Está na hora de enfrentarmos uma verdade muito dura: o sindicalismo brasileiro não têm interesse em mobilizar a classe trabalhadora em prol de uma pauta popular e progressista.
Faz anos que assisto às análises políticas de Rui Costa Pimenta e não tem um sábado, desde o golpe de estado contra o governo do PT, que o presidente do PCO não apele às centrais sindicais, especialmente à CUT, pela liderança efetiva e consciente das massas trabalhadoras brasileiras na defesa de seus direitos na atual conjuntura sócio-histórica.
Espanta-me, e fica difícil de entender, como uma organização da importância da CUT se comporte apenas como uma ONG ligada a partidos políticos que têm pautas abstratas e totalmente desprovidas de lutas concretas por melhores condições de trabalho e de restauração dos direitos perdidos.
No twitter, é vexatória sua capacidade de mobilização: seus posts não conseguem atingir um ou dois likes. Hoje, enquanto escrevia esse texto, a entidade conseguiu, de novo, mostrar seu caráter reacionário. Publicou um post a favor da PL da Censura, com uma ilustração roxa e amarela, que lembra muito certos panfletos publicitários do PSOL.
Espanta-me também como a figura do seu presidente, Sérgio Nobre, é poupada. Nunca vi, nos últimos anos, uma entrevista desse senhor nas mídias progressistas. Nunca o vi, por exemplo, no 247 ou em outras mídias que acompanho. A CUT não ser pauta, em meio às dificuldades que enfrentamos, é inaceitável.
Espanta-me que esse importante agente político seja poupado de suas atribuições e responsabilidades. Trata-se de uma central sindical que vive de disseminar pautas que prejudicam de maneira terrível a classe trabalhadora e alegram a burguesia e certos setores alienados da classe média.
Isso merece investigação diante da urgência dos fatos no atual momento histórico. O alinhamento com o PC do B parece claro no post ao lado, visto que o PL é obra de um de seus deputados.
De concreto, a defesa da censura disfarçada de combate a “fake news”, um anglicismo mal explicado e completamente abstrato.
A desesa do materialisto histórico e dialético
Nas últimas semanas, tenho participado de debates em diferentes grupos sociais que frequento. As pessoas, no geral, se dizem progressistas e de esquerda. Mas é fato que, atualmente, conversar com grupos que se dizem de esquerda está muito parecido com conversar com bolsonaristas patriotas. É impossível ir além do senso comum e conceitos marxistas básicos são completamente ignorados,
Essa semana, em especial, participei de uma discussão em que não estava claro, para as pessoas, categorias simples como: burguesia, classe dominante, classe média, pequena burguesia e classe operária.
A abstração chegou a um nível que parece que não há retorno. Em outra discussão, a abstração identitária é tal, que a luta de classes deixou de existir. Mesmo que as condições de reprodução da vida cotidiana praticamente gritem as contradições na cara das pessoas.
Não é preciso dizer que cada palavra de resposta deve ser escolhida com extremo cuidado para que não sejamos punidos de alguma forma, com acusações de todo tipo – podemos estar ofendendo ou apenas sendo malucos.
É fato que a lei que a CUT tanto pede ainda não foi aprovada, mas a censura já existe nos setores de esquerda. E muito. A quem essa condição serve?