O Partido da Causa Operária (PCO) irá propor, à III Conferência Nacional dos Comitês de Luta, uma carta aberta dos Comitês dirigida ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pedindo que o Brasil ajude o povo cubano na difícil situação econômica vivida pelo país caribenho.
A medida foi aprovada em reunião ordinária do Comitê Central Nacional do PCO, ocorrida em São Paulo no último domingo (21).
A III Conferência Nacional dos Comitês de Luta ocorrerá nos dias 9, 10 e 11 de junho, na Quadra dos Bancários, em São Paulo. Dela, deverão participar cerca de 3 mil ativistas e militantes de diversas organizações de esquerda do País.
A Conferência também contará com a presença de representantes diplomáticos de países como Nicarágua, Venezuela e da própria Cuba.
Neste momento, o povo cubano vive uma escassez de diversos produtos básicos, principalmente de alimentos e medicamentos. Como constatou a reportagem especial do DCO que esteve em Havana em maio, Cuba produz os seus próprios remédios, mas está impedida de comprar os materiais para a sua produção devido ao bloqueio imposto pelos Estados Unidos.
“Nesse momento aqui, já não tem mais nada lá. O bloqueio se recrudesceu muito. Falta papel, falta papel higiênico, não tem guardanapo nos restaurantes. Às vezes, eles dão um guardanapo para cada pessoa, não tem água nos restaurantes, as casas todas estão muito deterioradas. Eu entrevistei bastante gente sobre tudo, não tem cimento, a inflação eles falaram que está alta, daria para ficar horas e horas falando do sofrimento que eles estão passando, por causa do bloqueio econômico”, disse Eduardo Vasco, militante do PCO e jornalista do DCO, em informe ao Comitê Central do Partido.
“O país está muito pior que há um ano, porque nos últimos trinta anos o país sofre muito por causa do bloqueio. Os EUA recolocaram Cuba na lista de países patrocinadores de terrorismo, com o Trump vieram mais medidas para recrudescer o bloqueio, veio a Covid e Cuba se fechou com a Covid, e a receita vem praticamente toda do turismo. Os gastos que vinham de vários setores tiveram de ir para a saúde. Passou a pandemia, o Estado está praticamente com os cofres zerados”, continuou.
Vasco completou: “por causa disso, o povo está precisando de tudo. Leite, por exemplo, que eles tinham antes, agora é só para crianças de até 7 anos no carnê do governo. Eles não tem remédio, é um desastre. A internet lá não funciona bem. Quase não há wi-fi, o usuário tem que comprar dados, e os dados móveis são muito lentos. Por isso que o pessoal assiste tanta novela e o acesso ao Youtube, por exemplo, é muito reduzido.”
Nos seus governos anteriores, Lula realizou uma importante aproximação com o governo cubano. Dela, resultaram dois principais acordos: a construção do Porto de Mariel e o envio de médicos para o Brasil com o programa Mais Médicos, no governo Dilma Rousseff. A parceria foi importante para o povo brasileiro, que pela primeira vez viu médicos atenderem os pobres e miseráveis dos locais mais remotos do país, e também para o Estado Operário cubano, que pôde facilitar as realizações comerciais com o novo porto.
Contudo, a partir do golpe o Brasil praticamente encerrou relações econômicas com Cuba, Bolsonaro expulsou os médicos cubanos, e ainda por cima os EUA endureceram os efeitos do bloqueio econômico contra a ilha, impondo mais de 200 novas medidas e inserindo novamente o país na arbitrária lista de nações patrocinadoras do terrorismo.
O terceiro mandato de Lula já se mostrou, principalmente na política externa, mais progressista que os anteriores. O Brasil está, efetivamente, alinhado com Rússia e China, principais fontes de apoio econômico a Cuba, nos BRICS. A própria ex-presidenta Dilma Rousseff assumiu este ano a presidência do Banco de Desenvolvimento dos BRICS e o governo federal deu indicações sobre uma política de maior integração da América Latina. Seria natural, além de uma obrigação (haja vista tudo o que a Revolução Cubana já fez pela luta da esquerda e dos trabalhadores brasileiros) voltar e aprimorar a parceria com Cuba, inclusive enviando ajuda sem precisar de algo em troca.
Trata-se de um dever de um governo de esquerda, apoiado na classe trabalhadora, ajudar o povo cubano em um momento no qual o imperialismo tenta submetê-lo a uma agonia desumana e cruel. Todo o apoio ao povo cubano! Abaixo o criminoso bloqueio econômico!