Neste final de semana, os indígenas do estado do Maranhão sofreram um forte ataque que resultou no assassinato de dois cacique e quatro gravemente feridos numa emboscada após uma reunião na Terra Indígena Cana Brava e foram atacados por pistoleiros em uma motocicleta as margens da BR-226 próximo à aldeia El Betel, no município de Jenipapo dos Vieiras.
A emboscada e os assassinatos dos Caciques, Firmino Silvino Guajajara e Raimundo Bernice Guajajara, geraram enorme comoção e setores da esquerda, em particular do governador Flávio Dino (PCdoB), tratou de tomar medidas que vão agravar a violência contra os indígenas.
Dias antes, o governador Flávio Dino vendo a situação se agravar e as denúncias de ataques dos latifundiários se avolumarem tomou a decisão de assinar o decreto ‘Força-Tarefa de Proteção à Vida Indígena (FT-Vida)’. O decreto prevê a ‘atuação emergencial em casos de ameaça ou violação de direitos em terras indígenas’ e essa força tarefa será formada pela Polícia Militar, Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros do estado do Maranhão coordenada pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-MA) e Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop).
A criação de uma Força-Tarefa formada por policiais civis e militares não vão resolver minimamente o problema dos indígenas com os latifundiários e grileiros de terra que tentam invadir as terras indígenas e atacar a população que vive no local. A situação tende se agravar ainda mais contra os indígenas e a esquerda tem que entender esse problema fundamental.
Como vimos no massacre em Paraisópolis, em São Paulo, onde a PM matou 9 jovens em um baile funk, as forças de repressão do estado estão muito longe de proteger o cidadão e seus direitos.
Polícia Militar e Civil não são mecanismos de defesa dos indígenas
O próprio exemplo vem do Maranhão. Em 2017, durante uma desocupação forçada realizada por latifundiários no município de Viana, a Polícia Militar estava presente e nada fez para evitar o massacre que resultou em 10 indígenas Gamela feridos, alguns em estado grave, onde um indígena teve a mão decepada.
As cenas foram vistas a distância pela PM que nada fez para impedir o ataque dos latifundiários e ainda serviu para dar proteção aos jagunços e aos fazendeiros nos atos criminosos contra os indígenas da etnia Gamela que lutam pela demarcação de seu território na região.
Flávio Dino e a esquerda que apoia o envio de mais policiais para a região se esquecem que as forças de repressão são justamente para atuar como braço armado em defesa dos interesses de latifundiários, grileiros de terras, madeireiros e mineradora. Por isso, sempre reprimem os povos indígenas, não investigam casos de violência e não defendem as terras indígenas. É uma questão fundamental para entender a situação e a quem serve as forças policiais.
E exemplos não faltam. Outro bom exemplo sobre a atuação das forças policiais é a Terra Indígena Tupinambá de Olivença, na região de Ilhéus na Bahia. Os Tupinambá sofrem com a perseguição da Polícia Federal, Militar e Civil, inclusive com o envolvimento de policiais em crime cometidos contra os indígenas.
Não é coincidência que a extrema direita toma as mesmas medidas do governador Flávio Dino. O ministro da justiça Sérgio Moro anunciou que irá aumentar o efetivo da Polícia Federal na região e enviar a Força Nacional de Segurança (FNS).
A solução é que os indígenas tenham condições de se defender da violência do latifúndio
Diante dessa situação, os indígenas só podem garantir a segurança de seus pares, seus direitos e seu território. E não resta a menor dúvida sobre isso, pois são os maiores interessados e estão sofrendo da violência no dia-a-dia.
Essa tendência a se defender se concretizou com a formação dos grupos de autodefesa chamados Guardiões da Floresta, onde os indígenas fazem a segurança das aldeias e grupos que atuam dentro de suas terras fazendo a ronda e expulsando os pistoleiros a mando dos latifundiários.
Esses grupos de autodefesa é a solução contra essa onda de violência, tanto é assim que a pistolagem, incluindo a polícia, atua duramente contra esses grupos e são totalmente contrários.
O que a esquerda, e no caso o governador Flávio Dino, deveriam fazer é incentivar e equipar esses grupos para enfrentar a direita e o latifúndio. Isso se quiserem resolver a situação e não simplesmente fazer demagogia utilizando a polícia.