Em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, após uma ação da PM (Polícia Militar) realizada em um baile, 9 pessoas morreram. O evento aconteceu na madrugada de domingo (1º), e reunia milhares de pessoas durante o ocorrido no chamado baile DZ7.
Situado ao lado do Morumbi, bairro nobre da capital paulista na zona oeste, Paraisópolis possui cerca de 100 mil moradores.
Frequentadores do baile disseram que a PM cercou todas as saídas do local, e que esse cerco teria levado quem estava na rua a correr para uma viela, causando o tumulto.
Apesar de afirmarem que apurarão os “excessos”, o governador João Doria e o comandante-geral da PM Marcelo Vieira Salles, relataram a sucessão de fatos que levaram às mortes em Paraisópolis a partir da versão oferecida pelos policiais.“A letalidade não foi provocada pela Polícia Militar, e sim por bandidos que invadiram a área onde estava acontecendo o baile funk.
Denunciada junto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e à Organização das Nações Unidas (ONU), a Polícia Militar brasileira tem sido cada vez mais criticada por sua atuação. Balas de borracha, cassetetes, bombas de gás lacrimogênio e prisões arbitrárias. Essa tem sido a resposta da PM às manifestações populares que acontecem nas grandes cidades.
Estatísticas da Anistia Internacional, publicadas em 2015, confirmam essa realidade: 15,6% dos homicídios foram cometidos por policiais em 2014. De acordo com os dados, o Brasil é o país que tem o maior número geral de homicídios no mundo. O documento também aponta que policiais atiram em pessoas que já se renderam ou estão feridas, sem uma advertência que permitisse que o suspeito se entregasse. Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), apenas no primeiro semestre de 2016, policiais de folga, ou seja, sem farda, mataram 115 pessoas, o maior número dos últimos 11 anos. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2019 apresentou o relatório dizendo que, 11 em cada 100 mortes violentas intencionais foram provocadas pelas Polícias, 17 pessoas mortas por dia, 6.220 vítimas em 2018.
Os movimentos sociais erguem bandeiras pela desmilitarização da polícia, principalmente em resposta à atuação mais truculenta da PM na periferia, longe das principais ruas e avenidas do centro da cidade. Ali, o inimigo é, majoritariamente, a população pobre e negra.