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Conclusões erradas

A culpa do golpe não é de junho de 2013

O golpe foi organizado antes, pelos EUA, pelo Judiciário, pela imprensa golpista e contou em 2014 com uma ajudinha do "Não vai ter Copa" de Guilherme Boulos

Valter Pomar publicou, no último dia 16 de junho, no portal Brasil 247, coluna intitulada “Focus sem foco”, onde debate com a posição da revista Focus, da Fundação Perseu Abramo, sobre as chamadas “jornadas de junho de 2013”.

As críticas feitas por Pomar, estão corretas no fundamental. O primeiro ponto apresentado por ele é a tese de que junho de 2013 teria sido o “ovo da serpente” do fascismo no Brasil e, segundo a revista, teria sido aberto “o caminho para o impeachment, a República de Curitiba, a ascensão de extremistas e a prisão de Lula”. Valter Pomar discorda disso.

De fato, a tese é absurda. Colocar a culpa no golpe de Estado e da ascensão da extrema-direita no País a uma mobilização popular é ignorar toda a articulação golpista que já estava acontecendo no País, inclusive antes de 2013. O golpe foi organizado nos escritórios dos Estados Unidos, começou com a farsa do julgamento do mensalão em 2012.

Outra crítica correta de Pomar é a de que tal análise serve como pretexto para setores do PT e da esquerda não chamarem mobilização. Ele afirma que:

“O debate sobre 2013 tem relação com a linha política que o Partido deve adotar em 2023. 

“Isto fica claro quando, no citado editorial, se afirma o seguinte: ‘Lembrar e deplorar os acontecimentos de junho de 2013 ser virá de alerta para que as forças populares não voltem a cair no ‘canto da sereia’ de aprendizes de feiticeiro da política que para posarem de modernos venham atrapalhar a caminhada vitoriosa do governo de Lula em sua luta diária pela união e reconstrução do Brasil’.

“Traduzindo: nada de convocar mobilizações, nada de ocupar as ruas para apoiar o governo.”

Ou seja, ignora-se toda a articulação golpista feita pelo Judiciário, no Congresso, pela imprensa, pela CIA etc e atribui a culpa do golpe às manifestações. Se acreditarmos nisso, novamente a esquerda levará um golpe com a mesma facilidade que levou em 2016. Segundo esse raciocínio, deixemos Arthur Lira chantagear o governo à vontade que tudo vai se resolver, o povo pode ficar esperando sentado.

Se podemos apontar um ponto onde a crítica de Pomar é falha é quando afirma que “a partir de 2013, a direita passou a disputar as ruas contra nós.” Isso é em partes correto, mas há uma lacuna aí que precisa ser explicada.

É fato que a direita, tremendo perder o controle da situação política e notando o potencial explosivo da mobilização, sequestrou o movimento. A partir daí, colocando agentes infiltrados dentro da manifestação, passou a “disputar as ruas” com a esquerda.

Mas a direita, naquele momento, ainda não tinha força real nas ruas. Uma posição clara da esquerda seria o suficiente para retomar as ruas. Depois que a onda das manifestações de 2013 abaixou, a direita saiu das ruas.

As grandes manifestações da direita, que é preciso ser dito claramente, foram impulsionadas pelo PSDB – o bolsonarismo sequer existia na época – só começaram em 2015. Para ser justo, no final de 2014, somente após a derrota eleitoral de Aécio Neves, houve manifestações da direita, mas que ainda não eram significativas.

O que houve, então, entre o fim da onda de manifestações de 2013 e o final de 2014? Não houve disputa das ruas, o que houve foi o “Não vai ter Copa”, um conveniente movimento, financiado pelo imperialismo (para os desinformados isso hoje está comprovado), mas que tinha um esquerdista à frente – ou um suposto esquerdista – que servia perfeitamente aos interesses da direita golpista.

Guilherme Boulos serviu aos interesses da direita golpista e esta nem precisou se preocupar em organizar nenhum movimento de rua, mesmo porque ela não teria essa força. Por isso Guilherme Boulos tinha todo o destaque na imprensa golpista, coluna exclusiva na Folha, as manifestações do “não vai ter Copa” eram apresentadas como grandes atos contra o governo inclusive no exterior.

Faltou apenas preencher essa lacuna. A esquerda poderia ter facilmente retomado as ruas completamente após 2013. Isso não aconteceu justamente pela ação desastrosa de um setor da esquerda que não entendeu – e ainda não entende – o que aconteceu e pela ação sabotadora de outro setor da “esquerda” que saiu na rua porque considerava o governo Dilma “indefensável”.

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