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Candidatura de Lula

Curitiba mostra: povo quer mobilização, não campanha burocrática

Novamente, evento de Lula teve controle da polícia, mas os trabalhadores compareceram e demonstraram que querem radicalizar

O ex-presidente Lula realizou um comício em Curitiba (PR) no último sábado (17), que contou com alguns milhares de presentes. Conforme relatos da imprensa independente, o ato com palanque na Boca Maldita, centro da cidade, também lotou ao menos três quarteirões do calçadão da rua XV de Novembro e ruas laterais.

Mais uma vez, como tem ocorrido em todos os comícios eleitorais do petista, houve um esquema de segurança controlado pela Polícia Federal e pelas demais forças de repressão do Estado, para justamente impedir que a base social e eleitoral de Lula saísse do controle dos golpistas. A parte de trás do palanque foi totalmente cercada e bloqueada para que ninguém se aproximasse e a Guarda Civil Metropolitana (GCM) fez revista em todos os manifestantes que entraram na área cercada, com detector de metais, revistando mochilas e impedindo até mesmo que garrafas de água passassem. Havia, ainda, seguranças à paisana.

Um aspecto positivo com relação à segurança, apesar do controle geral por parte da polícia fascista, foi o fato de que militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) se aglomeraram na parte da frente próxima ao palco para, eles mesmos, protegerem o ex-presidente caso alguém tentasse algum ataque. Esse é o único caminho a ser seguido com relação à segurança: ela deve ser feita pelos próprios militantes do PT e dos movimentos sociais como MST e CUT, e não pela polícia, que está aí apenas para reprimir precisamente essa base social de Lula.

Os militantes do Partido da Causa Operária (PCO) e dos Comitês de Luta, como sempre, estiveram presentes, armando uma banca do lado de fora do cercado e estendendo a enorme faixa com a palavra de ordem “Lula Presidente, por um governo dos trabalhadores”.

“O ato foi positivo, seria melhor no Centro Cívico mas foi positivo. Estava o povo pobre. Conversamos com algumas pessoas e elas disseram que tem que ser ‘Lula ou nada’, se for eleito Bolsonaro ‘vamos invadir Brasília’. O interessante é que essas pessoas não são militantes”, destaca o candidato do PCO ao Senado pelo Paraná, companheiro Roberto França.

Caravanas de ônibus chegaram de diversas cidades do estado e muitos habitantes de Curitiba também compareceram ao comício. Os companheiros do PCO no Paraná enfatizaram que esse ato reflete a tendência de mobilização da população, muitas vezes espontânea, que só não está radicalizada o bastante porque a direção do PT, também pressionada pelos “aliados” da esquerda (PSOL e PCdoB) e da direita (PSB, PV, Solidariedade, Avante etc), está conseguindo freá-la até este momento.

“O nosso trabalho se comprovou novamente contrastante em relação ao dos outros partidos que supostamente apoiam Lula, que fazem uma campanha meramente eleitoreira, enquanto nossa participação é sempre militante, como vimos neste novo comício”, afirma Diogo Furtado, militante da juventude do PCO e candidato a deputado federal no Paraná. Esse evento demonstrou, realmente, o caráter popular da candidatura de Lula, apesar de toda a sabotagem que está sendo feita pela burguesia e pela direita que se infiltrou em sua campanha. Durante uma reunião de balanço realizada pelos militantes do PCO logo após o ato, ainda na rua, uma companheira que participou do ato, que não é militante do PCO nem do PT, mas sim uma trabalhadora comum, deu a seguinte declaração, espontânea e emocionada, para a nossa reportagem: “eu gostaria de falar para o Lula que eu amo o Lula. Graças ao Lula eu tenho minha casinha. Eu amo você e você é o nosso presidente, Lula. Vai, vai, porque você é o nosso presidente!”

De modo geral, ao invés de realizar uma campanha popular, de rua, de massas, nos bairros operários e nas fábricas, o PT prefere traçar alianças com alguns dos setores mais reacionários e golpistas da política nacional (como Geraldo Alckmin e Márcio França do PSB). O problema é que nem o PSB nem os apêndices de banqueiros que fingem suportar Lula ─ como o neoliberal Pérsio Arida ou a tchutchuca de George Soros, Marina Silva ─ moverão uma palha quando o conjunto da burguesia investir ferozmente para derrotar Lula. E essa investida não precisará vir quando este já estiver no governo, caso ela consiga fazê-lo ainda durante as eleições.

Se Lula e o PT querem realmente vencer as eleições, precisam abandonar essas crenças e essa atitude conservadora e direitista. Precisam alertar a sua base eleitoral e social para os perigos de uma derrota, para a união das diferentes forças da burguesia contra o seu êxito no pleito. O perigo não são os cachorros loucos bolsonaristas. O perigo é muito maior: uma classe de conjunto, com todo o seu aparato estatal, a imprensa e o Judiciário.

A CUT e o MST não passam de figurantes na campanha de Lula. Estão completamente de escanteio. Isso é inadmissível. São eles que garantirão a vitória do petista. Não apenas porque a maioria esmagadora de seus eleitores são da classe trabalhadora e camponesa, como também porque, se há milhares de pessoas nos comícios, isso é devido ao chamado dos movimentos populares (embora fraco e burocrático). Mas, principalmente, porque, na hora do “pega pra capar”, na hora do “arranca rabo”, na hora do “vamos ver” ─ ou seja, quando a “chapa esquentar” ─ serão os trabalhadores, os camponeses e os militantes de base os únicos que estarão ao lado de Lula exigindo que a vontade popular seja atendida e seu presidente assuma o cargo.

Por isso essas últimas semanas de campanha no primeiro turno precisam sofrer uma reformulação radical. Nada de beijos e abraços com aqueles que podem nos trair a qualquer momento! Nada de reduzir a participação popular nos eventos de campanha! Nada de “paz e amor” nos discursos e propagandas! É preciso polarizar e levantar os trabalhadores, encher as ruas com centenas de milhares de panfletos, jornais, adesivos, cartazes, bandeiras vermelhas, colocar a imensa base militante do PT à frente da campanha, mobilizar todos os sindicatos da CUT e os acampamentos e assentamentos do MST, os grêmios estudantis, os DCEs, os Centros Acadêmicos, as associações de bairro e todos os movimentos populares para fazer o País ferver e mostrar à burguesia que esse povo com sangue nos olhos não irá aceitar nada que não seja a vitória de Lula e a ascensão ao poder de um governo dos trabalhadores da cidade e do campo.

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