De acordo com matéria publicada na Folha de S. Paulo, a perita criminal Bárbara Suelen Coloniese, inspecionando um presídio no interior do Rio Grande do Norte decidiu conversar com um detento em isolamento. O cidadão estava naquele local há 39 dias recebendo apenas comida e água e nenhum material de higiene pessoal.
Segundo Coloniese, ao colocar a cabeça para dentro da cela, ela deu dois passos para trás, pois o cheiro lembrava o de um animal morto.”Estava todo descabelado, barba por fazer. Ele falou, pelo amor de Deus me arruma um pouco de pasta (de dente) e um pedacinho de sabonete? Fico arrepiada só de lembrar”, disse ela, que é integrante do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate a Tortura.
Outra situação que foi observada no presídio, também no RN – e que consta no relatório -, é a proibição do uso de papel higiênico pelos presos, sob a alegação de segurança. “Há uma expressa proibição do papel higiênico dos custodiados com a inaceitável justificativa de que podem utilizá-lo como massa para ocultar algum buraco, assim como os livros”, diz trecho do relatório.
De acordo com informações dos presos e familiares, essa medida foi implementada há mais de dois anos e ainda continua. Piorando a situação, existe um racionamento de água sendo liberada apenas três vezes ao dia, com o período de 20 a 30 minutos cada vez. Em um presídio no Pará em 2019 e outro no Sergipe em 2022, o relatório mostra que os detentos tomavam água da privada para matar a sede.
Essas são algumas das denúncias das quais temos acesso. Porém, a situação é muito pior; os relatos são chocantes, presos falam de comida estragada; superlotação (é de praxe); invasões nas celas de madrugada pelos PMs também são corriqueiras; torturas; maus tratos, enfim, a violência desumana e sem controle contra os presos nas cadeias brasileiras diariamente.
Por curiosidade, fizemos uma pesquisa sobre as prisões para policiais. Na internet se encontra muito pouca coisa, e o que mais aparece é o presídio Romão Gomes em São Paulo. Pela reportagem, ainda tem vagas, os detentos recebem visitas de amigos e familiares durante o final de semana, trabalham em diversas modalidades e diferentes trabalhos durante a semana, incluindo uma espécie de fazendinha onde cuidam de animais, plantas e alimentos.
No entanto, a discussão não é como é o presídio para PM e para a população preta e pobre, o que por si só mostra uma diferença gritante. O problema é que enquanto os negros e pobres são torturados e assassinados dentro das prisões pelo próprio Estado que o colocou lá, a polícia nas ruas recebem mais armas, mais munições e licença para matar. Orquestrando contra a população um verdadeiro estado de guerra e terror permanente.