No último dia 8, no sítio de notícias Vermelho ligado ao PCdoB coluna assinada por Romualdo Pessoa faz nova defesa da frente ampla “que possa reunir todos os segmentos e personalidades da sociedade que se opõem a política desastrosa de um governo”.
Para o colunista, não aceitar reunir todos e qualquer um que se diga contra Bolsonaro é um “sectarismo inadmissível”. Para ele, está errado quem pensa que “somente a esquerda e organizações progressistas podem levar adiante um movimento que possa garantir pressão suficiente sobre o Congresso Nacional”. O colunista do PCdoB admite, portanto, que até mesmo organizações não progressistas deveriam estar presentes nesse frente ampla.
Está claro que nessa frente ampla está incluída a direita golpista. O autor admite que essa direita é a responsável pelo golpe, pela perseguição contra a esquerda e inclusive pela eleição fraudulenta de Bolsonaro: “sabemos que muitos que hoje se opõem ao governo Bolsonaro estiveram presentes nos atos e manifestações que pressionaram para a destituição de uma presidenta honesta e legitimamente eleita.” A grande questão é porque essa direita teria interesses em derrubar Bolsonaro se ajudou a coloca-lo? Caso decida derrubar Bolsonaro – por exemplo, nas eleições – o que a esquerda teria a ganhar com uma aliança com quem é uma espécie de lado da mesma moeda de Bolsonaro?
Na realidade, não há nenhum interesse da direita em lutar contra Bolsonaro. Tampouco há qualquer interesse dessa direita em permitir que a esquerda, mesmo a mais moderada, volte ao governo. A prova disso é que os que agora procuram se apresentar como “democratas” apoiaram Bolsonaro contra a esquerda. Será que Bolsonaro se revelou um fascista apenas depois de um ano e meio de governo? Claro que não. Esses “democratas” apoiaram a eleições do fascista e fariam novamente caso se vissem ameaçados pela esquerda e por uma mobilização popular.
Qual seria o objetivo de uma frente ampla então? Nosso autor explica que “o que está se formando agora é uma frente ampla para impedir que o discurso de defesa de uma ditadura militar se torne realidade”. Na conta dele e dos demais defensores dessa frente ampla não aparecem as mobilizações. O povo parece estar escondido em algum lugar, não sabemos nem quando nem como será mobilizado. Com certeza não será por meio da direita essa mobilização. Povo e direita não combinam.
A única unidade verdadeiramente capaz de deter Bolsonaro, o golpe militar e todos os golpistas é a das organizações populares e dos partidos de esquerda. Com uma política independente em torno de reivindicações de interesse dos trabalhadores e da maioria da população. Isso, por si só, já exclui as “organizações não progressistas” ou seja, a direita cujo programa fundamental é atacar os direitos do povo.