Punição por faixa

Torcedores do Flamengo são presos após a faixa contra a ditadura

A burguesia assanha sua polícia para aumentar a repressão contra a população

Dois torcedores do flamengo foram condenados a usar tornozeleiras eletrônicas e foram obrigados a ficar afastados dos estádios até 31 de dezembro após tentarem abrir uma faixa que continha a frase “morte aos torturadores de 64”. Em dias de jogos do Flamengo no Rio de Janeiro, os dois torcedores devem permanecer em suas casas meia hora antes do jogo ou até o final da partida. Além disso, tiveram que pagar multa de R$ 300,00.

A faixa foi levada por um ou mais torcedores do Flamengo no dia 1º de abril, data de aniversário de 59 anos do golpe militar, quando ia acontecer o primeiro jogo entre Flamengo e Fluminense do Campeonato Carioca.

Faixa que causou a discórdia e levou a condenação de dois torcedores

O torcedor do Flamengo que levou a faixa tinha o objetivo de se manifestar contrariamente à ditadura militar de 64. A faixa teve apoio de grande parte da torcida, que ajudou a estendê-la. Houve uma discussão na arquibancada de torcedores do Flamengo a respeito da faixa, cuja exposição poderia ser considerado “discurso de ódio”, e logo chegaram policiais militares à arquibancada.

De simples expulsão do estádio, o torcedor foi imputado como infringente do Artigo 41-B do Estatuto do Torcedor, que trata da promoção de tumulto, prática de violência ou invasão de local restrito aos competidores de eventos esportivos. A lei é do estatuto do torcedor criado pela CBF. Outro torcedor, que era advogado, tentou defender o acusado e foi enquadrado no mesmo delito. Os dois tiveram sua identidade protegida pela imprensa a pedido deles mesmos.

“Eu ajudei a separar a confusão, pois tinha mulheres, crianças. Quando chegaram os policiais, o pessoal dispersou, guardaram a faixa e eu fiquei no mesmo lugar, pois não tinha feito nada de errado. O policial me disse que eu seria retirado do estádio, mas me levou ao Jecrim” (Juizado Especial Criminal), disse o torcedor que era advogado.

A tentativa de criminalização das manifestações da esquerda e seus usos de faixas vem de longa data. A burguesia persegue as torcidas organizadas porque costuam ser politizadas, basta ver que muitas delas foram às ruas para lutar contra os fascistas. A desculpa usada para a perseguição é que as torcidas seriam violentas, associadas ao crime etc.

A esquerda deve se colocar no terreno da defesa do livre direito de organização das torcidas, apoiando a luta que este setor trava contra a burguesia e o regime político

O que se vê hoje, quando as torcidas organizadas se aglomeram nos dias de jogos, é um grande contingente policial armado até os dentes, solícitos à agressão contra os torcedores por qualquer motivo. No Rio de Janeiro, até mesmo os seguranças de empresas como o Metrô estão colocando, em dias de jogos, seguranças fortemente armados, com rostos cobertos, com escudos, joelheiras, cotoveleiras, cacetetes e armas de choques elétricos para reprimir qualquer coisa que lhes pareça com uma tentativa de vandalismo dentro das dependências da empresa e até do lado de fora.

As torcidas, que são grupos organizados de trabalhadores que se unem para ver futebol e se distrair da opressão que recebem da exploração da burguesia nos seus trabalhos. Mas são considerados criminosos em potencial. A violência foi imposta pela burguesia, não pelos trabalhadores.

Em 2019 as torcidas de esquerda se multiplicaram como sintoma da radicalização da direita

As novas tentativas da direita contra as torcidas organizadas e contra o uso de faixas não vão ter sucesso por muito tempo, algum tipo de reação vai ser esboçada, de maneira pacífica ou não contra a burguesia. Temos que fazer uma campanha e um movimento contra essa repressão dentro dos estádios de futebol. Casos como este só aumentam desde o golpe de 2016 e visam a repressão todas as manifestações políticas.

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