A direita reuniu, anteontem (15), assinaturas suficientes para instalar no Congresso Nacional uma CPI de tipo fascista contra o MST. Trata-se de uma reação às ocupações de fazendas realizadas pela organização no sul da Bahia, bem como de um ataque aos outros movimentos de luta pela terra, como a FNL, que teve seu dirigente, José Rainha, preso recentemente.
As assinaturas para a CPI foram recolhidas pela Bancada Ruralista, diretamente ligada aos latifundiários. Ela consiste em um atentado contra a liberdade de organização, afinal, trata-se de um ataque a uma das maiores organizações de massas do país – portanto, é um ataque tipicamente fascista.
Em combate a isso, a esquerda não pode ficar de braços cruzados. Afinal, se o Congresso se movimenta para colocar na ilegalidade uma organização do tamanho do MST, o que não fará com os outros partidos políticos e organizações de esquerda? É preciso combater essa ofensiva fascista com uma grande mobilização popular.
Mais precisamente, todo o conjunto da esquerda deveria se solidarizar com o MST e chamar um dia de mobilizações. Deveriam participar o próprio MST, a FNL, a LCP, a CUT, sindicatos, a UNE e também os partidos de esquerda: finalmente, é preciso chamar todo povo às ruas, com força máxima, para combater tal ataque à liberdade de organização.
É preciso ter uma total solidariedade prática da esquerda ao MST. Finalmente, o Congresso Nacional, que está dirigindo esta ofensiva, é uma gangue de pilantras, golpistas e pistoleiros a serviço dos latifundiários. São completos inimigos do povo e não será através do parlamento burguês, que é um verdadeiro cemitério das mobilizações populares, que o MST será defendido.
Além disso, deve-se também notar o tom utilizado pelos parlamentares que propuseram a abertura da CPI. Eles a classificaram como uma medida necessária para combater o “terror no campo” – ou seja, embarcaram na campanha reacionária do imperialismo sobre a questão do “terrorismo”.
Nesse sentido, não se pode deixar de notar como a defesa do fortalecimento da repressão do Estado burguês – inicialmente, dirigida contra os “terroristas” bolsonaristas – está se virando contra a esquerda, partindo do mesmo precedente. A campanha contra o terrorismo sempre foi impulsionada pela direita imperialista, e a esquerda ter embarcado nisso revela-se cada vez mais como uma grande confusão.
Contra isso, é preciso deixar claro que a liberdade de organização deve ser irrestrita. Além disso, é preciso pôr abaixo a campanha contra o “terrorismo” – que, embora não seja a causa da repressão da direita ao MST, serve como argumento dos latifundiários para perseguir a esquerda.
Além do mais, o fato de tal CPI ter recolhido assinaturas tão facilmente indica que o bolsonarismo não foi derrotado de maneira nenhuma. Afinal, a maior parte das assinaturas foi de deputados bolsonaristas – além, é claro, dos deputados da direita “civilizada”, que não deixaram de mostrar suas garras contra os trabalhadores.
Tais fatos demonstram de uma maneira evidente que as eleições não foram capazes de derrotar Bolsonaro totalmente, assim como o parlamento não é um campo de luta da esquerda, mas um poder dirigido pela burguesia contra os trabalhadores. Para defender o MST de fato, que está sendo vítima de uma dura repressão por ter ocupado os latifúndios – que são um verdadeiro escárnio contra o povo –, é preciso mobilizar os trabalhadores.
Portanto, toda a esquerda, todos os movimentos sociais, de luta por moradia e de luta por terra devem sair em um grande dia de mobilização em defesa do MST para combater o ataque fascista do Congresso e dos latifundiários contra a esquerda. Afinal, trata-se de um atentado contra uma organização de esquerda, o que exige a mais forte solidariedade de todos os trabalhadores.