Sábado (27), véspera das eleições, foi realizada uma carreata a favor do candidato do PT a presidente, Fernando Haddad, na cidade de Pacajus, região metropolitana de Fortaleza, Ceará. Enquanto a carreata passava pelas ruas do Centro, um militante do PT foi atingido a tiros por um bolsonarista e não resistiu aos ferimentos, morrendo antes de chegar ao hospital. O caso foi amplamente noticiado em um momento tenso de véspera eleitoral.
O atirador saiu de um Gol branco depois de emparelhar o carro onde a vítima, Charlione Lessa Albuquerque, de 23 anos, estava. O jovem assassinado era filho da secretária Nacional da Mulher Trabalhadora da CNTRV/CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Vestuário da CUT), Maria Regina Lessa. A polícia abriu uma investigação procurando uma execução, como se o crime não tivesse conotação política. É o que aparece nas notícias sobre o caso nas páginas da imprensa burguesa.
Uma testemunha do ocorrido que estava no local na hora da execução ouvida pelo Jornal da Causa Operária, no entanto, contou fatos que demonstram de forma inequívoca o caráter político desse crime. Antes de atirar, o assassino gritou palavras de ordem a favor de Jair Bolsonaro: “aqui é Bolsonaro porra!, vocês já perderam”. O crime dispersou a carreata, com muitas pessoas indo até o hospital para acompanhar a vítima.
Charlione tinha sido provocado no dia anterior, durante uma carreata a favor de Bolsonaro. Ele estava andando na rua quando cruzou com a carreata. Bolsonaristas arremessaram uma bandeira contra ele, que a rasgou e pisou em cima. Aparentemente, o crime do dia seguinte foi uma retaliação.
A investigação da polícia tenta contornar o fato de que o crime foi político, além de insinuar envolvimento da vítima de alguma forma com o crime, sugerindo que seria uma execução. É uma forma de tentar, de alguma forma, culpar e difamar a vítima, além de não esclarecer o crime. Isso não acontece por acaso. Além de ser um método tradicional da polícia por todo o país, vários carros privados de policiais no batalhão da cidade têm adesivos da candidatura de Bolsonaro. Portanto, neste assassinato político, a própria polícia tem um lado com o qual simpatiza. O criminoso fugiu do local depois de matar Charlione.