Recentemente a esquerda parlamentar manifestou apoio ao candidato de Rodrigo Maia (do bloco DEM, PSDB, MDB, PSL e afins) para as eleições da Câmara Federal dos Deputados. A iniciativa é parte da política da frente ampla – aliança de setores da esquerda com a direita golpista – sob o pretexto de combater Bolsonaro, a mesma utilizada nas eleições municipais deste ano, o que sinaliza as articulações que ocorrerão como preparação para as eleições de 2022.
As eleições para a presidência da Câmara, 2º cargo na linha de sucessão presidencial, tem neste momento o candidato de Bolsonaro (Artur Lira-PP), contra o candidato de Rodrigo Maia (DEM, PSDB, DEM, PSL), que ainda não foi definido, apesar de ter os deputados Baleia Rossi (MDB) e Aguinaldo Ribeiro (PP) como favoritos. A esquerda parlamentar, mergulhada na frente ampla, fechou questão para apoiar o candidato da direita golpista como sendo um “mal menor” para evitar o “mal maior”, que seria o candidato de Bolsonaro.
Esta mesma orientação política foi largamente utilizada durante as eleições municipais de 2020, como uma pressão esmagadora para que a esquerda de conjunto, sobretudo o Partido dos Trabalhadores (PT), apoiasse a direita tradicional contra os candidatos de Bolsonaro. Considerando que os partidos da direita golpista, como DEM, PSD, PP, Podemos foram os partidos que mais cresceram e MDB e PSDB continuam sendo os que respectivamente mais têm prefeituras e controlam cidades com mais eleitores, a política da frente ampla serviu para acobertar a fraude eleitoral de 2020.
Isso indica que a esquerda está caminhando perigosamente para ficar a reboque da direita também em 2022. O que ocorre porque ela não procura ser independente em relação à burguesia. Ao invés de basear sua política em mobilizar os trabalhadores, a esquerda procura sempre acordos com os setores da burguesia que considera “menos piores”.
No entanto, essa posição da esquerda é totalmente falsa. Isto porque a direita golpista – do PSDB, do DEM, do MDB e afins – foi quem deu o golpe de Estado de 2016 e promoveu a fraude eleitoral de 2018, que prendeu e cassou Lula. Logo, o que a esquerda considera “menos pior”, na verdade foi quem pariu Bolsonaro e deu todo o suporte para que o governo se mantivesse. O fato de Rodrigo Maia estar sentado em mais de 50 pedidos de impeachment de Bolsonaro e ter sido “o general da reforma da previdência” fala por si só.
Logo, é preciso considerar também que enquanto a burguesia não aceita o ex-presidente Lula – cassou seus direitos políticos e quer impedir a todo o custo sua candidatura em 2022 – ela impulsiona setores da esquerda que integram a frente ampla, como viu-se na candidatura de Boulos (PSOL) e de Manuela D’ávila (PCdoB). Junto com a propaganda em torno do governador fascista João Doria (PSDB) e as ressalvas a Bolsonaro, as movimentações deste momento, apontam para eleições em que a burguesia vai tentar, novamente, anular o PT e promover um 2º turno entre Bolsonaro e um candidato da direita tradicional golpista, como Doria.
Tornar-se um apêndice da direita golpista faz com que os setores mais combativos dentro da esquerda se levantem contra a política da frente ampla, como se viu na Câmara, em que um setor do PT defendeu lançar candidato próprio contra os candidatos do bloco golpista (Bolsonaro e Maia), o que pode estar começando uma crise interna, principalmente no PT, contra essa política.