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Carla Dórea Bartz

Jornalista, com 30 anos de experiência (boa parte deles em comunicação corporativa). Graduada em Letras e doutora pela USP. Filiou-se ao PCO em 2022.

Cinema e política

Visconti e as classes dominantes italianas

Filme de Visconti é uma crítica à nossa percepção de civilização pelos olhos de personagens privilegiados e cruéis.

Na minha coluna desta semana farei um comentário sobre o cineasta italiano Luchino Visconti. Nascido em 1906, de uma família que pode ser rastreada à nobreza de Milão de 1200, Visconti foi um extraordinário diretor de cinema italiano que deixou obras impressionantes.

Ele conseguiu escapar dos limites impostos por sua classe social para assinar filmes políticos e sociais nos quais critica as classes dominantes de seu país, sejam os nobres ou os burgueses, dentro da conjuntura capitalista, em filmes que se passam no século XIX ou no XX.

O Leopardo (Il Gatopardo, 1963), um de seus filmes mais famosos, por exemplo, é o retrato de uma aristocracia decadente vivendo o turbilhão das mudanças de poder na Europa de 1860. Opersonagem principal, príncipe de Salina (Burt Lancaster), precisa lidar com a decadência de sua família, a ascensão da burguesia e as guerras de independência lideradas por Giuseppe Garibaldi.

Em seu penúltimo filme Violência e Paixão, de 1976, que assisti essa semana, o retrato é contemporâneo. O diretor encena o conflito entre um professor de meia idade (novamente o ator americano Burt Lancaster) e uma família aristocrata que decide alugar um apartamento no edifício de explêndia arquitetura, e de sua propriedade, em Roma.

Como em O Leopardo, o contraste entre a vulgaridade dos novos ricos e os valores de classe do príncipe são o foco. No entanto, aqui, h´a diferença é mais sutil. Apesar de ser um intelectual rodeado de livros e amante de artes, não há um conflito entre duas classes sociais, apenas de visões de mundo. Vemos o professor emergir, com ose estivesse em uma cápsula do tempo herméticamente fechada, para interagir com indivíduos que surgem em sua vida e o acordam para a contemporaneidade.

A família que o visita é formada pela marquesa Bianca Brumonti, seu amante Konrad Hubel (Helmut Berger), sua filha Lietta (Claudia Marsani) e, de maneira ambígua, Stefano (Stefano Parizi), namorado de Lietta.

Konrad é o grande alienígena do grupo. É um radical de esquerda da classe trabalhadora alemã, um perseguido político, que denuncia fascistas. Vive de pequenos golpes e dos favores de sua marquesa.

O retrato do bando é o que se pode esperar: privilegiados, fúteis, egoístas e vulgares, eles desfrutam de seu status com a arrogância dos que mandam. Mas, a sutileza do filme está em nos fazer perceber que o professor, com seus conhecimentos e maneira educada, é diferente deles.

O personagem marginal de Konrad é a chave para entender a falsa moral que os une. Um grande filme sobre a crueldade dos privilegiados.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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