Com a escalada do conflito entre Israel e Palestina, o Iêmen tem atacado navios israelenses na região. No último dia 4 de dezembro, dois desses navios foram tomados por soldados iemenitas quando passavam pelo Mar Vermelho enquanto tentavam cruzar o estreito de Bab el-Mandeb em direção a Israel.
Os iemenitas já declararam seu apoio e ajuda aos palestinos desde o dia 7 de outubro, quando a crise no Oriente Médio tomou novas proporções. A partir desta data os militares israelenses já assassinaram em Gaza quase 18 mil pessoas, entre estas 70% são mulheres e crianças. E até a data da publicação desta matéria o número de feridos informado pelo Ministério da Saúde de Gaza estava chegando aos 50 mil.
Em retaliação ao veto dos Estados Unidos sobre ao cessar-fogo na Faixa de Gaza na última reunião do Conselho de Segurança da ONU que aconteceu na sexta-feira (8), no sábado (9) o porta-voz das Forças Armadas do Iémen, Brigadeiro-General Yahya Saree, alertou que se Gaza não receber os alimentos e medicamentos de que necessita, todos os navios que passem pelas águas territoriais do Iémen em direção aos territórios ocupados se transformarão num “alvo legítimo”.
Essa situação tem deixado não apenas Israel preocupado, mas todo o imperialismo. O general iemenita, Saree, afirmou que “não há absolutamente nenhum perigo para a navegação internacional”, esclarecendo que as operações afetarão apenas “os navios que transportam mercadorias para a ocupação”. Na sequência, declarou que a proibição “entra em vigor imediatamente”.
As companhias marítimas que fazem a rota anunciaram neste domingo (10) que irão aumentar as taxas e também o valor dos seguros. A segunda maior empresa do ramo, a companhia Maersk, avisou aos clientes que a partir de janeiro pagarão uma taxa adicional de US$ 50 para contêineres de 20 pés. Para contêineres maiores, medindo 40 e 45 pés, a sobretaxa será de US$ 100, conforme comunicado da empresa.
A imprensa em Israel classificou a declaração do líder iemenita como “uma escalada e um evento muito sério”. E considerou que o problema afeta o mundo inteiro. Conforme o jornal Al Mayadeen, o ex-chefe da divisão de inteligência militar da ocupação israelense, Tamyr Hayman, disse que a ameaça iemenita é um problema para a “segurança nacional de Israel” e representa uma ameaça estratégica muito séria à “liberdade marítima de Israel”, levou em consideração também o aumento do custo de vida para os israelenses.
Atualmente o volume anual de importação de Israel é em torno de 400 milhões de shekels e 70% chegam através da via marítima. A atitude do Iêmen, além de aumentar os custos do seguro por conta dos riscos, resultaria também numa mudança de rota gigantesca: ao invés de passar pelo Mar Vermelho os navios teriam que dar uma volta na África, prolongando o tempo de navegação em 30 dias. Outro ponto seria que as companhias poderiam evitar completamente os portos israelenses.
Ou seja, ao contrário do que a imprensa burguesa ligada ao imperialismo tem publicado, de que os palestinos estariam isolados e sem condições de ganhar essa guerra, a realidade é outra. O conflito está se expandindo e os custos para o imperialismo estão cada vez mais altos. É de se esperar, como aconteceu na Europa, no conflito entre Rússia e Ucrânia, que os custos de vida possam aumentar significativamente e gerar no Oriente Médio uma revolta popular sem precedentes.