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Dono da Dolly continua denunciando: bloqueio de bens foi política de perseguição da Coca-cola

Laerte Codonho, proprietário dos Refrigerantes Dolly, protocolou duas ações de indenização contra quatro procuradores federais e oito de São Paulo em dezembro. Em 2018, esses agentes públicos pediram prisão preventiva do empresário e bloqueio judicial de seus bens sob acusação de sonegação de R$ 4 bilhões em impostos. Além do prejuízo à empresa, a ação do Ministério Público provocou a demissão de mais de 700 funcionários da fábrica de Tatuí (SP). Transcorridos oito meses – seis a mais que o prazo legal, os procuradores não ofereceram qualquer denúncia contra Codonho. A descontinuidade da ação confirma o caráter político e econômico do ataque do Ministério Público à Dolly e seu proprietário. Quando foi detido, Dolly exibiu um cartaz em que se lia: Preso pela Coca-Cola.

O caso da perseguição judicial ao concorrente brasileiro da empresa multinacional Coca-Cola é parte de um processo mais amplo de instrumentação do poder judiciário não apenas para a destruição dos setores nacionais com competitividade global, mas também do setor produtivo brasileiro em seu conjunto.

Pode-se dizer que tal processo iniciou-se de modo mais franco quando do surgimento da Operação Lava-Jato da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público (MP), interditando obras de refinarias, estaleiros etc., refreando o aumento da capacidade de produção petrolífera da Petrobrás e provocando uma profunda crise no setor da construção civil, encabeçadas pelas “campeãs nacionais” como a Odebrecht ou a Camargo Correia.

O ataque à economia nacional teve continuidade com outras ações do MP e da PF, como a Operação Carne Fraca, que significou um duro golpe à exportação de proteína animal e ao agronegócio em geral. Na última semana, o ministro da Economia do governo golpista de Bolsonaro, o Chicago boy Paulo Guedes, suspendeu a tarifa antidumping do leite: um ataque aberto à indústria de laticínios nacional.

O núcleo duro do golpe de Estado em curso é o Imperialismo global, que, capitaneado pelos banqueiros, logrou apoio circunstancial da burguesia local. Entretanto, se o regime preferencial do Imperialismo é a ditadura, sua serventia está não apenas na anulação das organizações políticas classe trabalhadora como também na aniquilação dos setores produtivos nacionais. Para a burguesia, em si, isso nunca foi problema: podem migrar com facilidade seu capital da produção para o mercado financeiro internacional. Os trabalhadores e a população em geral serão os grandes atingidos por tais ataques. A destruição do setor produtivo nacional leva ao aumento brutal do desemprego, à queda do poder aquisitivo, à generalização da miséria.

Além da fábrica em Tatuí (SP), com 700 funcionários, indústria Dolly emprega um total de 2000 trabalhadores, considerados seus parques industriais em São Bernardo e em Diadema (ABCD paulista). O lobby da Coca-Cola ou da Ambev junto ao Ministério Público seguramente está apenas em fase inicial. Juntos, esses monopólios são capazes de varrer do mapa a Dolly e seus empregados.

Cabe à classe trabalhadora, portanto, levantar-se contra a entrega da economia nacional ao estrangeiro pelos golpistas. Qualquer reação da burguesia local nesse sentido é circunstancial e facilmente debelada pela oferta de compra pelos grandes monopólios globais. Deve-se exigir a deposição imediata de Jair Bolsonaro, cujo gabinete golpista ascendeu ao poder por meio de um processo eleitoral fraudulento. Fora Bolsonaro e todos os golpistas!

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