O mês de Novembro registrou a maior alta inflacionária desde 2015. O IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo – subiu em 0,51%. Uma parte desta alta se deve às carnes, que subiram em torno de 8%, mas outro fator menos comentado foi a alta nos preços da Loteria Federal, entre 40% e 66%. Em seguida, estão os reajustes na energia elétrica (2,15%), combustíveis (0,78%) e passagens aéreas (4,35%).
Não se deve ignorar o potencial da inflação como combustível para a revolta social. As altas de preços em 2015 foram um dos principais elementos usados pela oposição para insuflar os coxinhatos contra o governo. Os reajustes nos combustíveis serviram como estopim para desencadear as greves de caminhoneiros no Brasil, as revoltas dos coletes amarelos na França, a insurgência popular no Equador. Também as tarifas de transporte público insuflam movimentos de trabalhadores e estudantes.
A inflação é sentida diretamente sobre o bolso do trabalhador, que se vê estrangulado e endividado. Ao longo da história, foram momentos de hiperinflação que desencadearam massivas revoltas de trabalhadores, como por exemplo as que sucederam as duas guerras mundiais, a crise de 1929, as crises do petróleo da década de 1970 etc.
Este potencial revolucionário também pode sofrer uma reação contrarrevolucionária. Caso as lideranças populares e políticos de esquerda não acompanharem as demandas do movimento, capitulando ou formando bases de sustentação do regime “democrático” capitalista, agem para confundir e desorientar as massas. Esta desorientação abre espaço para lideranças da extrema-, com seus discursos demagógicos e populistas, mas diretos. Foram condutas assim que abriram espaço para a ascensão do nazifascismo no entre guerras e, novamente, a partir das “primaveras coloridas” da última década.
Passamos por um período de agudização da crise capitalista. A extrema-direita deixa claro seus métodos. Basicamente, ela dá um direcionamento para o sentimento de revolta produzido pela sociedade. A esquerda não pode se enganar com soluções fantasiosas, do tipo, “vamos para as eleições”. É preciso conduzir a revolta social da massa de trabalhadores na direção certa, contra seus exploradores, seus inimigos de classe, ou seja, a burguesia, tornando inviável sua atividade e tomando o controle do poder e dos meios de produção.