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Entrevista

“O nosso programa é o programa da classe operária”

O companheiro Eduardo Lopes, candidato do PCO a deputado estadual no Rio de Janeiro, comenta sobre a atuação do Partido no estado

Hoje, prosseguindo a série de entrevistas do Diário Causa Operária aos candidatos do PCO, entrevistamos Eduardo Lopes, militante e candidato a deputado estadual no Rio de Janeiro. O companheiro é professor de formação e no momento trabalha como jornalista. Iniciamos falando da própria candidatura:

Diário Causa Operária: Você é um dos inúmeros candidatos jovens do PCO. É interessante que o Partido tenha tantos jovens, enquanto vemos os outros partidos com os candidatos mais velhos, políticos profissionais e de carreira. Por que tanta diferença com relação aos outros partidos?

Eduardo Lopes: Em primeiro lugar, essa diferença ocorre porque o PCO não acredita na mudança fundamental da sociedade através da eleição, logo, não é um partido de burocratas, profissionais em eleições, mas de militantes, e os apresenta como candidatos. Nesse sentido, é natural que tenha grande número de jovens, esse é o setor mais dinâmico da sociedade, e mais disposto à militância política. Inclusive uma polêmica em que entramos recentemente, visto que nossos candidatos não têm aquela retórica de políticos profissionais, e são atacados por isso, mas têm sempre a defesa do programa partidário, das pautas da classe operária em suas falas.

DCO: E não é apenas que o PCO tem candidaturas jovens, mas que esses jovens são ativos em movimentos sociais, como o estudantil. Inclusive você…

EL: Eu cursei pedagogia na UFRJ. Naquele curso, nunca me adaptei às discussões quadradas e à teoria apartada da realidade. O curso não discutia os movimentos de greves de professores. A mudança social sobre a qual se conversava, pela questão da educação pública que era pautada, não considerava nem os movimentos econômicos da categoria dos professores, e muito menos a luta política organizada. Ali, tive uma intervenção nesse sentido, especialmente sobre a questão da luta sindical, já que eu ainda não era militante do PCO, me considerava anarquista. Durante a greve estudantil de 2015, quando o governo Dilma, pressionado pelo golpe, promoveu cortes em áreas sociais, incluindo a assistência estudantil, pauta principal da greve, o curso de pedagogia foi o mais organizado da UFRJ, e atuei bastante nessa organização, que eventualmente reverteu o corte e conseguiu um aumento na verba. Após o golpe, a situação se tornou catastrófica, e os setores universitários como que estacaram em grande medida, sem novas greves, que me deixa em dúvida até hoje do porquê.

DCO: No último período, o Rio de Janeiro tem tido diversos movimentos grevistas e de protesto contra o Estado. O PCO participa desses movimentos?

EL: Aqui no Rio de Janeiro participamos de uma série de movimentos, desde que sou próximo ao Partido. O PCO foi central na luta contra a intervenção bolsonarista na Unirio, no ano de 2019, em que o reitor foi indicado num golpe. Pela capitulação da esquerda pequeno-burguesa, o golpe continuou, mas o PCO fez com que esse golpe passasse com menos facilidade.

Além disso, tivemos atuação importante na greve dos Correios, boicotada pelo sindicato pelego dos estados do Rio e São Paulo, que levou à derrota do movimento. Também atuamos na greve da CSN, em 2022, indo a Volta Redonda para fazer panfletagens e atividades em apoio à greve, com o companheiro Luiz Eugênio, nosso candidato a governador. O PCO também foi fundamental na greve dos garis, onde a Bateria Popular Zumbi dos Palmares criou uma agitação central nos atos e mobilizações da categoria.

Mais que isso, atuamos denunciando as remoções que ocorreram durante a pandemia, e nos aproximamos da Frente Internacionalista dos Sem-Teto (FIST), organização da qual somos próximos até hoje. Chegamos a compor a vigília de resistência contra a remoção da Casa Nem, quando ela era em Copacabana. Na FIST também organizamos um curso de alfabetização na ocupação Almirante João Cândido, em que a formação em pedagogia, e ainda mais a experiência com educação popular, na qual atuei em alguns projetos, foram importantes.

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No Rio, porém, diria que nossa presença é marcante pela pauta do fim da polícia. Enquanto outras organizações de esquerda tergiversam, somos categóricos com essa pauta, que é no Rio de Janeiro talvez a mais importante para a esquerda. No dia seguinte à chacina do Jacarezinho, estivemos no ato; no marco de um ano, novamente estivemos no Jacarezinho panfletando pelo fim da polícia, enquanto acontecia um ato oportunista com a presença da Globo e do Marcelo Freixo, um defensor da polícia, que teve a audácia de ir ao 1° de maio desse ano defender a polícia militar, e teve a resposta que mereceu da Bateria Zumbi dos Palmares. Nós somos o partido que defende, categoricamente, o fim da polícia.

DCO: Como tem sido o trabalho do Partido nas favelas do RJ?

EL: O trabalho vem crescendo mas ainda não está onde sabemos que pode chegar, tanto pela quantidade de frentes de intervenção do Partido no estado como pelo número de militantes que temos e pela questão do controle das áreas. Temos um trabalho no Jacarezinho, mas precisa ainda ser aprofundado, e isso vem ocorrendo cada vez mais. Esse ano integramos a escola de samba Unidos do Jacarezinho, e tivemos uma ala do Partido no último Carnaval, quando desfilamos com os companheiros da escola na Intendente Magalhães, pela Série Prata. A Conferência Nacional do Coletivo de Negros João Cândido ocorreu no Jacarezinho também esse ano, em março, e teve um impacto muito positivo tanto nos militantes do Partido, como no coletivo e na própria favela. Tivemos outros eventos lá, e continuaremos o trabalho, com o plano de expandir para outras favelas sempre que possível.

DCO: O Partido tem conquistado apoio desses setores? O que ele tem a oferecer?

EL: O PCO acaba por chamar atenção, um fator é nossa estética, de esquerda real, vermelha, com a qual os trabalhadores e população explorada em geral se identificam. Pela defesa da candidatura do ex-presidente Lula, o Partido também é apoiado, especialmente nas atividades nos locais mais pobres e de circulação maior de trabalhadores, como a própria Central do Brasil, estação de transportes no Centro do Rio. Além de tudo isso, o fim da polícia agrega muito os trabalhadores que têm contato com o Partido, mesmo entre os setores mais despolitizados, a rejeição a polícia é geral, com destaque para a polícia militar. Mais, a coerência do Partido na defesa dos trabalhadores é central na garantia da simpatia e apoio explícito, e isso vemos na atuação nas favelas, junto à FIST, nas atividades na Central do Brasil: o nosso programa é o programa da classe operária.

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