Na última terça-feira, dia 11, o Clube de Regatas do Flamengo anunciou a demissão do treinador português Vitor Pereira. Para efetivar a rescisão contratual, o clube teve de pagar 15 milhões de reais ao técnico. Isso mostra como a contratação de técnicos portugueses tem gerado muitos prejuízos ao clube carioca.
Vítor Pereira não foi o primeiro treinador português a naufragar o time rubro-negro. No ano de 2022, o Flamengo contratou o treinador português Paulo Sousa, um técnico que ninguém nunca tinha ouvido falar antes, com um currículo medíocre e poucos títulos. No ano anterior, o Flamengo tinha sido campeão da Supercopa do Brasil e do Cariocão com Rogério Ceni, e vice da Libertadores e Brasileirão com Renato Gaúcho.
A diretoria do Flamengo decidiu demitir Gaúcho e contratar o português. Resultado: o Flamengo virou saco de pancadas, perdeu o Cariocão e foi ladeira abaixo no Brasileirão. Ao demitir Paulo Sousa, o clube teve de pagar 7,5 milhões de reais.
Para consertar o estrago, o clube contratou Dorival Junior. O treinador, que fazia bom trabalho no Ceará, chegou, organizou a casa e o time e levou às conquistas da Copa do Brasil e da Libertadores. O Flamengo passou a apresentar um futebol encantador, potencializando a qualidade técnicas de seus melhores jogadores, como Gabigol, Pedro, Everton Ribeiro e Arrascaeta.
Não satisfeita, a diretoria do Flamengo decidiu mostrar que pode ser mais incompetente do que se poderia imaginar. Dispensou o técnico campeão para contratar o português Vítor Pereira, técnico que havia sido vice-campeão da Copa do Brasil para o Flamengo de Dorival, e que também foi eliminado na Libertadores pelo próprio Flamengo de Dorival. Nem Zico entendeu essa patacoada da direção rubro-negra.
O resultado não poderia ter sido outro: o Flamengo, em 2023, disputou 5 competições e perdeu todas, algumas delas com requintes de vexame. Vítor Pereira destruiu o que havia de bom no time rubro-negro. Mais recentemente, o Flamengo tomou um baile, com direito a “olé”, do Fluminense de Fernando Diniz, um time muito mais barato, porém melhor treinado. Escalou três zagueiros, barrou os craques da equipe e fez a torcida chamá-lo de “burro” a plenos pulmões com três meses de trabalho.
Esses técnicos europeus vêm ao Brasil com uma espécie de missão civilizatória. Eles têm a presunção de que seu papel no Brasil é ensinar aos brasileiros como jogar o futebol competitivo. Quando chegam aqui, encontram a realidade: o futebol mais competitivo do mundo, e sofrem para conquistar algo. Usam as exceções para confirmar a regra, sendo que uma delas, Abel Ferreira, demorou três anos para conquistar o título brasileiro, que técnico brasileiro contaria com tamanha complacência? Vide o caso Dorival Jr no Flamengo.
Além do mais, esses treinadores vêm ganhando em euro, junto a seus empresários. Aí podemos ver uma parte importante da questão: os empresários descobriram um mercado forte no futebol para despejar seus treinadores de segunda ou terceira linha e ganhar uma bolada.
O mercado europeu olha o futebol brasileiro como fonte de lucro. Para lograr êxito, rebaixa nosso futebol (via imprensa burguesa, como Globo e ESPN) para que a opinião acredite que não temos um futebol competitivo.
Em suma, devemos entender o cenário posto no futebol brasileiros. Os técnicos europeus estão sendo jogados em nosso futebol, ganhando cinco vezes mais que os treinadores brasileiros, para entregar um futebol pior que os técnicos brasileiros.