África

Crise no Senegal: mais um golpe à vista?

Após anuncio do presidente Sall de que as eleições estavam adiadas, as ruas foram tomadas por manifestantes contrários a decisão inesperada

No dia 3 de fevereiro, depois de surgirem comentários em redes sociais de que as eleições no Senegal previstas para 25 de fevereiro seriam adiadas, o presidente Macky Sall, que terminará seu segundo mandato em 2 de abril, foi até uma rede de televisão para anunciar que realmente estavam suspensas as eleições, o que tem causado uma grande crise entre a população, atual governo e oposição.

De acordo com a Al Jazeera, logo após o anúncio do presidente a Assembléia consolidou a afirmação do presidente e marcou a nova data para 15 de dezembro. O projeto foi apoiado por 105 dos 165 membros da assembleia. Alguns legisladores da oposição foram removidos à força da Câmara durante o debate sobre o projeto de lei e a votação transformou-se num caos, uma vez que alguns membros tentaram bloquear fisicamente o processo.

Essa é a primeira vez que as eleições são adiadas no Senegal. A campanha eleitoral estava prevista para começar dois dias após a declaração de Sall. Especula-se que o adiamento se deu por que o candidato do atual presidente, Amadou Ba, da coligação Benno Bokk Yakaar (BBY) de Sall, não estava bem nas intenções de voto. 

Em sua declaração no sábado (3), Sall disse que iria trabalhar para resolver questões que surgiram quando um punhado de candidatos proeminentes foram desqualificados pelo Conselho Constitucional do país por não cumprirem os critérios estabelecidos. Entre os candidatos excluídos está Karim Wade, ex-ministro e filho do ex-presidente Abdoulaye Wade, que foi desqualificado por ter dupla cidadania francesa e senegalesa. 

Segundo a Al Jazeera, o outro candidato popular que foi excluído é Ousmane Sonko, provavelmente o maior adversário de Sall. Sonko, que ficou em terceiro lugar nas eleições de 2019 e que tem sido causa de muita tensão política nos últimos três anos, foi desqualificado por ter antecedentes criminais depois de ter sido preso sob a acusação de “corromper menores e incitar à insurreição” em 2023. Sonko ainda está detido. Outra situação é que o partido de Sonko, Patriotas Africanos do Senegal pelo Trabalho, Ética e Fraternidade (PASTEF), foi dissolvido.

Sonko é muito popular entre a juventude. Em 2021, manifestações aconteceram após ter sido preso por acusações de ter violado uma trabalhadora de uma casa de massagens. Ele também enfrentou uma série de desafios legais na época, incluindo o fato de ter difamado e “insultado” outro político. Seus apoiadores alegam que Sonko é inocente. As manifestações foram violentamente reprimidas levando à morte de 13 pessoas. Existem outros processos que estão tentando impedir Sonko de concorrer. Sua equipe jurídica aponta perseguição política.

“Sentimos que isto é um golpe constitucional”, disse Yassine Fall, o ex-vice-presidente do PASTEF, à Al Jazeera. “Macky Sall não está fazendo isso por nós, ele está fazendo isso contra nós. [Ele] entende que se formos às eleições, venceremos com uma vitória esmagadora, mas ele quer permanecer no poder ou que alguém do seu partido seja eleito.”

Após a decisão repentina de Sall de adiar as eleições, a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), chamou uma reunião de emergência para esta quinta-feira (8). O Conselho de Mediação e Segurança da CEDEAO disse que os ministros se reuniram para “discutir questões atuais de segurança e políticas na região”. 

Os problemas do Senegal são uma “nova crise de que a CEDEAO não precisa”, disse o consultor político beninense Djidenou Steve Kpoton à agência de notícias AFP. “Sua impotência diante da situação é evidente.” Apesar de ter colocado que Senegal deveria voltar ao seu calendário eleitoral, a comunidade segue desacreditada após todas as crises políticas que têm ocorridona África nos últimos meses.

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