O golpe de Estado, que continua atuando diretamente nas eleições brasileiras, é parte de um grande plano imperialista para dominar as forças políticas nacionais. É de salutar importância a compreensão de que essas forças políticas, cooptadas pelos golpistas das mais diversas formas, se espalham desde a direita mais fascista e reacionária até à esquerda pequeno burguesa.
O PCdB, em seus histórico costume, serve às forças políticas imperialistas e aos setores mais conservadores da burguesia. A candidatura de Manuela D’Ávila é o ícone político mais cristalino dessa subserviência, haja visto que esse partido, nem em outros momentos de mais representatividade, nunca lançou uma candidatura à presidência da República na história do País, mas resolveu deixar de apoiar o candidato mais popular e apoiado pela maioria das organizações e ativistas da esquerda do País (inclusive de setores ligados a esse partido), justamente, quando a direita coloca Lula na cadeia e tenta impedir sua candidatura.
Neste momento, quando D’Ávila e outros dirigentes do PCdoB falam em abrir mão de sua própria candidatura em nome de uma suposta unidade da esquerda, na prática, ela quer abandonar Lula nas masmorras de Sérgio Moro em Curitiba e se aproximar do PDT e Ciro Gomes, cujo candidato à vice-presidente é o pato da Fiesp. Isso já foi deixado claro, inclusive por alguns dos principais dirigentes desse partido que apontam o ex-integrante da Arena, PMDB, PSDB, PPS, PROS etc. como o melhor candidato para a esquerda, da mesma forma que o fazem porta vozes da direita golpista, como Merval Pereira, da Rede Globo.
A esquerda não pode cair no “canto da sereia” e cogitar que Ciro e Manuela estejam de fato atuando pela “unidade na esquerda”, quando na realidade formam um molde com verniz democrático para o golpe sofrido pela população e o PT, nas figuras de Dilma e Lula.
O efeito concreto dessa declaração de Manuela D’Ávila é abandonar Lula e todo qualquer resquício de resistência do PT e os trabalhadores ao golpe de Estado. Essa candidatura, que ela diz abrir mão em nome dessa fajuta unidade, não representa nem 1% das intenções de voto, ou seja, o que pretende mesmo é alçar um direitista como Ciro Gomes (com menos de 5%) como candidato “da esquerda”, com uma “tinta vermelha” enganosamente emprestada pelo PC do B.
A luta contra o golpe e essas articulações rasteiras passa, necessariamente, pela luta para liberdade para Lula, pela anulação do impeachment, pelo fim da intervenção militar no Rio de Janeiro e pela defesa da candidatura de Lula, a única capaz de unificar os setores que lutam contra o regime golpista na luta pela sua derrota.