Nesse domingo (03), foi realizado mais um mutirão para a formação de Conselhos Populares no bairro Parque São Paulo. No decorrer da caminhada pelo bairro com distribuição de panfletos, adesivos Fora Bolsonaro e colagem de cartazes, os militantes da célula encontraram um grupo de jovens e iniciaram um diálogo que versou sobre diversos temas políticos da atualidade.
A questão do armamento da população gerou intenso debate. Era quase unânime a concordância com a política de armamento da população. Os critérios para a concessão de armas foram bastante debatidos, bem como exemplo de outros países, em especial dos Estados Unidos. Os militantes procuraram esclarecer a posição do Partido, que é pelo armamento geral do povo para fazer frente às forças repressivas do Estado. Segundo Lênin, o armamento do povo é um fator essencial para a revolução. Os casos das revoluções Chinesa, Russa, Nicaraguense, Cubana serviram de embasamento para o debate.
A política de drogas no Brasil e no mundo foi outro tema de grande polêmica. Houve discordância sobre a política de legalização das drogas, a questão do tráfico e as maneiras de diminuir o uso e as consequências sociais das drogas. Debateu-se muito sobre o problema da repressão policial às drogas e a política de encarceramento da juventude negra e pobre.
O racismo das instituições do Estado capitalista esteve presente na conversa. Questionou-se o caráter das instituições e o por quê da seletividade na abordagem, por parte da polícia, das pessoas brancas e negras. Verificou-se o consenso de que o chavão repetido pela direita de que a “lei aplica-se para todos” é falso, uma vez que se a pessoa for rica e tiver como pagar, é praticamente impossível ser preso. Os pobres não têm essa opção.
Os jovens concordaram que o capital financeiro, isto é, os bancos, sangram cotidianamente os trabalhadores e são os responsáveis pela drenagem de grandes volumes de dinheiro público. A “reforma” da Previdência, segundo explicação dos militantes, é uma maneira de transferir bilhões de reais dos trabalhadores para o capital financeiro. Os modelos de previdência social, pública ou privada, foram discutidas.
Como não poderia deixar de ser, a atuação da polícia foi um tema de acalorado debate. Relatos de agressões, abusos de autoridade e prisões arbitrárias por parte da polícia são constantes.
Até o programa Escola Sem Partido (ESP) entrou na pauta da discussão. Os militantes procuraram explicar de que trata-se de uma política que visa cassar a liberdade de expressão nas escolas, uma vez que a discussão de temas como política, sexualidade e religião seriam proibidos e os professores perseguidos por canais de denúncias criados pela direita. Uns afirmavam que tratava-se de manter um ensino neutro, o que foi facilmente rebatido. Não há neutralidade no ensino e o professor é um ser social que carrega consigo suas opiniões, experiências e concepções políticas e filosóficas. Houve concordância de que o programa ESP é, na prática, a escola militar de Jair Bolsonaro, onde a esquerda é banida, não há atividade sindical e política e os professores são selecionados de acordo com o critério ideológico. Neste modelo, só pode trabalhar quem for de direita, conservador e do tipo “tradição, família e propriedade”. Portanto, a ESP e sua ideologia de neutralidade são uma farsa.
O governo Bolsonaro perpassou todo o debate. Percebia-se muita confusão política, causada pela propaganda política da extrema-direita nas redes sociais e pelas igrejas. Contudo, foi quase unânime a percepção de que o governo Bolsonaro é um problema para a população e não tem qualquer perspectiva para apresentar, no sentido de atender aos interesses populares. A campanha Fora Bolsonaro causou bastante simpatia entre os jovens.
Quando questionados sobre qual perspectiva apontavam, os militantes procuraram explicar a importância de formação dos Conselhos Populares para a organização do povo nos bairros e para impulsionar a mobilização popular. O esclarecimento político é o primeiro passo para a organização e mobilização.
Por fim, o socialismo esteve em pauta. Os militantes explicaram que o PCO luta por um governo operário, resultado da mobilização revolucionária das massas. O governo da classe operária, apoiado na organização política dos bairros, fábricas e do campo é o único caminho para atender todos os interesses vitais do povo. Os governos burgueses, mesmo os governos reformistas de esquerda, caso dos governos do PT, demonstraram suas profundas limitações, uma vez que buscaram realizar reformas sociais no quadro do sistema capitalista em favor dos trabalhadores. Com o golpe de Estado de 2016, essas reformas sociais foram desmontadas em umas poucas canetadas por Michel Temer e Jair Bolsonaro. Por isso, é preciso lutar pela mobilização popular que abrirá caminho para o governo operário, capaz de expropriar a burguesia, os bancos, os latifundiários e colocar todos os recursos necessários em prol dos interesses populares.