Na última quarta-feira (9), torcedores do Nacional, do Uruguai, vaiaram o minuto de silêncio contra o racismo antes da partida contra o Bahia, pela Copa Libertadores, no estádio Gran Parque Central, em Montevidéu. Logo após, aplaudiram com entusiasmo a homenagem ao ex-goleiro Manga, ídolo do Botafogo e também do clube uruguaio (por quem jogou entre 1969 e 1974). Manga faleceu na última terça-feira (8) aos 87 anos.
Durante o protesto da torcida contra o identitarismo, os jogadores de ambos os times se abraçaram no centro do campo, mas as vaias da torcida uruguaia ecoaram alto. O locutor anunciou o minuto de silêncio, ação padrão nas competições continentais, mas o público não aderiu. Já na homenagem à Manga, os aplausos foram acompanhados por faixas com o apelido do jogador, conhecido como “El Loco”, uma diferença de reações que marcou o jogo.
A CONMEBOL não comentou as vaias, mas reiterou que o minuto de silêncio é parte de uma campanha contra discriminação. O caso reflete um desgaste com iniciativas do gênero. Em 2023, torcedores do River Plate, da Argentina, também vaiaram gesto semelhante, segundo o diário esportivo argentino Olé.
Não houve desrespeito ao povo negro nem aos brasileiros no estádio. A homenagem à Manga, feita pelos próprios torcedores, deixou claro que as vaias não se dirigem a outra coisa, mas ao identitarismo, que enfrenta uma rejeição crescente, sobretudo nos meios operários, devido à premissa básica de calar o povo, sob os mais diversos pretextos e que tem nos torcedores de futebol um de seus maiores alvos para a campanha que, sem o enfrentamento devido, terminará impondo uma ditadura sobre a população.