Breve histórico do nazista Pravy Sektor
O Pravy Sektor (Setor Direito) é uma coalizão de partidos e organizações de extrema-direita da Ucrânia e que governa o país na prática, com células em praticamente todos os países do leste europeu. Essa associação se organiza a partir dos fundamentos ideológicos de diversos colaboradores históricos de Hitler, como é o caso do Stepan Bandera, na Ucrânia. O Pravy Sektor foi o vencedor entre aqueles que se oportunizaram do golpe do imperialismo de 2014, e assumiram o papel de “guarda pretoriana” do regime político ditatorial e neonazista da Ucrânia.
Atualmente, após o golpe que também foi constitucional, o Pravy Sektor se institucionalizou, muito embora ainda haja dúvidas se se trata de um regime neonazista e afirmamos que sim, é um regime neonazista alinhado aos interesses do imperialismo, organizado de modo a camuflar apenas o “anti-semitismo”, a fim de obter auxílio financeiro de todo o sistema de Wall Street, Vale do Silício, União Europeia e burguesia pró-imperialismo no mundo. Como a Rússia é o principal obstáculo ao imperialismo, a Ucrânia é a vedete que ataca o povo russo sistematicamente desde o Euromaidan, de 2014, um golpe ao modelo de Revolução Colorida.
30 anos de nazistas legalizados na Ucrânia
Após o colapso da União Soviética, a Ucrânia, após os países do Báltico, foi um dos primeiros países a declarar independência com amplo apoio nesses países. Já em 1991 foi formado o Svoboda ou “Partido Social-Nacional da Ucrânia (SNPU)”, atualmente chamado de “União Pan-Ucraniana “Svoboda”, partido anticomunista e um dos pais do Pravy Sektor. Do Svoboda nasceram vários filhotes, além do Pravy Sektor, que atuam conjuntamente na Rada ou Parlamento Ucraniano: Servo do Povo (Partido do Presidente Zelensky, o caçula formado em 2018); o Solidariedade Europeia de Petro Poroshenko, ex-Presidente e um dos organizadores do Golpe de 2014; O União Nacional Ucraniana, do miliciano Оleg Goltvyansky, que chegou a ser preso enquanto parlamentar eleito; o União Pan-Ucraniana “Pátria” de Yulia Timochenko (que perdeu as eleições para Viktor Yanukovych, natural de Donestsk, do extinto Party of Regions. Timochenko impulsionou a oposição e era a lobista da energia e maior articuladora da Ucrânia fazer parte da União Europeia). Com o golpe de 2014, os partidos de esquerda foram colocados na ilegalidade.
Apesar da Presidência da Ucrânia estar ocupada pelo partido Servo do Povo, com ampla maioria na Rada, o Pravy Sektor, já legalizado por intermédio de Dmytro Yarosh, um neonazista também fundador do “Trizuv” (Tridente), decisivo para o Golpe Neonazista na Ucrânia, durante o Euromaidan, cresce a cada dia.
Em 2010, o também “oligarca”, mas pró-Rússia, Viktor Yanucovich venceu o pleito contra Yulia Timochenko, mas não conseguiu governar, pois colocou fim ao ciclo da Revolução Laranja de 2004, uma revolução de características protofascistas e neoliberal. Entre 2004 e 2010, grupos neonazistas se proliferavam na Ucrânia, enquanto a burguesia (“oligarquias”) reinavam juntamente com os Estados Unidos, que utilizava o país como instrumento de pressão, assim como proposto por Zgniew Brzezinski, homem do NED e da “teoria da contenção”, tributária de Nicholas Spykman.
Putin e o combate ao Pravy Sektor na Rússia
Enquanto a Ucrânia cultivava seus nazistas de estimação no Leste europeu, o governo russo combatia essas organizações em seu próprio território, além de auxiliar russos étnicos oprimidos em países como a Geórgia, Ucrânia, e insurgências da extrema-direita na Chechênia, Daguestão, auxílio aos ossetas do sul, no protetorado da Transnítria entre outras situações, incluindo ajuda militar à barbaridade norte-americana sionista na Síria, aliado histórico da Rússia.
Na Federação Russa, o Pravy Sektor é reconhecido como uma organização terrorista (decisão da Suprema Corte da Federação Russa de 17 de novembro de 2014), tendo suas atividades proibidas, após o Euromaidan, que também criou, além do “Trident” outros monstros, tais como os “Patriotas da Ucrânia”, o “White Hammer” formados durante os protestos em Kiev (dezembro de 2013 a fevereiro de 2014).
Oficialmente, o Pravy Sector se posiciona como um movimento de “libertação nacional”. Contudo, o principal objetivo é criar o “Estado do Conselho Independente Ucraniano”. As principais tarefas são neutralizar o “sistema clã-oligárquico” no território da Ucrânia e neutralizar a “agressão russa” na Crimeia e no território de Donbass.
