Hélio Rocha

Possui graduação em Comunicação Social – Jornalismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2013). Atualmente é repórter de meio ambiente e direitos sociais em Plurale em Revista e correspondente em Pequim.

Colunista

The Fireman: heróis de uniforme e mangueira

A missão é simples de descrever, mas desesperadora na prática: apagar um incêndio colossal que consome um edifício, resgatar civis e sair vivo

Lançado em 1994 para o Super Nintendo, The Firemen, da Human Entertainment, é um daqueles jogos que parecem modestos à primeira vista, mas que escondem um conceito poderoso: o heroísmo que nasce do trabalho cotidiano. Nada de mundos mágicos, vampiros, zumbis ou guerras interestelares. Aqui, o inimigo é o fogo — e ele é mais do que suficiente para testar coragem, técnica e humanidade.

O jogador assume o papel de Pete, bombeiro experiente, acompanhado pelo parceiro Daniel. A missão é simples de descrever, mas desesperadora na prática: apagar um incêndio colossal que consome um edifício, resgatar civis e sair vivo. É um jogo de ação, mas com o peso de um combate real: sem armas letais, sem monstros, sem chefes alienígenas. Apenas labaredas, fumaça, calor e o relógio correndo contra você.

E talvez por isso seja tão singular. Porque videogames raramente celebram profissões como a dos bombeiros, da polícia comunitária ou de equipes médicas — aqueles que enfrentam, todos os dias, perigos que realmente nos ameaçam. É um heroísmo silencioso, longe do glamour das narrativas de fantasia. E The Firemen consegue transformar esse cotidiano extremo em aventura, sem precisar inventar novos apocalipses.

O perigo mais óbvio — e mais esquecido

Os videogames têm uma relação peculiar com o perigo. Muitas vezes, criam inimigos espetaculares: exércitos demoníacos, conspirações intergalácticas, deuses vingativos. Isso é divertido, claro, mas afasta a narrativa de um terreno que é igualmente fértil: o perigo concreto, presente, imediato.

Em The Firemen, não há um vilão maquiavélico. O fogo é a ameaça. Ele se espalha, bloqueia caminhos, ameaça vidas. Ele não negocia, não fala, não hesita. Cada sala do edifício é um campo de batalha diferente, e o jogador precisa agir com rapidez para conter as chamas, usar extintores, escolher rotas, proteger vítimas.

Esse tipo de desafio devolve ao jogador algo que raramente aparece em tramas grandiosas: a sensação de que o heroísmo pode ser uma questão de minutos bem usados, de uma decisão certa no momento certo. E que um ato heróico não precisa salvar o planeta — pode simplesmente salvar uma pessoa de um quarto tomado pela fumaça.

Heróis do cotidiano

O mais curioso é que jogos com essa abordagem são raros. Existem exceções: Emergency (PC), série de estratégia onde se controla equipes de resgate; Rescue Heroes, voltado ao público infantil; ou até Lifeline (PS2), que mistura suspense com comando de voz para proteger reféns. Mas, no geral, profissões como bombeiros, policiais de bairro ou paramédicos aparecem menos do que caçadores de monstros ou mercenários futuristas.

Em The Firemen, o heroísmo não vem de superpoderes. Pete e Daniel não têm barras de magia, não usam espadas ancestrais. Eles têm mangueiras, extintores, machados. E, mesmo assim, enfrentam um inimigo que pode matar em segundos. É uma lembrança poderosa de que os perigos mais letais não precisam de imaginação para existir — e de que quem os enfrenta merece tanto reconhecimento quanto os heróis fictícios.

O jogo transforma esse enfrentamento em mecânica divertida, mas mantém uma aura de respeito. Cada civil salvo é um momento de alívio. Cada obstáculo superado é mais do que pontuação: é parte de uma missão com propósito.

Vale a pena jogar The Firemen hoje?

Sim, e por mais de um motivo. The Firemen é um jogo curto, mas intenso, com controles simples e jogabilidade fluida. Seu visual é vibrante, o design dos incêndios é criativo, e a música mantém a tensão. Mas, acima de tudo, ele oferece algo raro: uma história onde o perigo é real, e o heroísmo é humano.

Jogar The Firemen é também um lembrete de que as grandes aventuras não precisam de planetas distantes ou magias esquecidas. Às vezes, o mais heróico é vestir o uniforme, entrar no fogo e não sair até que todos estejam seguros.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a deste Diário

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