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Genocídio em Gaza

Uma esquerda defensora de ‘Israel’

Esquerda Online entra na Campanha imperialista de atacar Netanyahu para tentar ocultar o problema do Estado de "Israel"

Na última quinta-feira, 11 de janeiro, o sítio Esquerda Online publicou artigo intitulado O governo da ‘segunda Nakba’ aproveita o momento. No texto, o portal esquerdista, ao aparentemente fazer campanha em defesa da Palestina e de denúncia do genocídio em curso, acaba por defender a política sionista, do chamado “sionismo de esquerda”. De início, a política sionista, imperialista, do partido Democrata dos EUA, já se esboça com a colocação sobre a “posse do governo de extrema-direita de Israel” e os “terríveis eventos de 7 de outubro e do ataque brutal em curso de Israel à Faixa de Gaza” (grifos nossos).

Ou seja, o problema da entidade sionista não seria ela própria, “Israel”, mas o “governo de extrema direita”; o 7 de outubro não foi um momento histórico para todos os povos oprimidos do mundo, rumo à libertação da Palestina, mas sim uma série de “terríveis eventos”; e não há menção alguma aos fatos além da ofensiva militar israelense, completamente fracassada até o momento em termos militares, ou à vitoriosa resistência palestina.

Trecho que reforça a caracterização errada do problema vem logo a seguir: “nossa preocupação de que este governo realizasse uma expulsão nos moldes da espoliação em massa da Nakba de 1948” (grifo nosso). A privação total na Faixa de Gaza e a ocupação crescente dos territórios palestinos, sob todos os governos sionistas, dos mais “à esquerda” aos abertamente fascistas, não possuiu grande diferença, e é isto o que o artigo oculta.

A tentativa de responsabilizar o atual governo do Estado sionista de “Israel” como forma de buscar salvar o que der do sionismo é evidente e aparece em todo o artigo: “altas figuras do governo israelense estão promovendo abertamente e trabalhando ativamente para a expulsão em massa” (grifo nosso). O autor enfoca ainda em indivíduos específicos do governo, ocultando constantemente o próprio Estado de “Israel” como principal responsável pela violência imperialista. Nomes se sucedem em substituição ao verdadeiro nome que importa, ao invés de “Israel”: Bezalel Smotrich, Itamar Ben Gvir, Netaniahu, Avi Dichter, ministério “X”, ministério “Y”, a direita israelense.

No meio do caminho, à direita

A matéria no Esquerda Online, ao final, complementa a política imperialista de maneira mais explícita:

“O dia 7 de outubro foi um momento de crise diferente de tudo o que Israel viu por meio século, ou talvez até mesmo desde 1948. A segurança nacional de Israel desmoronou, juntamente com a sensação pessoal de segurança de muitos de seus cidadãos. A crueldade dos ataques liderados pelo Hamas despertou um profundo desejo de vingança, de fato, a maioria do público judeu vê a espada como a opção mais razoável” (grifo nosso).

O portal passa a um ataque direto contra o partido mais popular da Palestina, a principal organização de luta do povo palestino, de maneira escancarada, enquanto justifica os ataques de “Israel” – afinal, o Hamas “despertou um profundo desejo de vingança”. A culpa pelo suplício do povo palestino, para o Esquerda Online, não é do sionismo, do Estado de “Israel”, mas do Hamas! O texto ignora totalmente o cenário catastrófico que levou à ação armada conjunta das organizações palestinas, centradas em torno do Hamas, a maior e mais popular delas.

O texto ainda fala de uma possível intervenção americana, europeia ou árabe, face à crise humanitária que se estabelece, e oculta o papel do imperialismo no conflito. Ele aponta essa possível intervenção como uma medida para evitar uma catástrofe humanitária. Ora, mas são os americanos e europeus que mantêm “Israel” de pé. Já os Estados árabes que não entraram no conflito estão sofrendo forte pressão do imperialismo, com governos estabelecidos e mantidos pelo capital internacional para controlar a região. Não há nada de humanitário numa intervenção destas, a intervenção dos entes citados é manifesta nas bombas que assolam a população em Gaza.

O argumento continua com um humanismo que não engana ninguém:

“Pode-se esperar que, especialmente depois de passar por um trauma tão terrível, a sociedade israelense comece a entender que um futuro seguro nesta terra só pode ser garantido chegando a algum tipo de acordo com os palestinos – e que a coerção, a violência e a supremacia nunca conseguirão isso.”

O imperialismo, enquanto fator central do conflito, do estabelecimento e da manutenção de “Israel”, é totalmente ignorado. Contudo, mesmo após todo o elencado, o encerramento do artigo entrega o jogo: a defesa do artigo é do sionismo, do Estado nazista de “Israel”, e não do povo palestino:

“Judeus e palestinos estão hoje mais próximos do abismo do que estivemos por 75 anos, e a adoção por Israel de uma solução Nakba completa poderia nos lançar a todos nele. Mas também é importante lembrar: quando você está à beira do abismo, ainda é possível vislumbrar o outro lado.”

A matéria no Esquerda Online equipara o “sofrimento” dos sionistas, verdadeiros nazistas, com o sofrimento do povo palestino, privado de terra, água, alimento, emprego, soberania e qualquer dignidade. Há um setor da esquerda, como fica demonstrado, que se apresenta como esquerda, mas, ao fim e ao cabo, adota a política do sionismo sem pestanejar.

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