Em meio à epidemia do coronavírus, um dado chamou atenção, que foi o número de negros mortos pela doença em Chicago, Estados Unidos. Num local onde a quantidade de negros não chega a 25%, já, entre os mortos por coronavírus, são quase 60%, mais de 100 pessoas.
É preciso ressaltar que esses dados foram possíveis serem colhidos porque houveram testes para diagnosticar, pelo menos, os mortos. Estes testes sequer estão sendo feitos com os cadáveres no Brasil, os dados oficiais são totalmente subnotificados. O que está sendo apresentado pela imprensa burguesa é uma farsa.
Quer dizer, os números dos mortos entre a população negra e pobre brasileira é muito maior que o que está sendo apresentado pelos ditos órgãos oficiais. Isso por uma razão muito simples, a corda rompe no lado mais fraco. Obviamente, quem não tem os recursos necessários para resistir, por conta própria, à pandemia, vai padecer, e nem vai saber se foi coronavírus a causa.
Aqui, como em todo momento da luta do negro, é preciso se organizar para conseguir os mais elementares direitos do povo. O que o negro possui hoje é resultado de luta, muitas vezes, de morte na luta em torno de suas reivindicações mais básicas, como habitação, saúde, trabalho e educação.
Não existe outra fórmula para evitar o genocídio que o coronavírus anuncia. Ao contrário do que prega a esquerda pequeno-burguesa, sob comando da imprensa burguesa, a quarentena não vai salvar o povo pobre, e sim, sua mobilização.
O isolamento não funciona para o povo pobre pois, em muitos casos, o povo não tem sequer água para prover sua própria higiene. É uma dura realidade de várias favelas brasileiras. Além de outros problemas, como o saneamento básico, há muito abandonado pelos governos que odeiam o povo. Nesse campo, a tendência é o vírus se espalhar ainda mais rápido.
Isso sem mencionar toda a categoria de trabalhadores de manutenção urbana geral, como serviços de limpeza, elétricos, de água, etc. Motoristas, vigias, caixas de mercado, enfim, boa parte da classe trabalhadora está regularmente trabalhando, exposta ao vírus a cada momento.
Por outro lado tem os desempregados, os aposentados, moradores de rua, enfim, estão todos sem qualquer ajuda do Estado, seja de saúde seja qualquer outra. Além, é claro, dos presidiários, que certamente não terão mais que a repressão do Estado.
Cruzar os braços e esperar que os governantes, estes mesmos que apoiaram todo o golpe de Estado até aqui, resolvam o problema, é uma política desastrosa. Aguardar que Bolsonaro, Doria, Witzel etc. tomem as providências é totalmente ilusório, e é, finalmente, o que justifica a paralisia da esquerda: estão esperando o DEM, PSDB e afins resolverem o problema, pois essa esquerda classe média pode ficar em casa.
O povo negro, historicamente, tem conquistado suas reivindicações com luta. Não é diferente no caso do coronavírus e da crise econômica. Se não houver organização, como os conselhos populares que estão sendo criados, o resultado será desastroso para o povo trabalhador.