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Cúpula do Mercosul

Posição anti-imperialista de Lula polariza o continente

Com divergências sobre acordos do Mercosul com outros mercados e a reintegração da Venezuela, bloco do "cone Sul" fica dividido.

Aconteceu na terça-feira a Cúpula do Mercosul, contando com a participação da Bolívia e de representantes de Estados associados, como a Guiana. O evento ocorreu na cidade argentina de Puerto Iguazú, que faz fronteira com Brasil e Paraguai na chamada tríplice fronteira. O bloco originalmente formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, contou com a adesão da Venezuela em 2012, porém o país foi suspenso meses após o golpe de Estado no Brasil em 2016. A Bolívia segue tramitação para integrar o “Mercado Comum do Sul”, que tem como objetivo estimular principalmente a integração econômica dos países da região.

Lula assumiu a presidência temporária do bloco e adotou uma posição claramente anti-imperialista, que não foi bem recebida pelos membros mais direitistas, como os representantes de Paraguai e Uruguai. As principais divergências foram em torno da proposta de acordo com o bloco apresentada pela União Europeia e a reintegração da Venezuela, suspensa em 2016. Como já era esperado, o presidente brasileiro procurou puxar o bloco para a esquerda. No outro extremo, o governo muito direitista do uruguaio Luis Alberto Lacalle Pou. De um lado, a defesa da soberania e o crescimento do continente como um todo, do outro a cartilha neoliberal submissa aos interesses do capital estrangeiro.

O presidente argentino Alberto Fernández criticou a proposta de acordo apresentada pela União Europeia e foi acompanhado por Lula. Entre outras coisas, o acordo prevê sanções apoiadas em “demandas ambientais”, que podem servir para barrar uma série de produtos dos países da América do Sul. Como ficou provado na crise energética que a Europa sofreu com a interrupção da importação de combustíveis fósseis da Rússia, essa cartada ecológica não passa de manobra dos europeus para poder impor restrições unilaterais ao comércio com os países do Mercosul. Um ponto destacado por Lula é que o acordo prejudicaria a autonomia do governo brasileiro de priorizar produtos nacionais nas compras realizadas pelo governo, “um dos poucos instrumentos de política industrial que nos restam”.

Em relação aos acordos com outros blocos econômicos, o Uruguai chegou a flertar com um abandono ao Mercosul ou então um enfraquecimento do vínculo, deixando de ser um “Estado Parte” para ser um “Estado Associado”. Segundo os uruguaios, o Mercosul avança pouco nos acordos com outros blocos. No contexto da atual proposta da UE, a postura se traduziu num apoio à submissão aos termos impostos pelos europeus. Nada surpreendente para um governo capacho do imperialismo. A posição uruguaia foi muito repercutida na imprensa golpista, que pressiona para que o bloco aceite o acordo com a UE e vibra com as críticas ao governo venezuelano.

O jornal O Globo lançou uma matéria intitulada “Venezuela e China provocam divisão na Cúpula do Mercosul”, com a habitual falta de honestidade. O jornal golpista tenta desautorizar o governo brasileiro a responder a arrogância dos europeus, lançando mão de uma série de chantagens para forçar Lula a se submeter. O “conselho” para o governo petista para salvar o Mercosul é se ajoelhar à UE e virar as costas para a Venezuela, algo muito distinto do objetivo do bloco e da política externa levada adiante por Lula, para desespero do imperialismo.

Uruguai criticou “protecionismo do Mercosul” e Fernández retrucou que quem pratica protecionismo de verdade são os europeus. Se pensarmos na política dos Estados Unidos então, a coisa só se aprofunda. Se as principais economias do mundo protegem seus mercados, por que só nós não temos esse direito? A crise exposta entre os membros do Mercosul expressa a polarização no continente, que tem em Lula seu polo esquerdo.

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