De acordo com a edição de ontem (4/5) do jornal golpista Folha de S.Paulo, a direita está com medo de ingressar em uma frente de oposição ao governo Bolsonaro agora que as mobilizações estão se tornando mais radicais. Uma das declarações que mostram isso de maneira bastante clara é a do governador de São Paulo, o fascista João Doria:
Não acho que deva ser uma manifestação contra o governo ou contra o presidente Bolsonaro, até para não afastar algumas pessoas. Mas sim um posicionamento da sociedade civil, da forma mais ampla possível, em defesa da democracia, da Constituição e das instituições.
Vários setores mais tradicionais da burguesia, que compõem o chamado centrão, se chocaram com a política do governo Bolsonaro em um passado bastante recente. O auge desses conflitos se deu durante o início da pandemia, quando esses setores apresentaram uma resistência à política descontrolada proposta pelo governo federal, que poderia causar uma explosão social rapidamente e fazer com que a burguesia perdesse o domínio da situação. Essas contradições, inclusive, foram interpretadas de maneira bastante equivocada pela esquerda pequeno-burguesa, que julgou que os governadores, a imprensa e o Congresso Nacional iriam derrubar o governo.
Agora, fica cada vez mais claro que a direita não quer derrubar o governo Bolsonaro, nem tampouco organizar um movimento de grande amplitude para se opor ao presidente ilegítimo. E isso se dá por um motivo que vai se mostrando cada vez mais evidente: como a revolta contra o governo é muito grande, qualquer campanha contra Bolsonaro pode fomentar um movimento popular de características revolucionárias.
Os atos que aconteceram em São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro, Brasília, Manaus e outras cidades nos últimos dias foram bastante significativos. Contando com uma presença expressiva da classe operária, os atos mostraram a total indisposição dos trabalhadores a fazer qualquer acordo com a direita. E, por outro lado, uma disposição a utilizar qualquer meio, inclusive meios violentos, para conseguir se impor diante da ofensiva da direita.
Muito ao contrário do que tem propagandeado a burguesia, apoiada em setores da esquerda nacional, os atos de rua não devem ser diminuídos, nem tampouco devem ser controlados para que não sejam violentos. A violência é apenas a reação dos trabalhadores aos ataques violentos que sofreram no último período — e, portanto, não deve ser tolhida sob medida alguma. Não deve caber a nenhuma organização de esquerda privar o povo de se manifestar depois de quatro anos de golpe de Estado em que centenas de direitos foram arrancados.
O caminho para a derrubada do governo é o da mobilização contra os golpistas. E se a direita está com medo do tamanho e da radicalização dos atos, significa que estamos no caminho certo. É preciso organizar manifestações em todo o país e intensificar a mobilização contra a direita fascista. Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Todo apoio aos atos dos trabalhadores!