Não se vence um golpe de estado com votos, essa é a conclusão que se pode tirar do golpe de estado ocorrido na Bolívia esse ano, quando a extrema direita impulsionada pelo imperialismo e pela burguesia boliviana iniciou uma série de manifestações e ataques contra a população do país que havia eleito Evo Morales no primeiro turno.
Após as capitulações tanto de Evo Morales quanto do Movimiento al Socialismo (MAS), partido do qual Evo faz parte, que levaram o partido a desistir de qualquer tipo de mobilização da população, que chegou a dizer que estava preparada para uma guerra civil, o MAS poderá ser posto na ilegalidade pelo regime golpista, para garantir que os desejos da população não voltem ao governo, que apesar de todo o desgaste e capitulação, ainda apoia o partido, mesmo sem Evo Morales podendo concorrer.
Salvador Romero Ballivián, presidente do Supremo Tribunal Eleitoral da Bolívia, analisará nas próximas semanas dois pedidos de anulação do partido, que é acusado de manipular as últimas eleições. Isso serve de lição para a esquerda brasileira, que abdica da luta contra Bolsonaro para focar nas eleições tanto de 2020, quanto de 2022, deixando de lado o fato de que a esquerda nunca chegou a ganhar a maioria das eleições municipais em toda sua história, além do fato de que nosso país também passou por um golpe de estado, em 2016 e nossas eleições de 2018 também foram fraudadas quando Lula foi preso para que não participasse.
A única coisa que pode colocar fim a um golpe de estado é a mobilização da população. Ficar quieto e esperar passar, bem como pensar que aqueles que deram um golpe aceitariam os votos da próxima vez, ou que existirá uma próxima vez para que hajam eleições, é cair no mesmo erro que os bolivianos do MAS e jogar todo o peso de uma ditadura nas costas da parte mais pobre da população, a classe trabalhadora.