Desde o início da pandemia de Covid-19 no Brasil a UJS e muitas outras organizações estudantis adotaram a política do “fique em casa”, alegando que assim iram conter as taxas altíssimas de contaminação, em conjunto com uma política assistencialista de doações aos mais necessitados, principalmente de cestas básicas e itens de higiene. Essas duas linhas seguem até os dias de hoje, a última doação divulgado pela UJS foi postada no dia 23/05 e todas os “atos políticos” se mantêm online.
A quarentena da esquerda é uma política absurda visto que no Brasil desde o princípio a maior parte da população brasileira ou não estava fazendo isolamento, ou estava fazendo um falso isolamento sem as mínimas condições, algo que acontece até os dias de hoje. As organizações dos estudantes e dos trabalhadores tem a obrigação de se manter nas ruas defendo os interesses do povo até que se conquistem as condições necessárias para se lidar com pandemia, isto é, é necessário lutar para se conquistar o direito a quarentena real.
Já a política do assistencialismo pode ser considerada louvável por tentar resolver os problemas imediatos do povo, contudo essa nunca foi e não deve ser a política da esquerda. A luta política é a única que pode garantir a toda a população suas necessidades. É preciso cancelar os pagamentos de água, luz, gás, aluguel, dar um auxilio maior e a mais pessoas, proibir demissões, testar em massa, construir imediatamente milhares de leitos etc. Países mais pobres que o Brasil e sob o cerco do imperialismo como Cuba e Venezuela lidam literalmente milhares de vezes melhor com o Covid-19 justamente devido a luta política realizada pelo povo.
Distribuir alimentos e itens de higiene vai ajudar milhares de pessoas mas nunca garantirá a saúde da maior parte do povo. O governo fascista de Bolsonaro pretende reativar a economia sem dar nenhuma assistência ao povo mesmo que isso cause centenas de milhares ou até milhões de mortes. Não só isso como pretende destruir completamente a educação pública no processo, sendo um dos seus principais ataques o EAD que é muito pouco combatido pela próprias UJS.
Não é possível se manter em quarentena política enquanto a burguesia está agindo a todo vapor e liberando cada vez mais trabalhadores as ruas e, no futuro próximo, cada vez mais estudantes. No DF e no Rio de Janeiro o governador e prefeito, respectivamente, querem reabrir as escolas no mês de junho, antes mesmo do pico da pandemia. Do lado oposto a classe trabalhadora e os estudantes já se organizam, como foi possível ver pelas manifestações das torcidas de futebol, nas comunidades de Paraisópolis e Heliópolis e no ato de Brasília pelo fora Bolsonaro.
A UJS se mantém numa inércia política adotando uma posição que represa a mobilização dos estudantes, realizando doações para não parar completamente suas atividades. Enquanto isso os estudantes sofrem com um dos maiores ataques da história contra a educação pública. É necessário se organizar e realizar uma mobilização em defesa da educação e contra Bolsonaro para derrotar o golpe de uma vez por todas. Fora Bolsonaro e todos os golpistas!