Já notamos em artigos anteriores que o PSTU trocou o marxismo, que eles dizem defender, pelo identitarismo, defendendo concepções idealistas, portanto anti-científicas, sobre a questão LGBT. Não que o PSTU seja coerente com o marxismo em outros temas, mas parece que a moda atual, o identitarismo é uma delas, penetrou de vez o partido.
Outra moda que, como o identitarismo, é uma ideologia nascida e impulsionada pelo imperialismo, é a ecologia. No último dia 24 de março o PSTU publicou um artigo chamado “Painel do clima da ONU prevê que Terra atingirá limite na próxima década”, onde o partido parece adotar o ecologismo como mais uma ideologia em substituição do marxismo.
O texto repete os dados apresentados pelo relatório da ONU sobre as mudanças climáticas, combustíveis fósseis, emissão de CO2, energias alternativas, desmatamento, todos os temas que vemos exaustivamente tratados nos jornais burgueses, refletindo os interesses do imperialismo sobre as questões.
O problema central da posição do PSTU não está exatamente na descrição dos dados, mas na maneira completamente ingênua que os apresenta, ignorando ser um relatório feito pela ONU, ou seja, pelo imperialismo. No mínimo, para um partido de esquerda que se apresenta como revolucionário, os dados mostrados no relatório deveriam aparecer de um ponto de vista crítico, colocando em dúvida se as coisas realmente acontecem como são apresentadas pela ONU.
Levar em conta quem é a fonte dos dados é um problema político importante. O artigo do PSTU, no entanto, é despolitizado, apresentando tudo aquilo como se fosse uma verdade incontestável.
Com isso, o PSTU se transforma na Rede Sustentabilidade, ou seja, num partido cuja ideologia é a ecologia imperialista. O artigo afirma que:
“Segundo o IPCC, a maior parte das emissões (79%), vieram dos setores de energia, indústria, transporte e construção, e 22% da agricultura, silvicultura e outros usos da terra.”
Por trás dessa ideia, apresentada como verdade incontestável, está justamente a farsa dessa ecologia. A indústria seria um grande mal, assim, o mundo deveria parar de crescer industrialmente. Mas ai, e isso o PSTU sequer cita, os países imperialistas já são desenvolvidos, já têm uma indústria plenamente desenvolvida. Onde deveria, então, ser interrompido o desenvolvimento industrial tão maléfico para o mundo? Nos países pobres. Não é maravilhoso? Por falar em Rede Sustentabilidade foi exatamente a ideia apresentada por Marina Silva em entrevista recente: “a Petrobrás deveria parar de explorar petróleo”. O Brasil – e os demais países atrasados – deveriam abrir mão de seu desenvolvimento industrial em nome da ecologia, deixemos essas coisas para os países imperialistas.
Para quem tem dúvida da coincidência da colocação, vejamos o que diz o artigo do PSTU:
“O relatório não diz isso com todas as letras, mas qualquer um entende que não há futuro para os combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás) se não quisermos comprometer irremediavelmente a civilização e todo o sistema Terra, acionando os pontos de não-retorno.”
Pobre do Brasil que nem bem começou a explorar o pré-sal e já teremos que esquecer esse negócio de petróleo. Talvez devêssemos entregar tudo para os norte-americanos, franceses, alemães…
Nem mesmo a agricultura restaria para nós, pobres infelizes, já que ela também, segundo os dados apresentados, responde por 22% das emissões. Talvez a solução seja entregar nossas terras para os países imperialistas virem explorar de maneira mais sustentável, talvez sejamos tão bárbaros que nem agricultura somos capazes de fazer.
Esse é o tipo de conclusão que a ONU, ou seja, o imperialismo, quer tirar da sua propaganda ecológica fajuta. Mas o PSTU sequer apresenta as coisas de maneira crítica. Apenas se limita a repetir um jargão da esquerda pequeno-burguesa de que “no capitalismo os problemas não serão resolvidos”.
“Não há futuro com o capitalismo. Para deter a catástrofe ambiental que bate à porta e ameaça toda a civilização, a superação do capitalismo e a construção de uma sociedade socialista e ecologicamente equilibrada se faz imprescindível.”
Sem dúvida que o socialismo é a solução para todos os males do capitalismo. Mas qual é a posição dos “socialistas” do PSTU sobre a luta política atual? A posição é a mesma do imperialismo, repetir a propaganda do imperialismo, o que, na prática, ao invés de defender o fim do capitalismo está ajudando os capitalistas.
O socialismo não virá com uma “ecologia equilibrada”, mas com o máximo desenvolvimento das forças produtivas, um desenvolvimento que permitirá à humanidade sair das trevas e entrar numa sociedade nova, em que as relações entre os homens e com a natureza se dará sobre novas bases. Esse desenvolvimento significa que os países atrasados que hoje sofrem com as imposições econômicas dos países imperialistas devem desenvolver plenamente a sua indústria e a sua economia de modo geral a fim de que a população mundial possa se libertar da escravidão atual.