A queda de braço iniciada pelas divergências entre Flamengo e Globo a respeito do preço dos direitos de imagem do clube, o que tem feito os jogos do rubro negro no Campeonato Carioca não serem transmitidos, acaba de encontrar mais um campo de batalha, no caso a tragédia do Ninho do Urubu.
Essa tragédia se deu em fevereiro de 2019, quando crianças e adolescentes das categorias de base do Flamengo dormiam e foram surpreendidas por um incêndio, causando a morte de 10 destes e traumas para muitos sobreviventes. Não bastasse tal tragédia, os dirigentes do clube ainda demonstram falta de escrúpulos ao lidarem com vítimas e seus familiares. Muitos familiares alegam que recentemente foram barrados de entrarem no Ninho do Urubu para prestarem homenagens póstumas àqueles que faleceram na ocasião.
Além disso, recentemente dispensou-se um número grande de meninos que sobreviveram à tragédia, uma demonstração de falta de sensibilidade com aqueles que passaram por um trauma dessa profundidade. Por fim, a diretoria do clube não parece disposta a indenizar as famílias por valores que seriam o mínimo diante de perdas humanas.
Dito isso, a diretoria do clube parece estar coerente com seus posicionamentos recentes como a recusa em prestar homenagens póstumas ao ex remador do clube e militante assassinado na ditadura militar, Stuart Angel. Também está fazendo jus à sua bajulação aos fascistas Bolsonaro e Witzel. Logo não era de se esperar que agissem de modo diferente diante da morte de crianças, em maioria, oriundas de famílias operárias e negras
No entanto, recentemente uma fala de um apresentador de programa dominical da Globo sobre a indiferença dos dirigentes do Flamengo sobre a tragédia foi pontapé inicial para trocas de acusações entre o clube carioca e a Globo.
Na verdade a emissora da família Marinho pressiona o rubro-negro para aceitar sua proposta acerca dos seus direitos de transmissão. A mesma Rede Globo que hoje faz propaganda defendendo o agronegócio que assassina indígenas e famílias de pequenos agricultores, que defendeu abertamente o fim de direitos trabalhistas e sociais que protegiam minimamente famílias da classe trabalhadora, finge que agora que vai sentir compaixão pela morte de meninos pobres. Ou a burguesia por acaso não conhece consequência de seus atos? Não sabe que suas ações políticas também resultam em miséria e morte de crianças?
É preciso derrubar essa diretoria que tenta a todo modo manchar a história do clube e apoiar as torcidas organizadas que agem ou agirem nesse sentido. O clube de futebol precisa estar sob controle dos maiores interessados, os torcedores, as torcidas organizadas.