O Pravy Sector ficou famoso em 1º de dezembro de 2013, após confrontos com tropas internas e unidades especiais do Ministério dos Assuntos Internos da Ucrânia, guardando o prédio da Administração Presidencial, bem como na apreensão de vários edifícios administrativos, incluindo a Casa dos Sindicatos de Odessa.
O Pravy Sektor e sua relação com a CIA
Essa coalizão de partidos e organizações de extrema-direita nazistas foram supervisionadas pelo ex-chefe da SBU Valentin Nalyvaichenko, que tinha laços estreitos com a CIA. Posteriormente, enquanto parlamentar eleito em 2019, passou ao processo sistemático para legalização de mais organizações de extrema-direita, com financiamento de canais diplomáticos na Embaixada dos EUA em Kiev.
Durante o Euromaidan, Valentin Nalyvaichenko, era um dos responsáveis pelos pagamentos aos combatentes, que atingiam de 200 a 500 dólares por dia. Já os coordenadores dos movimentos receberam cerca de 2.000 dólares por dia de tumultos em massa. A Organização possui atualmente três alas: militar, política e juventude em virtude do dinheiro vindo principalmente dos Estados Unidos.
Antes de se formar como Partido para entrar em disputas nas próximas eleições, em 22 de março de 2014, em um congresso fechado em Kiev, decidiu-se transformar o “Pravy Sektor” em um partido político na base jurídica do Partido “Assembleia Nacional Ucraniana” , sendo posteriormente renomeado. Atualmente, o presidente do partido é Andriy Tarasenko, recebendo financiamento inclusive por parte do ex-presidente da Ucrânia Petro Poroshenko.
Após a eleição de Poroshenko, o Pravy Sektor prometeu apoiar plenamente todas as suas ações para unir e preservar a Ucrânia, para restaurar a ordem no leste da Ucrânia. Para isso, o PS declarou sua prontidão para mobilizar mais de 5 mil pessoas, caso sejam garantidos apoio, armas e total cooperação com todas as estruturas estaduais do país.
Em 16 de julho de 2014, Dmytro Yarosh anunciou a criação de um “Corpo Voluntário Ucraniano” com base no bloco de poder do Setor Direito para conduzir hostilidades nos Donbass e devolver a Crimeia sob a jurisdição da Ucrânia. Desde então, o PS tem se posicionado como um movimento nacional-militar e participou ativamente da chamada operação antiterrorista nos Donbass.
O movimento não legalizou suas atividades e se integrou às agências estaduais e policiais, o que levou a uma mudança acentuada em sua atitude em relação à liderança da Ucrânia. A propósito, em 28 de dezembro de 2015, o próprio deputado Yarosh anunciou sua retirada do movimento nacionalista “Setor Direito” e começou a construir seus próprios projetos – a organização paramilitar “Exército Voluntário Ucraniano” e o partido político “Iniciativa de Estado de Yarosh”.
Estrutura do “Corpo Voluntário Ucraniano” – DUK
O chefe do DUK é Andriy Stempitsky, cujo passa tempo é bombardear símbolos e estátuas soviéticas.
A estrutura básica do DUK foi formada em 2014-2015 para ser a linha adjacente da OTAN nas hostilidades ao Donbass. No entanto, depois que a liderança do país aumentou a pressão sobre vários grupos armados ilegais com a proposta de se legalizar como parte das forças de segurança, as unidades de combate foram, na verdade, reduzidas a um grupo tático de batalhão, e batalhões de reserva para cada região foram reorganizados em centenas.
As unidades de combate do DUK-PS estão estruturadas e projetadas para realizar missões táticas individuais de combate na “zona frontal”, bem como para realizar sabotagens e atos terroristas em toda a Ucrânia e no exterior. Em 2020, eles organizaram um grupo tático do batalhão, cujos membros fazem viagens periódicas à zona de conflito nos Donbass, à frente da zona de tampão dos Acordos de Minsk.
Centro de Aprendizagem “Kholodny Yar” foi formado para treinar voluntários e mobilizá-los para as unidades DUK. As tarefas do centro incluem fornecer aos candidatos voluntários conhecimentos e habilidades militares básicas, determinando sua adequação para assuntos militares nas fileiras do DUK; treinamento de lutadores da reserva centenas de DUK; preparação e aperfeiçoamento do programa de treinamento.
As unidades operacionais do DUK/PS são projetadas para realizar certas tarefas operacionais e táticas como parte de pequenos grupos móveis de sabotagem e reconhecimento nas áreas mais importantes, incluindo na zona de combate no Donbass, na área da fronteira estadual entre o Distrito Federal da Crimeia da Federação Russa e a região de Kherson da Ucrânia e diretamente no território do Distrito Federal da Crimeia da Federação Russa.
