Uma pesquisa recente do TradeMap mostrou que as empresas estatais listadas na bolsa de valores perderam R$659 bilhões em valor de mercado desde o dia 21 de outubro. Já a Petrobras sozinha perdeu R$184 bilhões — naquele mês, seu valor era de R$521 bilhões, o maior registrado em toda sua história; na última segunda-feira (12), esse era de R$337 bilhões. Desde as eleições a Petrobras perdeu, no total, R$184 bilhões. Já a bolsa perdeu R$499 bilhões de 28 de outubro a 12 de dezembro.
A burguesia culpa diversos fatores: a guerra entre Rússia e Ucrânia, a crise na Europa, a troca de presidentes, as insinuações Bolsonaro sobre a política de preços, entre outras coisas. Na realidade, o motivo é só um: os especuladores mostrando sua insatisfação com o governo que está por vir.
Os tubarões da economia não queriam que a vitória de Lula se consolidasse, afinal, este segue uma política em favor do povo, refletindo profundamente na economia. Tudo isso inclui, por exemplo, a estatização da Petrobras e de todas as outras estatais, algo que seria tarefa de um governo como o de Lula.
Uma parte da esquerda pequeno-burguesa brasileira afirma que Lula teria sido eleito pela burguesia, pelos especuladores e pelo imperialismo. Esse é um dos fatos que desmente essa afirmação. Os especuladores, por exemplo, já demonstraram inúmeras vezes que não estão inclinados a aceitar o governo, ou, pelo menos, boa parte de suas pretensões durante os próximos quatro anos, como visto no caso da PEC de Transição.
“A Petrobras está extremamente barata, mas para atrair os investidores é necessário que tenhamos um horizonte tranquilo, onde se consiga projetar o desenvolvimento e vida da empresa, de forma que ela não seja afetada por interesses do governo”, afirma Rodrigo Moliterno, líder de uma empresa de investimentos, em entrevista ao portal de notícias G1 (Petrobras perdeu R$ 184 bilhões em valor de mercado desde máxima histórica em outubro, 13/12/2022).
A queda da Petrobras na bolsa representa cerca de 30% da perda de valor de mercado de todas as empresas com ações negociadas na B3. Esse fato demonstra como a empresa já deixou de ser uma estatal há tempos, sendo completamente dominada pela burguesia financeira, diferentemente do que alguns podem alegar.
A perda do valor de mercado expressa o descontentamento da burguesia e, de acordo Moliterno, o fato dos preços baixarem não significa que isso atrairia investidores. Na realidade, isso só seria possível com a junção dos preços baixos e de um cenário estável no País, algo que os investidores não concordam que exista no meio do governo Lula.
Esse seria, então, o sinal dado: o valor está barato, mas o País não está instável, na visão dos especuladores. Isso se dá por conta justamente da eleição de Lula e do risco dele tomar ações que sejam prejudiciais à burguesia, como a estatização completa de empresas como a Petrobras.
Nesse ponto é importante observar que a Petrobras não é efetivamente uma empresa estatizada. Na realidade, ela é controlada por uma série de especuladores, pelos capitalistas estrangeiros, não pelo Estado. Esses temem um controle maior do governo na empresa, uma vez que isso retiraria seus privilégios internos, parte de seu poder na companhia.
Durante o governo Bolsonaro, centenas de bilhões de reais eram periodicamente entregues aos acionistas por meio de dividendos, com a empresa entregando, por vezes, mais de 100% do seu lucro aos tubarões capitalistas. Outra informação interessante é que os R$521 bilhões que a Petrobrás valia em outubro é quase três vezes mais que o valor aprovado pela PEC de Transição para o mantimento do Bolsa Família nos próximos quatro anos — não só isso, mas muitas vezes mais do que os bilhões que os acionistas recebem ao longo do ano dos lucros da empresa.
Fica evidente que o interesse dos especuladores é apenas com o seu próprio bolso, não com o povo. Nada disso faz diferença para a economia que atinge a população, apenas no sentido de que os capitalistas irão pressionar intensamente o governo para tomarem suas decisões, o que irá refletir no povo. A empresa, portanto, não deveria pertencer aos especuladores, mas sim à população.
E é justamente isso que deve ser feito: a Petrobras deve ser estatizada, mas não só tomada pelo governo, e sim distribuída aos trabalhadores. A classe operária deve controlar a empresa, ou seja, deve ocorrer uma reestatização sob o controle dos trabalhadores. Os acionistas, na realidade, são apenas parasitas que vivem da especulação com o preço da empresa no mercado internacional, de nada os interessa, por exemplo, a situação do povo brasileiro.
Tanto isso é verdade que esses parasitas, além de roubarem a empresa para encherem os bolsos, roubam o nosso petróleo, levando-o para o exterior, refinando-o em refinarias estrangeiras para depois revendê-lo para o Brasil, tornando o preço de coisas como a gasolina, por exemplo, em algo absurdamente caro, ainda mais para o povo brasileiro, que vive completamente na miséria após cinco anos de governos puramente neoliberais.