A cidade de Cidreira, no interior do Rio Grande do Sul, foi novamente destruída no período das chuvas. Localizada no litoral norte do estado, o município vive uma situação dramática com enchentes e fortes temporais que atingem a região.
A prefeitura decretou situação de emergência, cancelando eventos como a 14ª edição da Chocopraia e a 10ª Feira do Livro. As aulas também foram suspensas.
O prefeito Beto do Litoral (PODE), eleito em 2024, assumiu o cargo já ciente de todos os transtornos que o período das chuvas poderia causar à cidade. Entre suas propostas está a seguinte promessa: “elaboração de projetos de construção de galerias pluviais visando resolver os problemas de alagamentos nos bairros.” Apesar dos alertas feitos ainda no período eleitoral e do histórico de enchentes — amplamente documentado nos planos diretores como problema crônico — nada foi feito.
A Defesa Civil, inclusive, havia alertado antecipadamente a prefeitura de Cidreira sobre a catástrofe. Mas a realidade é que o poder público municipal atuou apenas para remediar os danos depois das perdas já consumadas.
Como mostram diversos vídeos nas redes sociais, a cidade foi devastada pela enxurrada. Parte de sua infraestrutura foi destruída, incluindo vias públicas, construções, moradias e prédios públicos. Os alagamentos geraram danos generalizados e mais de 20 pedidos de resgate foram registrados apenas nos primeiros dias.
É preciso repetir o óbvio: as enchentes no Brasil não são causadas diretamente pelas chuvas, tampouco pelas chamadas “mudanças climáticas”. O verdadeiro responsável é a política neoliberal implementada por prefeitos e governadores que transferem os recursos públicos para os bancos e deixam as cidades abandonadas, sem investimentos em infraestrutura básica como drenagem, urbanização e modernização dos bairros.
A função de um governo é cuidar da cidade — ampliar galerias pluviais, evitar alagamentos, garantir moradia digna e preparar a população para as intempéries previsíveis. Ao contrário disso, o que se vê são administrações que assinam, conscientemente, as mortes e a destruição em troca da satisfação dos interesses do sistema financeiro e das suas próprias vantagens políticas. Depois que o caos — anunciado — se instala, não adianta posar de bom samaritano, vestir colete amarelo e fingir comoção.