Até o momento, as principais unidades operacionais do DUK/PS são:
- “Chongarskie Beavers” – projetada para executar tarefas de reconhecimento em toda a Ucrânia, exceto pela “zona frontal”;
- “Os cem da Crimeia” DUK/PS foi criado para aumentar a prontidão de combate do DUK/PS na área da fronteira estadual entre o Distrito Federal da Crimeia da Federação Russa e a região de Kherson da Ucrânia.
Vale ressaltar que os “Cem da Crimeia” são acompanhados principalmente por representantes do grupo étnico tártaro da Crimeia e promove ativamente a adesão à organização “Setor Direito” entre a população civil da Ucrânia e o Distrito Federal da Crimeia da Federação Russa.
A principal tarefa dos “Castores Chongar”, “Cem da Criméia” e “Cem da Reserva” na região de Kherson, na fronteira com a República da Criméia, é impor concorrência às unidades paramilitares dos Tártaros da Crimeia, “Asker” e “Batalhão Noman Çelebicihan”, em medidas para redistribuir esferas de influência e exercer pressão física e psicológica sobre a população local. Para isso, uma chamada “base de reconhecimento” foi estabelecida no território ocupado ilegalmente na periferia sudoeste da vila de Chongar.
A esfera de interesses criminais inclui o controle sobre as empresas agrícolas e a extração de recursos biológicos nos territórios dos distritos de Chongar e Genichesk. No final de 2017, devido à redistribuição das esferas de influência, houve um conflito com representantes do “Mejlis do Povo Tártaro da Criméia”3 *, que mais tarde foi resolvido com a intervenção do comandante do “Corpo Voluntário Ucraniano” Andrei Stempitsky.
Reservas DUK/PS têm as tarefas das unidades de defesa territorial, mas na verdade são “filiais regionais” da organização para recrutamento e treinamento de recrutas.
Grupos de iniciativa para a criação de reservas são as unidades estruturais iniciais. Os comandantes dos grupos de iniciativa são encarregados de selecionar e aumentar o número de funcionários, bem como as tarefas de apoio logístico para as centenas que estão sendo criadas. Sabe-se sobre duas dessas centenas – nas regiões de Vinnytsia e Odessa.
Por que a esquerda brasileira apoia o nazismo na Ucrânia?
O esquerdismo brasileiro criou a folha de parreira chamada “conflito interimperialista”. Confundem a Rússia, um país exportador de commodities, com sanções impostas há 20 anos pelos Estados Unidos e G7, com presença quase proibida de atuação de suas grandes indústrias em países capachos, entre outras situações que demarcam a Rússia como país atrasado.
A Rússia, definitivamente não é “imperialista”, além de ser vítima de propaganda vil por parte dos Estados Unidos e países aliados, utilizando-se de todo aparato de softpower (imprensa, think tanks e ONGs) e hardpower (OTAN e maquinaria de guerra como equipamentos, exércitos e bases militares). O fato da Rússia possuir um grande território não a faz um país imperialista. Se assim fosse, o Brasil seria o quinto país mais “imperialista” do mundo.
Dizer que Putin é de extrema-direita não passa de uma trampa identitária, pois o Presidente da Rússia além de estar combatendo milícias como o Pravy Sektor e Batalhão Azov (que analisaremos na semana que vem), também mantém a tradição do Dia da Vitória na Guerra Patriótica, mantendo relações relativamente cordiais inclusive com o Partido Comunista da Federação Russa em questões ligadas à política contra a OTAN entre outras.
Por fim, a esquerda brasileira, que cai ou que reproduz o conto identitário do imperialismo, não compreende que o Donbass é Rússia e, portanto, Putin, Lavrov, com o apoio de Zyuganov, Presidente do PCFR, avançou linhas para contra-atacar e desnazificar a Ucrânia, país que a 30 anos sofre do mal do nazismo, e que a esquerda brasileira, por desorientação, ou mesmo financiada por ONGs imperialistas, como é o caso de membros do PSOL, não quer entender por birra ou mesmo por falta do hábito estudar política externa.
Nós, do PCO, convocamos a todos que estão na linha de frente contra o imperialismo, para defender a Rússia, pois a esquerda pró-imperialismo como PSOL e seu sistema solar (os puxadinhos do PSOL como UP e PCB), além do clássico PSTU, estarão sempre a favor dos Estados Unidos contra o povo dos países oprimidos. A Ucrânia é um país oprimido também, porém, para que seja independente, precisará se livrar do neonazismo, porém, a esquerda brasileira, e grande parte da esquerda internacional, não compreende essa questão, traçando falso paralelo entre Putin e o regime de Kiev, que tem sim, no imperialismo, no Pravy Sector e no Batalhão Azov, a linha de frente do neonazismo e colaboração com a OTAN.
*A opinião dos colunistas não representam, necessariamente, a posição deste Diário