No dia 27 de outubro de 2019, ocorrerão as eleições presidenciais argentinas. O atual presidente argentino, Mauricio Macri, se encontra afundado em uma enorme crise, o que torna as eleições deste ano um desafio para que o imperialismo continue sobre o controle do país latino.
A economia argentina está indo ladeira abaixo. Macri, que veio à tona como ícone de um “liberalismo econômico” de brinquedo, teve ele mesmo de congelar preços e tarifas para tentar conter a inflação. Esse estado de falência favoreceu a ex-presidenta argentina Cristina Kirchner, que teve sua popularidade aumentada e vinha aparecendo como líder nas pesquisas de intenção de voto para presidente da República.
Embora Kirchner fosse a candidata natural da esquerda burguesa, pois é muito mais popular do que qualquer político tradicional do regime político argentino, os peronistas decidiram lançar outro nome para concorrer à presidência: o jurista Alberto Ángel Fernández. Cristina Kirchner sairá como candidata a vice.
Alberto Fernández é descrito pela própria imprensa burguesa como um “camaleão ideológico”. De fato, Fernández começou sua carreira política em um pequeno agrupamento nacionalista de direita. Na década de 1980, fez parte do governo de Raúl Alfonsín (1983-1989). Alfonsín fazia parte da União Cívica Radical e quase matou a população argentina de fome, seguindo a política imposta pelos países imperialistas. Após o desastre do governo Alfonsín, Fernández migrou para o governo neoliberal de Carlos Menem (1989-1999).
Fernández começou a se relacionar com os setores mais esquerdistas do regime político ao participar da campanha presidencial de Néstor Kirchner. Em 2003, quando Kirchner chegou à presidência, Fernández se tornou seu chefe de gabinete.
O histórico de Fernández mostra que o candidato dos peronistas nas eleições de 2019 não é nenhum elemento verdadeiramente vinculado à luta dos trabalhadores argentinos. Fernández apenas decidiu se aproximar do kirchnerismo, que é uma ala mais à esquerda do peronismo, quando esta se mostrava capaz de vencer as eleições. Antes disso, o jurista não viu problemas em se juntar com os capachos do imperialismo que estiveram à frente do regime político argentino.
Apoiar um candidato mais “palatável” para a burguesia argentina não pode ser a alternativa dos trabalhadores para dissolver o regime político que foi estabelecido para massacrar a população. É necessário, portanto, ter uma política de enfrentamento, uma política que coloque as massas para se chocarem com a direita argentina.
No Brasil, o Partido dos Trabalhadores tomou uma decisão semelhante: sacrificou sua maior liderança para lançar a candidatura do também jurista Fernando Haddad. O resultado foi desastroso: a luta contra o golpe arrefeceu e a extrema-direita ganhou as eleições. Não é hora de acordo com os golpistas – é hora de aproveitar a crise do governo Macri para mobilizar os trabalhadores.