A vitória da Argentina sobre a França na final da Copa do Catar vem servindo de mote para uma campanha de desvalorização do futebol brasileiro e da sociedade brasileira como um todo. A eliminação da Seleção Brasileira já havia ajudado a expor que uma parte expressiva dos jornalistas esportivos da burguesia já estava torcendo para nosso maior rival no futebol, mas o resultado do último domingo levou a coisa para um novo patamar.
Estimulada pela imprensa imperialista, os papagaios da imprensa golpista nacional passaram a avacalhar sem qualquer pudor a história do esporte que é uma paixão nacional, além de ser o mais popular do mundo. De repente, a Argentina não apenas superou o Brasil no futebol, mas em todo o resto: melhor torcida, seus jogadores são melhores pessoas, seu povo é mais unido. Enquanto os pobres do mundo inteiro torciam pelo Brasil, jornalistas vendidos atacavam o melhor futebol do mundo para exaltar bovinamente a seleção rival.
Foram repetidas nas redes sociais algumas notícias e fatos farsescos, ou como a burguesia rebatizou, “fake news”. Uma delas mostrava o que seria uma citação do camisa 10 argentino, Lionel Messi, onde ele condenava o consumo da tal “carne de ouro” enquanto o povo passava fome. Gente de esquerda e de direita compartilhou sem o mínimo de preocupação com a verificação factual do que seria uma provocação gratuita do argentino a Neymar, com quem tem uma amizade há anos.
Jornalistas chegaram a associar a derrota brasileira a elementos da cultura popular do país, presentes na juventude das periferias dos grandes centros urbanos, como a pintura no cabelo e as dancinhas dos jogadores da Seleção. Talvez sem se dar conta que estavam criticando os jogadores justamente pelo vínculo cultural que eles mantém com o povo do próprio país, ou talvez justamente por isso.
A burguesia odeia o povo, os jornalistas pequeno-burgueses nem o conhecem. Um exemplo de reação a essa hipocrisia toda foi uma postagem do rapper paulistano Rappin’ Hood, que escreveu “Quem me chama de Macaquito não é meu amigo. Pokas!” acompanhado pela figura de uma mão negra mostrando o dedo do meio. Os jornalistas da Globo, da Folha de São Paulo e etc, não se incomodam com o fato de que a rivalidade no futebol entre Brasil e Argentina é regada a racismo da parte do país menos sul-americano do subcontinente. Mas o povo se incomoda bastante.
A seleção Argentina nunca será a seleção do coração dos oprimidos do mundo, nem se tivessem cinco Copas como nós temos. Talvez nem se tivessem negros no time. A Argentina não tem a importância do Brasil nem na política e muito menos no futebol. Mesmo sendo um país oprimido importante no contexto latino-americano, a Argentina não é um Brasil, por isso mesmo o imperialismo não impôs grandes obstáculos na sua trajetória na Copa. De quebra, ainda ganham uma carta para jogar para baixo a moral da Seleção que mais assusta os gringos.