiador judeu israelense Ilan Pappé sobre esse movimento sionista de extrema direita, que é cada vez mais forte no cenário político de “Israel”.

Em matéria publicada na página Palestine Chronicle, o historiador explica que esse “fascismo” sionista (entre aspas, pois o sionismo em si já é um movimento fascista) é um fenômeno do sionismo religioso, que se opõe ao judaísmo daqueles judeus ortodoxos que se opõem ao sionismo, e também guarda certas diferenças (superficiais) com o sionismo secular do Mapai (trabalhismo/social-democracia israelense).

Pappé diz que os principais líderes desse movimento são os rabinos sionistas Avraham Itzhak Kook (1865-1935) e Zvi Yehuda Hacohen Kook (1891-1982). Embora ambos tenham morrido, o sionismo religioso continua vivo na política israelense. Em especial, ganhou vazão quando o Likud subiu ao poder em 1977, na pessoa do então primeiro-ministro Menachem Begin, notório carniceiro. Releia matéria que este Diário publicou sobre o fascista:

O fascista que promoveu o massacre de Sabra e Chatila

Vale lembrar que o Likud, partido de Netaniahu, é herdeiro da milícia fascista Irgun, a qual, por sua vez, era herdeira da organização fascista Betar:

Betar, a milícia fascista que elegeu 3 premiês israelenses

Pappé fala primeiro da importância de Avraham Kook, que foi responsável dar um aval religioso ao movimento sionista na Palestina da época do mandato britânico. À época, dentre as posições defendidas pelo rabino estava expulsar todos os muçulmanos das áreas ao redor do Muro das Lamentações, tornando o local restrito ao sionismo. Segundo o historiador, a sua principal contribuição para organizar o sionismo religioso, foi a criação do Merkaz Harav ou “Centro do Rabino”, um local para difundir a ideologia de extrema direita.

No entanto, foi seu filho, Yehuda Kook, quem realmente elevou o sionismo religioso a um outro patamar de influência na política israelense, elevando também a importância do “Centro do Rabino”.

Conforme explica Ilan Pappé, ele é quem esteve por trás do movimento fascista de natureza messiânica que esteve à frente da ocupação da Cisjordânia, da Faixa de Gaza e das Colinas do Golã após a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Fala-se do Gush Emunim. Referido movimento foi fundado no ano de 1974 e, embora não exista mais oficialmente, sua ideologia continua influenciando a política israelense. Por exemplo, em outubro de 2017, Netaniahu nomeou um dos fundadores do movimento, Pinchas Wallerstein, para presidir comitê criado com a finalidade de legalizar as terras que os “colonos” (isto é, a extrema extrema direita sionista) roubou dos palestinos na Cisjordânia.

Na matéria publicada no Palestine Chronicle, é também explicado que Yehuda Kook estava muito mais “empenhado do que o seu pai na colonização da Palestina histórica como um imperativo religioso e como um ato necessário para acelerar a redenção do povo judeu”. Contudo, enquanto os trabalhistas estavam no governo, seu empenho não produziu muitos resultados. Não porque os sionistas do Mapai não eram fascistas (afinal, foram eles que comandaram a Nakba). Era simplesmente, pois o imperialismo ainda não tinha decidido utilizar-se do setor mais fascista da política israelense. Afinal, são setores que podem levar a crises de difícil controle (a exemplo da crise atual do Estado de “Israel”).

Contudo, com o crescimento, a consolidação e a recusa da resistência palestina em se render, o imperialismo teve de recorrer à extrema direita. Conforme informado no início desta matéria, o Likud chegou ao poder em 1977, pouco tempo depois do início da guerra imperialista contra a OLP no Líbano.

A partir de então, Yehuda Kook encontrou terreno fértil para a expansão do sionismo religioso, tornando-se o “líder espiritual dos colonos que colonizavam grandes partes da Cisjordânia palestina, construindo os seus postos avançados no coração de áreas palestinianas densamente povoadas”, segundo relata Pappé.

A maioria desses “colonos” (milicianos fascistas, isto é) recebeu educação ideológica no Merkaz Harav, e seguiam diretrizes dadas por Yehuda Kook. O avanço desses grupos fascistas sobre os territórios palestinos resultaram não apenas em roubo de propriedades, mas também em destruição das mesmas e das plantações dos palestinos (isto sem falar nos assassinatos). O plano era a expansão do território sionista, a fim de terminar a limpeza étnica da Palestina, ou seja, expulsar todos os palestinos de suas terras.

Ressalta-se que esse movimento era de grande utilidade para o Estado de “Israel”, pois, oficialmente, não era uma organização estatal. Assim, o Estado sionista podia fingir oposição. Contudo, qualquer oposição manifestada era falsa, pois era frequente os militares das forças de ocupação coordenarem as milícias fascistas (“colono”) na tomada das propriedades palestinas, expropriações estas que acabavam recebendo aval posterior dos governos israelenses.

Contudo, esta não foi a manifestação mais extrema do fascismo sionista dos Kooks. No caso, foi o grupo Noar Ha-Gevaot, ou “Juventude das Colinas”. Basicamente uma Hitlerjugend (Juventude Hitlerista) do sionismo, conforme aponta o historiador israelense Moshe Zimmerman:

“Há todo um setor na sociedade israelense que afirmo sem hesitação que é um imitador dos nazis. Vejam os filhos (dos colonos judeus em) Hebron, eles são exatamente como a Hitlerjugend. Eles são doutrinados desde o berço sobre os maus árabes, o antissemitismo, como todos estão contra nós. Eles se tornam supremacistas paranoicos, precisamente como a Hitlerjugend.”

Trata-se de um grupo formado por centenas de jovens que, no final da década de 1990, especialmente estimulado pelo primeiro-ministro Ariel Sharon, realizou incontáveis pogroms contra palestinos, especialmente visando roubar os terrenos na Cisjordânia. Pogroms eram os ataques que a extrema direita realizava contra judeus no Leste Europeu, no século XIX, especialmente no Império Russo. Agora, eram os judeus sionistas realizando pogroms contra os palestinos. Tais ataques consistiam até mesmo em queimar mesquitas e casas. Com isto, chegaram a assassinar palestinos, queimando-os, conforme noticiado pela agência Reuters, em 18 de maio de 2020.

Segundo expõe Pappé, a Juventude das Colinas tornou-se ainda mais forte a partir das eleições de novembro de 2022, “quando os dois partidos políticos que os apoiam totalmente, Ozma Yehudit (Poder Judaico) e Haziyonut Hadatit (Sionismo Religioso) aumentaram significativamente a sua representação no Knesset. Este poder recém-descoberto permitiu ao primeiro-ministro israelense de direita, Benjamin Netaniahu, estabelecer o seu governo. Os representantes destes partidos extremistas são agora ministros no atual gabinete, com Bezalel Smotrich a tornar-se o ministro das Finanças e Itamar Ben Gvir – que costumava ser o advogado de defesa destes vigilantes – a tornar-se o ministro da Segurança Nacional”.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Rolar para cima

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.