Os acontecimentos políticos são para eles ocasião de tecer comentários, mas não de agir. Como sectários, os confusionistas e os fazedores de milagres de toda espécie recebem a cada momento chicotadas da realidade, vivem em estado de continua irritação, queixando-se sem cessar, do “regime” e dos “métodos” e entregando-se a intrigazinhas. Em seus próprios meios exercem ordinariamente, um regime de despotismo. A prostração política do sectarismo apenas completa, como sua sombra, a prostração do oportunismo, sem abrir perspectivas revolucionárias. Na política prática, os sectários unem-se a todo instante aos oportunistas, sobretudo aos centristas, para lutar contra o marxismo (TROTSKY, Leon. Contra o sectarismo. In: O Programa de Transição, 1936).
Sérgio Amadeu e Renato Rovai lançaram o livro “Como derrotar o fascismo” na quarta-feira (18).
A fim de promover seu livro, em parceria com Sérgio Amadeu, Rovai utilizou um velho expediente do jornalismo amarelo, o método Carlos Imperial, que de acordo com biografia, utilizava e abusava de “métodos escusos para promover seus artistas e projetos culturais. Inventou histórias, mentiu, armou falsas brigas […]”. De modo semelhante, Renato Rovai tenta promover políticos e “personalidades” para entreter o público da Fórum. O caso mais fragoroso se dá com a promoção de Guilherme Boulos.
Nessa semana, sem qualquer burburinho sobre esse livro “contra o fascismo”, Rovai movimentou suas redes articulando brigas, e se utilizando de seu falso senso de feminilidade, como “feministo” de ocasião.
Tudo começou quando Rita von Hunty atacou a candidatura Lula para chegar mais rápido à GloboNews. A “radical” Rita von Hunty teria sido atacada por defensores de Lula. Rapidamente o “feministo” e identitário, Renato Rovai, viu uma oportunidade e fez uma entrevista com Rita, que novamente atacou o PT, acusando o partido de ter dado um “autogolpe“.
Juliane Furno, economista, saiu em defesa de Hunty utilizando o identitarismo como método. Juliane Furno escreveu em sua conta no Twitter, de modo mistificador, o conceito de “sectarismo”:
Não passou muito tempo para Rovai se oportunizar:
Renato Rovai, no puro método Carlos Imperial, manteve a intriga com setores da esquerda que denunciam infiltrações e oportunistas, até entrevistar Juliane Furno, terça-feira (17). Aqueles que denunciam a esquerda usada pela CIA, de modo geral, são setores do PT e o PCO.
No minuto 15, da entrevista a seguir, Renato Rovai esperneia num surto “feministo”, num claro oportunismo. Utiliza da testosterona e virulência para defender a quem ele se referia como “Ju”.
Essa falsa defesa demonstrou a fragilidade teórica, jornalística e emocional de Renato Rovai, que expôs a economista e a equipe da Fórum como pessoas que não sabem o que é sectarismo.
Sectarismo é a degeneração de classe por parte de segmentos da esquerda que concentra suas atenções às camadas mais altas da classe operária, alinhando suas próprias aspirações aos objetivos da burguesia. Trata-se portanto, de traição aos trabalhadores e se alinhar ao comando da burguesia. A Fórum, portanto, não é um veículo a serviço dos trabalhadores, mas uma imprensa amarela que serve para desfilar membros da camada superior da sociedade (no caso, os burocratas de esquerda) e atacar os comunistas, que são pessoas que prezam pela defesa da liberdade de expressão. Por definição, por princípios e por programa, o PCO não é sectário. De acordo com Trotsky:
Os sectários só são capazes de distinguir duas cores: o branco e o preto. Para não se expor à tentação, simplificam a realidade. Recusam-se a estabelecer uma diferença entre os campos em luta na Espanha pela razão de que os dois campos têm um caráter burguês. Pensam, pela mesma razão, que é necessário ficar neutro na guerra entre o Japão e a China. Negam a diferença de principio entre a URSS e os países burgueses e se recusam, tendo em vista a política reacionária da burocracia soviética, a defender contra o imperialismo as formas de propriedade criadas pela Revolução de Outubro. Incapazes de encontrar acesso às massas, estão sempre dispostos a acusá-las de serem incapazes de se elevar até as idéias revolucionárias. Uma ponte, sob a forma de reivindicações transitórias, não é absolutamente necessária a esses profetas estéreis, pois não se dispõem, absolutamente, a passar para o outro lado do rio. Não saem do lugar, contentando-se em repetir as mesmas abstrações vazias. Os acontecimentos políticos são para eles ocasião de tecer comentários, mas não de agir (TROTSKY, Leon. Contra o sectarismo. In: O Programa de Transição, 1936).
Para os marxistas, o “método Carlos Imperial” jamais funcionará, pois a História demonstra que o papel dos oportunistas e burocratas sempre foi a conciliação com a burguesia, traindo os trabalhadores, daí a fúria com que Renato Rovai ataca o Partido da Causa Operária (inclusive mentindo).
Vivendo de demagogia e do jornalismo amarelo, o editor da Revista Fórum, um dos idealizadores do Fórum Social Mundial faz um falso contraponto aos interesses do Fórum Econômico Mundial. Em uma comparação, assim como o FSM sempre promoveu péssimos políticos (exceto Lula, egresso do movimento operário), Carlos Imperial promovia péssimos artistas de sua geração.
O ápice da falsificação: o livro de Rovai sobre “como combater o fascismo”
Rovai novamente utilizou o PCO para autopromoção, como alguém que se orgulha de ser um cagueta digital. Nesse sentido, a função de Renato Rovai é meramente a de promover intrigas contra aqueles que apresentam provas concretas da presença da CIA na política brasileira (inclusive na esquerda), e que demonstra o charlatanismo de setores da esquerda.
Sobre o livro , os autores pretendem apresentar um manual de “como derrotar o fascismo”, via internet, uma verdadeira “arapuca midiática” para prender os ingênuos em casa. O livro é um instrumento para prender os insatisfeitos nas redes sociais e não sair mais, ao mesmo tempo que Rovai recebe super-chats no YouTube e propaganda na revista.
Com esse “manual”, Rovai pretende agilizar seu novo “ecossistema midiático”, usufruindo das benesses da renda do YouTube e dos algorítimos estabelecidos como linha demarcatória do próprio imperialismo. A futilização da esquerda com fofocas e quinquilharias digitais atende aos objetivos oportunistas de setores da burocracia estatal e, principalmente, do próprio imperialismo, que por meio de Rovai, visa criar uma pseudo-militância de esquerda. Abaixo, podemos ver um trecho do livro, onde Renato Rovai e seu parceiro pretendem criar um novo “conceito”, de “fascismo digital”.
Nas redes sociais, as palavras de Rovai contrariam o próprio livro. O Carlos Imperial da modernidade destila ataques ao PCO, um partido comunista. A análise sobre a simplificação fica com nossos leitores. A simplificação esquemática é bastante notória:
Para concluir, Renato Rovai simplifica a luta política e resume o “fascismo” a um esquema proposto pelo liberal Umberto Eco, que escreveu generalidades e reduziu o “fascismo” a um mero esquema estético e linguístico, Para Eco, “os hábitos linguísticos são muitas vezes sintomas importantes de sentimentos não expressos”.
*A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário