“A imprensa sempre usa a notícia para fazer sensacionalismo”, diz Eduardo Vasco, apresentador do programa Não Compre Jornais, Minta Você Mesmo, que vai ao ar às sexta-feira, citando as matérias do ataque a escolas em Blumenau e outras. E acrescenta que estão mudando o editorial que dão às matérias ao não mostrar o resultado das ações e os atores delas, alegando que eles querem aparecer e ter fama para assim evitar que sirva de incentivo a outras pessoas fazerem o mesmo.
Na verdedade isso não faz sentido, pois esconder os fatos não colabora em nada para evitar novos casos e que isso tem outro objetivo, o de manipulação da informação com objetivos políticos. Como o exemplo, a imprensa deixou de mostrar as imagens de torcedores invadindo o campo de futebol, driblando o juiz, os bandeirinhas e a polícia para não ser preso, alegando que é para não estimular que outros façam o mesmo. Com isso apenas impedem a diversão dos espectadores e não impedem outras ocorrências, o mesmo irá acontecer com os ataques às escolas.
Se trata de uma forma de censura, por que esconder quem fez a ação? Precisamos saber quem são as pessoas e o por quê do que aconteceu, e que isso acaba com o debate e a crítica dos fatos. Que é reflexo da intenção de acabar com o pensamento crítico na sociedade, um exemplo é o que o próprio Flávio Dino disse sobre a intenção de “não publicar esse tipo de notícia”.
Um setores da esquerda, como o portal 247, estão aceitando essa narrativa e acabam apoiando a política de “não dar espaço para quem quer ter fama” achando que estão contribuindo para um mundo melhor e com isso fortalecem a censura e falta de informação para a sociedade e a consequente manipulação da informação, e neste caso aumenta o clima de pânico, pois quanto menos as pessoas sabem o que aconteceu aumenta o “mistério” e a insegurança.
Como exemplo podemos citar uma matéria do jornal O Globo de 1989. Esta matéria apresentava o autor do sequestro do empresário Abílio Diniz, e na foto ele aparece vestido com uma camisa do PT. Isto ocorre durante a campanha eleitoral com a disputa acirrada entre o Lula do PT e o Collor do PRN, com o jornal indicando que Collor estava à frente nas pesquisas e assim associaram o sequestro de Diniz com o PT, com a clara intenção de diminuir as intenções de voto no PT, que acabou por perder a eleição, como sabemos hoje.
Foi apresentado outro exemplo de manipulação da informação, durante a ditadura militar houve um surto de meningite. Isso ocorreu na década de 1970 e como a ditadura censurava tudo que pudesse manchar a reputação do governo e não permitiu a divulgação pela imprensa, o que favoreceu a proliferação e se tornou o pior surto da doença no país, segundo dados da FioCruz.
É colocado o tema das privatizações e defesa das estatais. Uma manchete do Jornal Folha de São Paulo diz em letras garrafais que “o apoio à privatização salta e chega a 38% da população”, dados do ‘DataFalha’. Foi destacado que essa matéria aparece justamente quando o governo Lula está atacando as privatizações e esse índice parece indicar que a população está do lado contrário ao Lula, pura manipulação.
A matéria destaca o crescimento para 38% favorável à privatização, mas não revela que ao mesmo tempo temos 62% contra, ou pelo menos neutro. A matéria diz que são 45% “contra a privatização”. Revela-se a verdadeira intenção do jornal, manipular os dados de forma grotesca e mentirosa. “Se existe algum motivo para um governo censurar seria essa matéria” E ainda é colocado que uma matéria jornalística deveria focar no mais significativo, neste caso os 62% ou os 45%, mas ao invés disso destacam o número favorável à burguesia, os 38%.
Chama a atenção que mesmo com toda essa manipulação da informação tentando favorecer as privatizações isso não afeta a opinião do povo, que continua sendo contra ela como os dados das pesquisas estão mostrando. Isso sem debates onde possam ser apresentados os argumentos a favor e os contra a privatização, mostrando que o povo não é besta como querem dizer essas empresas jornalísticas.
