A situação na Palestina, após décadas se inflamando e refluindo, em revoltas e uma repressão brutal, finalmente estourou num levante armado. Os conflitos que dividiram o Oriente Médio, frente à crise do imperialismo, se dissolveram. A guerra entre Arábia Saudita e Iêmen, as relações Arábia Saudita e Irã, Irã e Síria, tudo se resolveu, exceto um ponto: a base militar do imperialismo chamada “Israel”. E duas alternativas são colocadas: a solução de um único Estado, ou de dois Estados, um palestino, e um sionista.
Muitos setores da esquerda defendem a solução de dois estados, já muitas vezes respaldada na ONU, sem oposição aberta a uma primeira vista. Sem se opor completamente à ocupação do território, a posição é uma alternativa centrista e, ao mesmo tempo, impossível.
“Israel”, pela sua função de dominação da região pelo imperialismo, não pode ceder, afinal, é uma arma de ataque. Naturalmente, não pode recuar para uma retomada palestina das terras que foram colonizadas. Por isso mesmo, nem protestos pacíficos são tolerados.
Na Grande Marcha de Retorno, em 2018, a população de Gaza fez passeatas até o muro da ocupação militar, que estabelece um campo de concentração em Gaza. A resposta da ocupação militar foi fuzilar, assassinar com franco atiradores e reprimir com bombas de gás o protesto pacífico. Ou seja, não existe alternativa pacífica, negociável, para estabelecer a solução de dois Estados, porque “Israel” não pode admiti-la.
Agora, suponhamos que, apesar de toda a influência do imperialismo, a solução se desse e dois Estados passassem a coexistir. Como seriam distribuídos os recursos? Quem decidiria? A disputa continuaria, mas na figura de dois Estados, como uma guerra convencional, e não mais um verdadeiro genocídio. Em outras palavras, não solucionaria o problema.
A solução de um único Estado, que abarque as duas populações, e contemple a todos em termos de direitos e garantias seria a única resposta democrática para a questão. A região da Palestina sempre viu a convivência de povos com uma diversidade de religiões de maneira pacífica, o conflito não se trata de um problema religioso, é uma questão econômica, especificamente, o petróleo abundante no Oriente Médio.
Solucionar a coisa, então, requer uma luta encarniçada contra a dominação imperialista, e o sionismo é a ideologia da dominação imperialista naquela região. Apenas com o fim do Estado de “Israel” poderá haver paz, numa Palestina unificada, e não mais um enclave imperialista para esmagar os povos que ali de fato habitam.
Nesse sentido, a solução passa por apoiar a luta do povo palestino, que está nesse momento, em destaque, sendo travada pelos militantes do Hamas, numa luta de libertação nacional. O imperialismo pressiona contra o apoio ao Hamas, porque justamente é o Hamas o fator central no levante. A luta política está se dando pelas mãos de cada militante do Hamas.
Assim, a categorização do partido como terrorista é uma farsa do imperialismo, como feito na Guerra ao Terror iniciada por Bush. Essa pecha deve ser rejeitada de maneira veemente por toda a esquerda.
A luta não ocorre num conto de fadas em que um Estado palestino se desenvolve e “Israel” recua. Ela se dá frente a uma ocupação de violência a maior possível, onde a privação de água é a regra – 97% da água em Gaza é imprópria para consumo. Portanto, qualquer apoiador da Palestina é, na realidade, um apoiador do Hamas. Não existe apoio à Palestina, nesse momento, sem o apoio aos guerreiros do Hamas. Todo apoio à libertação da Palestina! Todo apoio ao Hamas!