Outra matéria enganosa no Jornal Nacional fazendo propaganda da venda de ativos da Petrobras, PPI (Preço de Paridade Internacional) que é a dolarização do preço dos combustíveis, sendo que Lula já disse que vai acabar com isso e que o preço deve ser em reais. Só será possível alterar essa política quando mudar os representantes do Conselho da Petrobras, disse Lula. Enquanto isso, a Globo faz propaganda que a política dos preços devem ser como estão, em dólar, para pressionar o governo e favorecer o imperialismo.
Em 2017 17% dos pesquisados eram contra as privatizações e nesta nova pesquisa são 45% contra e isso revela a política acertada de Lula. Depois que as refinarias da Petrobrás, a Eletrobrás e outras estatais foram privatizadas a rejeição pelas privatizações cresceu, mostrando que o povo não quer nem saber de privatizar seu patrimônio. Até mesmo a esquerda que não se manifestava contra as privatizações depois da constatação da piora da qualidade dos serviços e o encarecimento dos preços, começou a se posicionar abertamente contra elas.
É como mostra o caso na Bolívia em que a água privatizada e encarecida levou a fortes conflitos entre o povo e o governo neoliberal que resultou na nacionalização desse recurso vital para o país. Aqui no Brasil a privatização da Vale o descaso com manutenção levou à poluição e destruição considerável do rio Paraopeba e da cidade de Brumadinho, até hoje não indenizados. Houve mortes e perdas das casas pelos moradores. Isso também não é noticiado regularmente e não é associado à privatização
Nessa mesma pesquisa existem os dados referentes aos Correios, aos Portos, Petrobras e bancos públicos onde concluem que a maioria da população é contrária a essas privatizações, mas esses dados ficam no rodapé da matéria da ‘Falha’ de São Paulo, longe do alcance da visão dos leitores. Clara intenção de manipular a informação. Lembrando que são 45% contra as privatizações e 38% a favor e ainda não sabemos se as pesquisas foram feitas de maneira isenta e coerente. O que vale para eles é a defesa do neoliberalismo.
Também tentam incriminar Lula acusando-o de “estar na contramão do discurso climático” por querer aumentar a prospecção de petróleo no Amazonas. Ao mesmo tempo colocam o ministro de Minas e Energia no “caminho correto” explorando energias renováveis. Nesse sentido estão colocando Lula como praticando “um crime contra o clima”, portanto não atendendo aos interesses do meio ambiente, da natureza onde podemos traduzir por “os interesses dos grandes monopólios que não querem que o Brasil explore nosso petróleo porque eles precisam explorar nosso petróleo”, apesar de que eles como a Chevron e Exxon Mobil que foram os responsáveis pelo enorme desastre ambiental no golfo do México com os vazamentos de petróleo. Disso essa imprensa não faz acusações de prejudicar o meio ambiental, só fazem contra Lula e a Petrobras, não dizem que privatizando a Petrobras as empresas estrangeiras continuarão a extrair o petróleo para ser utilizado e isso não tem problemas para o clima?
Posto isso concluímos que a intenção da imprensa imperialista é demonizar o governo Lula e do PT, justamente no momento em que Lula, em viagem à China, dá declarações que incomodaram e muito os EUA e UE por aderir ao comércio entre os dois países em moedas próprias rejeitando o uso do dólar, o que prejudica o domínio estadunidense no mundo, pelos inúmeros acordos comerciais assinados que podem alavancar o desenvolvimento industrial do Brasil e assim possa se consolidar como governo desenvolvimentista.
Isso fica ilustrado por matérias dos jornais New York Times, Washington Post, The Economist e jornalistas brasileiros comprometidos com o imperialismo, onde dizem que o Brasil está saindo da área de interferência dos EUA e se aproximando dos BRICS, o que eles estão chamando de “eixo do mal”, os demônios do planeta. Se lembrarmos da guerra do Vietnã, do bombardeio da Iugoslávia, da invasão do Iraque, da Líbia e do Irã, veremos que os EUA e UE é que são os demônios do planeta, não Rússia, China, Brasil, e Irã, que até agora apenas se defenderam da dominação imperialista.
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